A emotividade de uma Liga na qual os seus principais competidores se encontram separados por uma cadência mínima - Sporting na frente, Benfica a dois pontos, FC Porto a três pontos dos encarnados - não deixa espaço para erros ou desatenções. Foi tendo em vista essa máxima que o bicampeão nacional em título entrou na sua recepção ao Arouca, na qual cedo mostrou pretender resolver o resultado de forma determinada, passando as acções para a prática.

Logo nos primeiros minutos o Benfica passou a deixar claro que se encontra preparado para as maiores dificuldades da temporada, encarando os perigosos meses de Fevereiro e Março que reservam os decisivos duelos com FC Porto e Sporting e pelo meio a eliminatória europeia ante o Zenit, entrando a vencer com um tento apontado ao minuto 3 por Pizzi num eficiente remate em zona frontal após ter sido servido por Jonas.

Cunho pessoal de Rui Vitória começa a denotar-se neste motivado Benfica

Não demorou muito o 2-0, apontado em estilo por Kostas Mitroglou num toque de calcanhar que se seguiu a uma atempada movimentação do central Lisandro Lopez que se esgueirou à marcação contrária para servir o goleador grego com um toque de cabeça colocado precisamente à mercê do seu calcanhar para grande satisfação de Rui Vitória que começa a justificar o seu trabalho que o próprio técnico se viu a dada altura obrigado a defender.

Dizia há tempos o técnico encarnado que “ando há 30 anos no futebol e as pessoas pensam que cheguei aqui agora”, e essa capacidade competitiva do treinador do Benfica, o seu cunho pessoal, começam a manifestar-se no futebol ofensivo dos encarnados que com naturalidade chegaram ao 3-0 já no decorrer da segunda metade.

Num lance no qual as facilidades acabaram por ser tantas que Mitroglou e Jonas, uma vez mais a mais brilhante unidade benfiquista em campo pela simplicidade com que finaliza mas também pelos pormenores técnicos e movimentação de excelência, tendo ainda rubricado a assistência para o golo de Pizzi, quase se confundiram na disputa da posse de bola de forma a endossar o esférico no fundo das redes do desamparado Rafael Bracalli.

Até então irrepreensível, Lisandro falhou e permitiu um golo para o Arouca

Se será esta a exibição da jornada? Não saberemos, primeiramente pelo facto de Sporting e FC Porto realizarem os seus encontros após esta prestação e ainda pelo facto de ter surgido uma pequena ’mancha’ nesta exibição global que se verifica no ‘golo de honra’ do Arouca, apontado já em período de compensação pelo central venezuelano Sema Velasquez que irrompeu pela pequena área benfiquista num potente cabeceamento aproveitando uma falhá de marcação de Lisandro.

As facilidades permitidas por Lisandro, que até então vinha realizando uma prestação sem mácula, permitiram demasiado espaço muito bem aproveitado pelo defesa visitante que desta forma conseguiu reduzir a diferença para um 3-1 final que valeu uma ténue sensação de liderança - apenas duas horas no topo, face à vitória do Sporting logo depois. Mas não deixou de saber muito bem nas hostes da Luz.