Depois de ter sofrido uma derrota de 0-1 em solo turco, o incansável SC Braga abalroou sem apelo nem agrado, o Fenerbahçe por 4 bolas a 1. Os heróis da partida foram Hassan, Josué, Stoiljkovic e, principalmente Rafa que foi o espelho de que em Portugal se formam estrelas sem ser necessário recorrer a muitos cifrões. Os turcos orientados pelo treinador Vitor Pereira terminaram a partida reduzidos a 8 unidades e nem mesmo o estratega português escapou à expulsão. O único golo dos forasteiros foi marcado por Potuk, mas o destino quis oferecer o passaporte para o sorteio dos quartos de final da Liga Europa ao único representante lusitano em prova, o incrível Sporting Clube de Braga que ficará a saber esta Sexta-feira qual o próximo obstáculo que terá de ultrapassar para manter vivo o sonho de chegar à final da prova. 

Primeira parte: Hassan, o rosto da revolta da injustiça

Com cerca de 15 000 guerreiros nas bancadas do Estádio AXA, o Braga jogou a sua sorte na Europa sem poder contar com Ricardo Ferreira por lesão e Luis Carlos por castigo. Com Bruno Alves e Nani no 11 de Vitor Pereira, o Fenerbahçe iniciou o duelo em alta pressão e van Persie bem ao seu estilo protagonizou o primeiro lance de apuro. O Braga acusou nervosismo nos instantes iniciais mas ainda assim relevo para o lateral Baiano que foi um autêntico extremo a dinamizar o ataque minhoto. Os guerreiros do Minho mostraram a garra lusa ao minuto 11 e sacudiram a pressão turca. Depois de um lance bem desenhado de Vukcevic valeu o passe para golo. O montenegrino encontrou Hassan e na cara das redes o avançado atirou e empatou a eliminatória justamente. Pouco depois, Van Persie ficou perto da emenda mas valeu a valente defesa arsenalista. Com o golo, o Braga cresceu na partida com foco para Mauro e Vukcevic que preencheram o centro do terreno de forma intensa bloqueando o miolo turco. O talentoso Nani esteve muitos furos abaixo do habitual valendo a forte marcação defensiva do Braga.

Foto: Facebook do SC Braga
Foto: Facebook do SC Braga

Os arsenalistas dominaram o jogo até ao intervalo e nem mesmo os craques do Fenerbahçe incomodaram os bracarenses. Rafa e Josué subiram de rendimento no decorrer da primeira metade mas faltou maior pressing na hora de servir os avançados. Em cima do intervalo, Vitor Pereira ao seu estilo protestou com o árbitro e foi expulso. O treinador lusitano percebeu que a sua equipa foi uma nulidade e agarrou-se a protestos ao juiz da partida. Apesar da nulidade, Nani resolveu fugir como um foguete na ala esquerda encontrando Potuk solto para gelar o AXA com o 1-1. Antes do apito, Hassan quase bisou mas no caminho da bola estiveram os defesas turcos a impedirem o segundo festejo. O Braga foi para as cabines com um sabor amargo, resultado da injustiça sofrida ao cair do pano da primeira parte depois de ter dominado estrategicamente um Fenerbahçe que teve a sorte de contar com um lance mágico de Nani.

Segunda parte: a história escreve-se pelos guerreiros do minho 

A precisar de 2 golos para eliminar os turcos, os pupilos de Paulo Fonseca entraram com alma e Josué podia ter dado melhor direcção a um lance que o mesmo inventou. Na marcação de um canto ao minuto 53, Willy Boly subiu bem alto e ficou muito perto do tento com um cabeceamento por cima da trave. Já na bancada do AXA depois da expulsão, Vitor Pereira deu instruções para a sua equipa descer as linhas e com o decorrer da segunda parte o anti-jogo turco enervou a ambição bracarense. Em contra-ataque, Nani driblou 3 arsenalistas com uma técnica incrível mas o remate saiu a centímetros do poste. No lance a seguir, Topal foi expulso por falta na área e o Braga ganhou uma grande penalidade. Na conversão, o pé esquerdo de Josué não vacilou e colocou o score em 2-1 a pouco mais de 20 minutos do fim. A alma guerreira sentiu-se nas bancadas e a equipa do Braga ficou a 1 golo de se apurar e com mais uma unidade nas 4 linhas. A troca de bola arsenalista empurrou os turcos para o seu reduto e mostrou que é a equipa que queria realmente seguir na competição.

Foto: Facebook do SC Braga
Foto: Facebook do SC Braga

O colectivo de Paulo Fonseca representou as cores das quinas com uma perseverança soberba e ao minuto 74, Stoiljkovic colocou os minhotos no caminho dos quartos de final. O avançado bracarense surgiu de forma matreira entre os defesas turcos e deu colorido a um resultado que a alma lusitana tanto merecia. Pouco depois, Hassan levou ao desespero todos os presentes na pedreira ao falhar um golo cantado que poderia matar a eliminatória. Ao minuto 82, o artista, o mago, o Dali da pedreira Rafa desenhou um quadro lindo fintando de forma incrível Bruno Alves dando um toque subtil ao esférico que só parou no fundo das redes do Fenerbahçe. A poucos instantes do fim, Potuk agrediu o oponente e viu a cartolina vermelha  deixando os turcos reduzidos a 9 elementos. De cabeça perdida, o Fenerbahçe ficou incomodado com os “olés” que ouviu nas bancadas Volkan Sen viu também a cartolina vermelha, deixando a sua equipa a jogar com 8 elementos nos 6 minutos de compensação que o juiz da partida deu. 

A epopeia guerreira do SC Braga conheceu esta Quinta-feira mais um episódio fenomenal e o 4-1 foi um resultado manifestamente justo, brindando todos os portugueses com um apuramento para os quartos de final da Liga Europa verdadeiramente extraordinário. O Fenerbahçe bebeu um veneno merecido sofrendo uma lição nítida de que não é por investir milhões que se constrói um colectivo forte. A união minhota mostrou que vale mais do que qualquer individualidade. Só depois do Braga ganhar colectivamente o jogo emergiu o génio de Rafa que protagonizou a obra de arte do duelo fixando a eliminatória em 4-2 depois do 0-1 da primeira mão. Os guerreiros já sonham com a batalha final, mas por agora resta aguardar pelo sorteio desta Sexta-feira dos quartos de final da Liga Europa.

Foto: Facebook do SC Braga
Foto: Facebook do SC Braga