O País de Gales participou pela última vez numa grande competição internacional em 1958, no Campeonato do Mundo, na Suécia, e inspirado por Charles John atingiu os quartos-de-final. Alcançou os quartos-de-final do Campeonato da Europa de 1976, mas foi batido pela Jugoslávia na eliminatória a duas mãos e falhou a presença na fase final, a quatro equipas. Desde então o país teve jogadores de enorme classe, como Ian Rush e Ryan Giggs, mas que nunca conseguiram representar o país ao mais alto nível. No entanto, graças aos sete golos de Gareth Bale na qualificação para o Euro 2016, está de regresso a um grande torneio de seleções, após 58 anos de jejum. A Jugoslávia revelou-se sempre o principal carrasco de Gales, impedindo a participação na fase final com quatro selecções do Campeonato da Europa de 1976 e travando os “dragões” na qualificação para a fase final de 1984. A vitória no último jogo em casa teria dado o apuramento aos galeses, mas Mehmed Bazdarević fez o empate aos 81 minutos e permitiu aos visitantes garantir a vaga na fase final.

Gales só voltou a estar perto do apuramento no Euro 2004. As esperanças no “play-off” com a Rússia cresceram significativamente após o nulo conseguido em Moscovo, mas uma derrota em casa custou a qualificação. A campanha para o Euro 2012 foi mais conturbada do que o habitual, já que os resultados promissores em campo foram ofuscados pela morte de Gary Speed, em Novembro de 2011.

O treinador Chris Coleman foi um defesa sólido formado no Manchester City mas começou a carreira sénior no clube da sua cidade natal, o Swansea, onde conquistou a Taça do País de Gales em 1989 e 1991. Somou a primeira de 32 internacionalizações por Gales quando representava o Crystal Palace, por quem ocasionalmente jogou como ponta-de-lança, antes de, em 1995, ingressar no então campeão inglês Blackburn Rovers, onde passou duas épocas marcadas por lesões. A sua carreira de jogador terminou em 2001, quando representava o Fulham, após ter partido uma perna num acidente de viação, mas passou a fazer parte do quadro de treinadores do clube, onde assumiu o cargo de técnico principal em 2003, após um período bem-sucedido como treinador interino. Após deixar o Fulham, em 2007, Coleman rumou ao estrangeiro, primeiro para orientar a Real Sociedad e depois o Larissa, com uma passagem pelo Coventry City pelo meio. Contratado como selecionador de Gales em Janeiro de 2012, após a morte de Gary Speed, seu antigo companheiro de equipa, Coleman renovou contrato em Novembro de 2013, por mais dois anos, com o objetivo de dirigir a selecção durante a fase de apuramento para o Euro 2016, competição para a qual garantiu a qualificação.

Gareth Bale é o jogador mais caro da história do futebol e a grande figura da seleção do País de Gales. Bale destacou-se ao serviço do Tottenham na Champions League de 2010/11 e tornou-se no jogador mais caro do mundo quando foi contratado pelo Real Madrid, no Verão de 2013, por uma verba que terá rondado os 100 milhões de euros. Bale tem conseguido, aos 26 anos, gerir de forma sensacional a pressão de jogar na capital espanhola e, ao mesmo tempo, ser a grande figura da renascida seleção do País de Gales. Com um futebol alicerçado na força e numa velocidade vertiginosa, poderá bater uma série de recordes internacionais nos próximos anos. A modéstia que mostra fora de campo só reforça a sua popularidade com a grande figura da seleção galesa. É a grande figura da equipa e só a sua presença em campo já deixa muitas vezes o País de Gales em vantagem psicológica sobre os adversários. Apontou os golos decisivos nas vitórias sobre Andorra, Bélgica e Chipre ao jogar livre no apoio ao ponta-de-lança e permitiu ao seu país terminar no segundo lugar do Grupo B. Bale é um galês orgulhoso e apaixonado, o símbolo de um grupo de jogadores que é considerado como a geração de ouro do País de Gales. “É uma motivação para todos os jogadores que chegam à equipa”, afirmou o selecionador Coleman depois de Bale bisar frente a Chipre em Março de 2015. “Sabemos tudo aquilo que nos pode dar e é uma daquelas pessoas que nunca nos deixa ficar mal”.

O País de Gales foi a terceira seleção a disputar um jogo oficial, quando foi batido por 4-0 pela Escócia num encontro particular em Partick, a 25 de Março de 1876. A equipa era totalmente amadora e incluía dois advogados, um comerciante de madeira, um soldado, um pedreiro, um mineiro e o defesa William Williams, que fazia coberturas de chaminés.