Julen Lopetegui foi despedido no dia 8 de Janeiro de 2016 e, na altura, a demora em contratar um substituto por parte de Pinto da Costa fez os portistas acreditarem que um grande treinador adaptaria a lenda da fénix ao dragão, renascendo das cinzas ainda mais forte. André Villas Boas e Marco Silva eram os mais desejados pela nação portista, mas quem aterrou na Invicta foi José Peseiro, um treinador que tem um histórico de quase glória que rapidamente passa a desilusão no futebol português.

As equipas de Peseiro têm sempre a sua identidade bem vincada, são equipas que procuram fazer o jogo perfeito. Um jogo de posse no último terço adversário mas, ao mesmo tempo, um jogo vertiginosa que procura sempre apanhar o adversário de surpresa. Defensivamente as equipas de Peseiro têm sempre a mesma pecha: procuram fazer uma pressão sufocante ao adversário mas deixam muito espaço entre os médios e os defesas, o que dá aso a muitos momentos de superioridade numérica a quem ataca e, quando assim é, não há defesa que aguente, por melhor que seja o posicionamento treinado.

O treinador ribatejano aterrou na Invicta num momento muito ingrato. A eliminação na fase de grupos da Liga dos Campeões foi um golpe furo no orgulho tripeiro mas, mais que isso, obrigou a ajustamentos financeiros. O plantel dos dragões, a partir de Janeiro, ficou mais barato, mas muito mais limitado em termos de potencial qualidade, mas sobretudo de quantidade (entraram Suk, Marega e José Sá e sairam Gudiño, Maicon, Cissokho, Cristian Tello e Dani Osvaldo).

O resultado, para já, do reinado de José Peseiro (que entrou com a promessa por parte de Pinto da Costa de que tinha sido contratado para o fim desta época mas também da próxima) são 6 derrotas em 13 jogos e a perda de duas frentes. 

Ainda assim, a análise estatística que apresentámos é, na opinião da VAVEL Portugal, um pouco cruel e redutora. 

Hoje, o FC Porto é uma equipa muito melhor do que era com Lopetegui. José Peseiro conseguiu, em muito pouco tempo e com poucos recursos, vincar uma nova identidade na equipa do FC Porto tornando-a mais espetacular, crente em si mesma e objetiva.

José Peseiro não trouxe melhoras aos dragões (Foto: sabado.pt)

É inegável que, a partir de dada altura, tornou-se inevitável para os dragões um foco mais intenso no campeonato já que, na Taça de Portugal a final estava mais ou menos assegurada e que, na Liga Europa, era muito difícil competir com um Borussia de Dortmund que é, sem dúvida, mais equipa.

A raça com que os portistas foram ganhando os seus pontos em jogos como o Estoril-FC Porto ou o FC Moreirense-FC Porto deixava os adeptos felizes mas, ao mesmo tempo, desconfiados. O FC Porto, como qualquer equipa de Peseiro, arrisca demasiado a defender e põe-se a jeito para resultados como a derrota caseira frente ao Arouca.

No dia 12 de Fevereiro chegou o verdadeiro. O FC Porto jogava, na Luz, todas as suas possibilidades no campeonato. Um jogo de grande personalidade levou o FC Porto a uma vitória épica e, de um momento para o outro, os azuis-e-brancos estavam a três pontos da liderança (que na prática eram 2 devido ao confronto direto com o Benfica) com 12 jornadas para jogar.

O sonho ganhava forma!

O campeonato estava completamente relançado e prometia ser um dos mais competitivos de sempre porque quer Benfica, quer Sporting, quer FC Porto tinham motivos reais para acreditar no sucesso.

O sonho da Invicta estava a ser delicioso mas os adeptos tão depressa se puseram no sonho, como bateram com a cabeça na mesa da cabeceira e acordaram. Hoje, com 8 jornadas para jogar, é praticamente impossível vencer o campeonato. Peseiro, num jogo apenas, desfez-se de tudo de bom que já tinha feito. O campeonato ainda não acabou mas, depois da derrota categórica que sofreu em Braga, o melhor para os dragões é lutar pelo segundo lugar e dar tudo na final da Taça contra o Braga de Paulo Fonseca. Terminar a época com um título e uma presença na fase de grupos da próxima edição da Liga dos Campeões assegurada já não seria, no contexto atual um final muito mau.