Graças a um novo formato, os europeus de futebol daqui para a frente vão poder contar com a presença de mais seleções, o que vai dar a oportunidade de muitas disputarem a competição pela primeira vez. Um desses casos é a Albânia, uma das surpresas da fase de apuramento. Vejamos alguma da sua história e partes determinantes na sua caminhada até aqui.

Um apuramento surpreendente por parte de uma equipa muito lutadora e unida

A seleção albanesa ficou inserida no grupo I na fase de apuramento. Nesse grupo havia Portugal e Dinarmaca, duas seleções já com alguma história e presenças assíduas em Europeus. De resto, eram as duas grandes favoritas a garantirem a prensença em França. Nas dez participações anteriores em fases de apuramento, a Albânia ou era lanterna vermelha, ou ficava na penúltima posição. O seu melhor resultado havia sido um quinto lugar em 2008 dentro de um grupo com sete equipas.

Ora a Dinamarca acabou por desiludir. Assim sendo, a Sérvia, Arménia e Albânia candidatavam-se à segunda vaga; mas os dois primeiros desiludiram. Melhor para os albaneses, que ao empatarem nos dois jogos com a Dinamarca e ao ganharem à Arménia por 3-0 no último jogo, garantiram pela primeira vez na sua história um lungar num Europeu. Tudo isto protagonizado por uma equipa muito unida e lutadora que nunca se dá por vencida. Um apuramento sofrido e surpreendente, mas também com alguns momentos negros...

Sérvia - Albânia: História (negra) influencia futebol

Quem não se lembra do cancelamento da partida entre a Sérvia e a Albânia neste apuramento? Pois é, atrás de tudo isso há uma longa história.

Até o dia 14 de outubro de 2014, data desse tal jogo, a última vez que as duas seleções se tinham defrontado tinha sido a 12 de novembro de 1967. Nesse dia, os albaneses viriam a ser goleados 4-0 pela então Jugoslávia. Nesse longínquo ano de 1967 não havia indícios dos anos de terror que acompanhariam a Jugoslóvia e os Balcãs na décadas seguintes. A anexação do Kosovo por parte dos sérvios nessa altura, região que é de maioria étnica albanesa, é a principal causa de tudo isto. No entanto, na época, a diplomacia regida de maneira exemplar por Josip Tito garantia uma situação mais calma e por isso não houve grandes problemas. Vivia-se um ambiente estável e o futebol fluroscia.

No entanto, com a queda da Jugoslávia, as guerras na Croácia, na Bósnia e no Kosovo na década de 1990, o futebol sérvio e do resto da região entrou em decadência. Em 2008, o Kosovo, região que pertencia à Sérvia desde a década de 1910, declarou-se independente. Essa ação foi de imediato ignorada pela Sérvia mas contou com um aliado político importantíssimo, a Albânia. Enquanto os sérvios rejeitam fortemente a ideia da perda do Kosovo, os albaneses têm outro ideais. Isso acabou por influenciar o futebol e no dia de regresso da Albânia à Sérvia, viria a provocar confrontos tanto a nível de adeptos como jogadores, resultando no cancelamento do jogo.

A causa do drama e humilhação lusitana

Pode parecer brincadeira mas Portugal sofreu muito com esta equipa. No primeiro jogo deste apuramento, era de esperar que os portugueses conseguissem lidar facilmente com os albaneses, mas isso acabou por não acontecer. Apesar de naquela altura vencer a Albânia em casa ser uma obrigação, a «seleção das quinas» perdeu. Esta derrota viria a provocar um clima de tensão no seio da federação e na seleção portuguesa, e acabaria por resultar mais tarde na saída do até aqui selecionador, Paulo Bento.

Balaj foi o autor do único golo da partida.
Balaj foi o autor do único golo da partida.

Contudo, esta derrota envolve muito mais do que isso. Até esta partida, a Albânia só tinha conseguido vencer duas vezes em 42 jogos em fases de apuramento para Europeus. Tratou-se da primeira vitória albanesa sobre Portugal na história, em seis jogos. Para além de mais, desde 16 de outuro de 1976 que Portugal não perde em estreias de eliminatórias para Mundiais ou Europeus. Podemos considerar que foi uma autêntica humilhação.