24 horas depois do que estava inicialmente programado, Benfica e União encontraram-se no relvado do Estádio da Luz para a 24ª jornada da Primeira Liga Portuguesa. De um lado, Rui Vitória fez três alterações naquela que tem sido a estrutura base da equipa, poupando André Almeida e Renato Sanches, em perigo de falhar o derbi de Alvalade marcado para a próxima jornada, e fazendo entrar o estreante Grimaldo para o lugar do castigado Eliseu. Do outro, Norton de Matos fez alinhar aquele que tem sido o seu onze base nas últimas jornadas, apostando sobretudo na velocidade dos seus alas Amilton e Danilo Dias como forma de surpreender os encarnados. E a verdade é que o Benfica, sem forçar a nota, acabou por conseguir uma vitória meritória frente a um adversário competente, mas muito inferior ao conjunto benfiquista.

1ª parte: Gudiño só não parou o remate de Jonas

Frente a uma das poucas equipas para os quais tinha perdido pontos na 1ª volta do campeonato, o Benfica entrou decidido a resolver cedo a partida. Quando, aos quatro minutos de jogo, Jonas abriu o marcador, ainda muitos adeptos procuravam o seu lugar no estádio. Tudo simples, livre marcado por Pizzi, bola mal aliviada pela defesa insular e Jonas, como é seu apanágio, a não perdoar e a abrir o activo. O golo marcado cedo catapultou o Benfica para uma primeira boa meia hora de jogo onde, através de uma circulação de bola segura, o Benfica chegava com facilidade ao último reduto do União. Procurando acima de tudo jogar pelas faixas, o Benfica ia acumulando oportunidades perdidas frente a um muro chamado Raúl Gudiño. O jovem guarda-redes emprestado pelo Porto ao União mostrou-se sempre seguro entre os postes e deu mostras de ser um valor promissor do nosso campeonato. Que o diga Kostas Mitroglou, que por mais que uma vez viu os seus remates parados pelo guardião mexicano.

Foto: Facebook do SL Benfica
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Com o passar dos minutos, o União foi-se reorganizando tacticamente, formando um bloco baixo que procurava limitar as acções dos homens mais avançados do Benfica. Foi neste período que o União criou a sua melhor oportunidade de golo em todo o encontro, quando Amilton, isolado perante Júlio César, viu o internacional brasileiro cortar in extremis aquele que poderia ter sido o golo do empate para os Madeirenses. Até final da primeira parte, destaque apenas para mais uma flagrante oportunidade perdida por Pizzi na cara de Gudiño, após um magistral passe de ruptura de Nico Gaitán.

2ª parte: Controlar até Jonas sentenciar

A segunda parte trouxe-nos um Benfica menos intenso nas suas acções. Em vez de procurar a velocidade de Gaitán e Pizzi pelas alas, os encarnados procuraram quase sempre surpreender o União através do seu jogo interior. Frente ao bloco baixo do União, faltou aos encarnados uma maior intensidade de jogo, onde Talisca não justificou a aposta no onze, sendo uma sombra do que Renato Sanches tem dado ao futebol benfiquista. Neste ponto, importa destacar a falta de agressividade do brasileiro, que por diversas vezes viu-se perdido na primeira fase de construcção de jogo, e pouca clarividência acrescentou ao futebol do Benfica. Valeu aos encarnados Pizzi que, partindo da ala, assumia a meio-campo a batuta de todo o futebol encarnado, qual playmaker ditava leis, e por ele passaram praticamente todas as jogadas de perigo dos encarnados na partida.

Através de um futebol rendilhado, o Benfica procurava a dois toques surpreender as duas linhas defensivas do União. Era um jogo de paciência, assente numa boa circulação de bola e numa elevada posse, que todavia poucos resultados colhia. Rui Vitória viu do banco de suplentes que o Benfica precisava de velocidade para abrir o cofre forte em que se havia transformado a baliza à guarda de Gudiño, fazendo entrar Salvio para o lugar do apagado Talisca. E a verdade é que a substituição teve o condão de dar outra intensidade ao Benfica, que passou a ter em Salvio um elemento capaz de desequilibrar pela ala, quase sempre bem apoiado pelo também regressado Nelsón Semedo. Foi aliás numa dessas incursões de Nélson Semedo pelo corredor direito que quase surgiu o segundo golo encarnado, num centro remate do lateral português que quase terminou em golo. Depois foi Mitroglou num novo frente-a-frente com Gudiño a permitir mais uma enorme intervenção do jovem guarda-redes do União.

Foto: Facebook do SL Benfica
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Os minutos iam passando e Norton de Matos começava a acreditar que a sua equipa podia sair de Lisboa com algo mais que uma derrota. Quem não pensou da mesma forma foi o inevitável Jonas, que de forma subtil desviou uma bola de golo de Mitroglou para desta forma bisar no encontro e sentenciar a discussão do resultado. Toque de classe do brasileiro, naquele que foi o seu 26º golo em 24 jogos para a Liga. Números estratosféricos que fazem do ponta-de-lança brasileiro líder isolado na luta pela bota de ouro europeia, deixando para trás dois nomes pesados do futebol europeu como Luis Suárez e Gonzalo Higuain. Até final, o Benfica limitou-se a controlar os acontecimentos, não permitindo quaisquer veleidades ao União, que, apesar de se ter batido bem, deixou bem ciente a enorme diferença qualitativa existente entre os dois conjuntos.

A cinco dias do grande derbi de Lisboa, o Benfica reaproximou-se da liderança, fruto do empate do Sporting em Guimarães, ficando a somente um ponto do primeiro lugar. Aos encarnados cabe agora a missão de dizer "presente" no quarto encontro desta temporada frente aos seus eternos rivais da segunda circular, e demonstrar, frente a um grande, os argumentos que tem demonstrado ao longo de todo o campeonato. Das bancadas, os adeptos despediram-se da equipa, pedindo a conquista do 35º campeonato em vésperas de um dos jogos mais importantes da época para as águias. Cabe agora a Gaitán, Mitroglou, Renato Sanches, Jonas e companhia mostrarem Sábado todo o seu potencial e alimentarem ainda mais as ilusões de toda a nação benfiquista. 

Foto: Facebook do SL Benfica
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