A excelente forma demonstrada pelo Benfica, tanto na Liga como na Liga dos Campeões, são prova de que o plantel está forte. Por um lado, as águias lideram o campeonato após uma recuperação na qual muitos não acreditavam, e veêm rubricando exibições de alto nível, com as quais foi também possível vencer desafios complicados como a deslocação ao terreno do principal rival Sporting. Por outro lado, tem sido internacionalmente elogiada a prestação dos encarnados na Liga dos Campeões, na qual discute com o poderoso Bayern a passagem à meia-final.
Em todas as posições a águia mostra estar bem servida, em especial nas alas ofensivas, às quais ainda se juntará mais um reforço na próxima época… e logo 'resgatado' no outro lado da 2ª Circular, o que ainda faz crescer a expectativa sobre o que poderá fazer André Carrillo com a camisola encarnada. Pelo menos no momento da sua contratação, o peruano já fez História, pois tornou-se na primeira aquisição do Benfica a ser anunciada oficialmente pelo Sporting através de comunicado.
É certo que tal situação apenas foi possível por obrigações regulamentares. No entanto, não deixa de constituir uma excelente 'apresentação' para um futebolista que, a menos de três meses de se juntar ao novo clube, protagoniza agora uma dúvida que se impõe, tendo em conta o elevadíssimo rendimento dos seus futuros rivais por um lugar na equipa titular: qual lugar terá Carrillo no Benfica para além do de expoente máximo de um despique extremado em queixas e processos?
Carrillo foi a continuidade de uma guerra iniciada com a mudança de Jorge Jesus
Tudo começou, como se sabe, com a saída de Jorge Jesus da Luz, com o surpreendente anúncio de que o técnico iria mesmo para Alvalade num rol de acusações mútuas, que tiveram o seu início ainda na época transacta. Recordem-se os comentários do Sporting direccionados ao rival, apontando benefícios nas arbitragens ou 'jogadas de bastidores' como o impedimento propositado da utilização de jogadores cedidos ao Belenenses.
Iniciada a temporada, passou a discutir-se o enorme investimento que os leões depositaram na contratação de Jesus, que causou estranheza tendo em conta que o Benfica, detentor de um maior fulgor em termos financeiros, terá abdicado do treinador em grande parte pelo grande esforço a que o seu vencimento obriga. Carrillo surgiu depois, já no seio de uma guerra aberta que não parece já ter limites.
Para já, é apenas esse o seu lugar para o Benfica - o de um futebolista que correu riscos enormes e que se encontra parado há meses, para apenas a partir de Julho poder apresentar-se no Caixa Futebol Campus, para o que será a mais importante etapa da sua carreira. Até lá, o máximo a que Carrillo poderá aspirar é apresentar-se diariamente na Academia Sporting, em Alcochete, a fim de manter a sua condição física.
Esperanças benfiquistas passam por exponenciar ao máximo o potencial do peruano
Depois disso… ninguém sabe, nem mesmo o próprio jogador, que depende essencialmente da sua capacidade de se mostrar entre os melhores, a fim de garantir o seu lugar num conjunto que vem sucessivamente batendo rivais de qualidade que apresentam as suas melhores e mais fortes armas, sem sucesso prático. Que o diga, por exemplo, o Sp. Braga, que a realizar uma excelente temporada acabou copiosamente goleado na Luz…
Potencial, todos sabem que André Carrillo possui, e qualidade na prática também. Resta saber se o extremo conseguirá render a um nível semelhante e mesmo acima do que realizava em Alvalade, com o desafio de se juntar a promessas como Renato Sanches.
Tal como Renato, uma opção imediata para a Selecção Nacional com apenas 18 anos, Carrillo parece ter sido contratado como mais uma das garantias de continuidade do projecto benfiquista, que aponta para o presente, mas acima de tudo numa perspectiva de longo prazo. Esse sim, parece ser o seu papel.