O Benfica de Rui Vitória tem somado goleadas esta temporada, mas a verdade é que nos Clássicos com o Sporting e o FC Porto as coisas não têm sido propriamente semelhantes. Afinal de contas o que é que falta aos encarnados para ganharem aos rivais como têm feito com todas as outras equipas? 

À primeira ainda há desculpa

Primeiro jogo da temporada. Rui Vitória era o novato nas andanças dos grandes clubes e logo no primeiro jogo ia ter o teste de fogo, o Benfica chegava à Supertaça com o estatuto de bi-campeão. Do outro lado estava um Sporting fragilizado, ainda assim com o estatuto de vencedor da Taça de Portugal numa final emocionante com o Sporting de Braga, mas que agora contava com o antigo treinador encarnado no comando. Poderemos dizer que muitos foram os erros do Benfica nessa mesma partida: a falta de preparação, os azares, o facto de Jorge Jesus estar do lado contrário, a falta de estilo de jogo definido... e tantas outras coisas. A verdade é que os leões acabaram por levar a melhor. 

(Foto: Facebook oficial Sporting )
(Foto: Facebook oficial Sporting )


Este resultado acabou por deixar revoltados os adeptos do clube da Luz, mas ainda assim, todos tinham a noção da adaptação por que estava a passar o novo treinador encarnado. Adaptação essa que demorou a acontecer, mas a verdade é que, seja qual for a situação, nenhum dos intervenientes da partida estava à espera de voltar a casa com uma derrota. 

O azar, ou a falta de pontaria ? 

Pouco mais de 1 mês passado, o Benfica visitava o Estádio do Dragão, onde na época anterior conseguiu olhar de frente e vencer o FC Porto, era preciso vencer, isso era mais do que certo. Mas mais do que vencer, era a altura de Rui Vitória provar que a adaptação estava feita e que os 3 pontos podiam ser garantidos. E podiam é mesmo a palavra certa. 


Ao contrário do que aconteceu no jogo com o Sporting, o Benfica preparou o jogo, estava motivado e Rui Vitória mais do que adaptado. Os encarnados jogaram olhos-nos-olhos com os azuis e brancos. Se foi, ou não, falta de sorte, falta de pontaria ou uma noite com falta de inspiração por parte do ataque encarnado, isso ninguém sabe. A verdade é que perto do final da partida o Benfica continuava sem bater Casillas e quem não marca.... sofre. E André André fez juz ao bom pé direito e aos 86' bateu Júlio César. 

(Foto: SlBenfica.pt)
(Foto: SlBenfica.pt)


Mais um Clássico, mais uma derrota, mais 90 minutos sem um único golo marcado. O que é que afinal estava a correr mal? Desta vez o jogo foi bem preparado... terá sido mesmo azar ? 

O orgullho ferido

Era o tudo ou nada. O Sporting visitava a Luz, a mesma onde não vencia uma partida desde 2006, e depois de perder com os leões para a Supertaça era preciso voltar a mostrar aos vizinhos da 2ª circular quem é que afinal de contas é bi-campeão. O Benfica entrou em campo, teve uma oportunidade e o Sporting marcou 3 golos. Este seria o resumo do derby lisboeta se fosse pedido numa única frase. O Benfica esteve apático. Irreconhecível. Não foi capaz de dar resposta, não conseguiu criar ocasiões, não conseguiu ser o Benfica que os 60 mil que enchiam as bancadas queriam. Não conseguiu ser equipa e não só somou mais uma derrota, como ainda sofreu 3 e sem marcar nenhum. 

(Foto:SlBenfica.pt)
(Foto:SlBenfica.pt)

O orgulho estava ferido. Era preciso o Benfica ser humilde para entender o que é que, afinal de contas, estava a correr tão mal para que, em três jogos com 2 dos rivais terem sofrido seis golos sem resposta. Dos 3 grandes, os encarnados são, supostamente, aqueles que mais têm obrigação de vencer. São bi-campeões, conseguiram manter grande parte do plantel e ainda foram bucar Mitroglou. Alguma coisa não estava bem. Alguma coisa precisava de mudar e de preferência rapidamente, porque o sorteio da Taça de Portugal ditou um novo confronto entre grandes. 

Acreditar, mas pouco 

Há terceira tinha mesmo de ser de vez. O Benfica precisava mesmo de vencer o jogo, não só para continuar a caminhada para a próxima fase da prova rainha em Portugal, mas para provar aos adeptos que afinal de contas o Sporting com Jesus não os assusta. E nesse jogo até foram os encarnados a marcar primeiro, mas acabaram por permitir que os leões dessem a volta ao resultado. A diferença desta partida em relação às 3 anteriores foi não só golo, mas também a atitude presente em campo. 

(foto: SlBenfica.pt)
(foto: SlBenfica.pt)

Neste jogo já se viu uma notória vontade de vitória, algo que até agora ainda não tinha acontecido nos últimos 3 Clássicos. As àguias jogaram como puderam, tentaram reverter o resultado, mas a verdade é que a sorte acabou por não sorrir, após o primeiro golo do Sporting, a equipa de Rui Vitória voltou a não conseguir ter a reacção pedida. Voltou a ter medo, a não saber como lidar com a situação e a verdade é que a equipa de Jorge Jesus acabou por reverter o resultado no marcador e deixar o Benfica pelo caminho na prova mais conceituada do futebol português. 

Não foi por falta de tentativas 

Segunda volta do campeonato implica visitas contrárias. Desta vez era o FC Porto que visitava a Luz com um novo comandante de tropas. José Peseiro nunca antes tinha vencido um Clássico, nunca tinha vencido em casa encarnada em maos de 15 anos de carreira, e apesar de já ter vencido Rui Vitória num jogo entre o Sporting de Braga e Vitória de Guimarães. O favoritismo estava do lado vermelho: uma vitória implicava a permanência na liderança da tabela qualquer que fosse o resultado do jogo entre o Sporting e o Nacional da Madeira, o FC Porto vinha de duas derrotas consecutivas e chegava ao Estádio da Luz com Maicon e Marcano de fora. 

(foto: SlBenfica.pt)
(foto: SlBenfica.pt)

Estava tudo a favor do Benfica, com a excepção de Iker Casillas. Os encarnados marcaram primeiro, há semelhança com o que já tinha acontecido em Alvalade, e mais uma vez deixaram-se empatar. Nesta partida, a grande diferença está na atitude encarnada. Esteve mais do que evidente que o Benfica queria ganhar o jogo e mesmo depois dos azuis e brancos terem dado a volta ao resultado e a equipa de Rui Vitória estar a perder por 1-2 Jonas, Mitroglou, Gaitan e companhia não se deram por vencidos... Contas feitas, Peseiro fez história e a liderança foi perdida. Culpados? Só um. Iker Casillas que protagonizou as grandes defesas do jogo e negou todos os golos de todos os ângulos. 

E ainda falta mais um.... 

Uma vez mais, 2 golos em 5 jogos. A 5 de Março os encarnados visitam Alvalade pela segunda vez esta temporada num contexto muito diferente daquele que foi encontrado na ida à Luz ou naquele que foi visto no jogo para a Taça de Portugal. O Benfica está a 3 pontos da liderança, e se nenhuma das equipas perder pontos até lá, assim se manterá. Vai estar em jogo tudo. E desta vez Rui Vitória não pode vacilar. Desta vez o Benfica não pode deixar que o Sporting vença. Desta vez os encarnados vão precisar de vencer como nunca, (literalmente) uma vez que o saldo em golos com os rivais está tudo menos positivo. 


Os factores que podem (ou não) explicar 

Não há factores certos ou errados no saldo do Benfica nos Clássicos. Os resultados estão à vista, e em pelo menos 4 dos jogos , falam por si. Nos jogos com o Sporting poderá dizer-se que Jorge Jesus foi fundamental. O técnico verde e branco conhece, quase, todos os jogadores que fazem parte da equipa titular do Benfica e aqueles que ainda não conhece, já teve com certeza tempo de os estudar. Poderemos dizer que a presença de Jorge Jesus intimida os jogadores encarnados, podemos dizer que o facto de ter trocado o bi-campeão pelo outro lado da segunda circular afectou, e muito, a equipa de Rui Vitória. Poder? Podemos, mas isso não explica um único golo  em 3 jogos. 

Já no que diz respeito ao FC Porto, os encarnados poderão dizer apenas que foi azar...falta de sorte ou uma noite inspirada por parte da equipa contrária. A verdade é que falta menos de um mês para o último jogo do Benfica com um dos grandes, continuará o pesadelo, ou as 5 derrotas acabam por ser mais do que suficientes para perceber o que é que, de facto, correu mal ?