Ao longo do seu trajecto no futebol português, Jorge Jesus ajudou a formar grandes jogadores; todavia, é de notar que muitos destes jogavam na denominada "posição 6", como centrocampista mais recuado. Exemplos deste fenómeno são Matic, Javi Garcia ou Enzo Pérez, este último não sera trinco, contudo, Jesus transformou o argentino de um mero extremo para um centrocampista de excelência.

Seja a 6 seja a 8, o risco de um centrocampista se desenvolver de sobremaneira sobre a batuta de Jesus é bastante elevado. Caso visível já esta época é o de Adrien Silva, jogador que se tem vindo a revelar como essencial na dinâmica de jogo do Sporting.

Obviamente que, para um jogador crescer para patamares superiores, é necessário que o mesmo tenha potencial ou qualidade já demonstrada; os casos de William e Aquilani enquadram-se perfeitamente nestes dois parâmetros. O jovem português, apesar de já ter provas dadas, tem ainda uma margem de progressão considerável, e que certamente será explorada pelo seu treinador; já Aquilani é um jogador sem nada a provar, com um currículo recheado de triunfos a todos os níveis. Jesus não terá muito a ensinar ao italiano, exceputando a sua ideia de jogo, assim como as vicissitudes do futebol português.

Tendo em conta as características díspares de ambos, a comparação dos dois jogadores só pode ser feita quando ocupam a mesma posição no terreno. Assim, e tendo em conta a capacidade de Aquilani em ocupar as duas zonas do meio-campo de Jorge Jesus, recuaremos o italiano para terrenos mais recuados, habitat preferencial de William.

Aquilani e William Carvalho serão obrigatoriamente dois "6" diferentes. Se o português é mais fixo e oferece maior capacidade física e capacidade de destruição na luta feroz no meio-campo, o italiano faz uso da sua experiência, posicionamento e timming na leitura do jogo e tomada da melhor decisão; para além disso, Aquilani, mais habituado a zonas mais avançadas do terreno, tem maior propensão em avançar no terreno, podendo alternar esporadicamente com Adrien. A principal diferença nota-se, em termos técnicos, na meia-distância, algo onde o transalpino leva clara vantagem.

Todavia, e como não podia deixar de ser, jogadores de estirpe elevada acabam sempre por ter pontos em comum. Assim, William e Aquilani apresentam ambos uma frieza quase contagiante, assim como uma leitura, por vezes perfeita, do jogo e daquilo que o mesmo está prestes a proporcionar; tudo isto rematado, como não podia deixar de ser, num fino recorte técnico e capacidade e construção a partir de zonas mais recuadas do terreno.

Na próxima partida para o campeonato é provável que Aquilani ocupe o lugar do castigado William como médio mais recuado, algo a que o italiano já está habituado, já que ocupou aquela posição no ínicio da época aquando da lesão do internacional português.