Perante 40.000 adeptos nas bancadas, o Sporting cedeu à pressão crescente do Benfica e perdeu o primeiro lugar na Liga, partilhando agora o topo com as Águias, que seguem na frente devido ao goal average. Contra um Rio Ave aguerrido mas curto, o Sporting mostrou-se a nível muito comedido, ficando bastante aquém das expectativas da massa leonina, ansiosa pelos três pontos que permitissem ao leão voltar a liderar. 

Jesus estreou Coates e acabou com dupla de reforços de Janeiro no eixo defensivo

Jorge Jesus operou uma estreia absoluta e um regresso: o central uruguaio Sebastian Coates saltou directamente para o onze após reforçar o clube neste mercado de Janeiro e o colombiano Teo Gutiérrez, aposta sistemática de Jesus, voltou a fazer parelha com o goleador Islam Slimani. E foi o Sporting o primeiro a abrir as hostilidades, com Bryan Ruiz a ver negado o golo aos 11 minutos - mérito para o «keeper» Cássio. Slimani, um minuto depois, voltou a incomodar o brasileiro, que voltou a fechar o caminho das redes forasteiras.

O Rio Ave, que apostava na velocidade e imprevisibilidade do extremo Joris Kayembe e nas movimentações do avançado Yazalde, respondeu ao assédio leonino aos 23 minutos, com uma jogada de golo iminente: Adrien, pressionado, perdeu a bola, permitindo que Yazalde assistisse Kayembe, mas estes, isolado, permitiu a defesa de Rui Patrício. As ocasiões de golo sucediam-se a ritmo alucinante, com Adrien a perigar a baliza do Rio Ave após passe atrasado de Slimani. Decorria o minuto. A toada de jogo baixou e foi o médio Tarantini, aos 45 minutos, a sacudir a calmaria que se verificava, com um remate cruzado que Patrício defendeu.

Na segunda parte, ambas as equipas prometiam novos capítulos de futebol de ataque: aos 50 minutos, após centro direccionado para o segundo poste, Kayembe, novamente isolado, cabeceou de forma deficiente, permitindo uma bela reacção de Patrício, que desviou para canto. Aos 51 chegava a primeira contrariedade para Jesus: Paulo Oliveira, lesionado, abandonou as quatro linhas, sendo substituído pelo jovem Rúben Semedo, ficando os Leões a actuar com uma dupla de centrais totalmente resgatada em Janeiro. Mas o azar bateu de igual forma à porta vilacondense: Marcelo, magoado, foi substituído por Vilas Boas.

Depois de Cássio e Patrício brilharem, foi a vez do anti-jogo e do nervosismo caseiro

O jogo prosseguia com o Sporting a ganhar terreno nas trincheiras vilacondenses à medida que a formação de Pedro Martins se encolhia na própria área, consentindo o domínio caseiro e focando-se nas tarefas defensivas. Aos 60 minutos, gritou-se golo em Alvalade mas o juiz invalidou o golo de Coates, por falta, na sequência de um livre cobrado para o coração da área. Jesus não perdeu tempo e lançou a segunda estreia: Barcos, ponta-de-lança chegado há poucos dias, entrou em campo para substituir um apagado Teo Gutiérrez, autêntica sombra de avançado. Martins respondeu e lançou o extremo criativo Ukra.

O Sporting tentava, mas, sem ideias pertinentes nem rasgos técnicos, esbarrava na esforçada muralha do Rio Ave; Alvalade pressentia que a inoperância leonina poderia arrastar-se até final, e também Jesus o entendeu, resolvendo, por isso, jogar o trunfo Gelson Martins, de modo a imprimir maior velocidade e capacidade de drible ao Leão, que se perdia no marasmo das perdas de tempo constantes da equipa visitante. Aos 81, Gelson desperdiçou um centro açucarado de Ruiz, e cinco minutos depois, era Slimani a ficar perto do tento tão desejado. A inoperância ofensiva prolongou-se, de facto, até aos 90+6, altura em que o árbitro deu por terminado o jogo, perante o desalento dos adeptos leoninos.

Rio Ave suou para travar um Leão que não trouxe as suas garras afiadas

Num jogo ao qual não faltaram as hipóteses de golo, faltaram sim a eficácia e a pontaria, saindo ambas as equipas prejudicadas pelas suas próprias insuficiências. Kayembe, na cara de Patrício, falhou por duas vezes o golo, enquanto os Leões, pressionados pela sombra crescente da Águia, não demonstraram sangue frio para ultrapassar a oposição vilacondense. Com Teo sumido e Slimani cerradamente marcado, o Sporting não dispôs de brilharetes dos craques Adrien e João Mário que desequilibrassem a partida e ressentiu-se da falta de fulgor de Ruiz. O Rio Ave sai de Alvalade com um precioso ponto, tendo o mérito de travar o líder no seu próprio reduto, com positivas exibições de Cássio, Roderick e Tarantini.

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