De repositor a goleador

Nascido em famílias humildes, Liedson começou a trabalhar num supermercado em Valença, na Bahia. Apesar do gosto pelo futebol, o brasileiro preferia não arriscar enverdar pelo mundo do desporto-rei, sob pena de perder o rendimento fixo que recebia enquanto repositor no supermercado. Contudo, quis o destino que tal acontecesse; após um torneio local, o «Levezinho» acabou por assinar o seu primeiro contrato profissional, já com 21 anos. Daí o avançado continuou a subir a montanha do futebol canarinho, alcançando clubes como o Flamengo ou o Corinthians.

Foi precisamente no clube paulista que Liedson chamou à atenção de alguns clubes europeus. Aquele que demonstrou maior interesse foi o Dínamo de Kiev, contudo, o negócio com o clube ucraniano não aconteceu, e foi então que surgiu o Sporting. Em 2003, estava dado o passo para o futebol europeu.

Um verdadeiro 31

Liedson não demorou a mostrar serviço no Sporting. Depois de uma estreia diante do FC Porto onde pouco tempo teve para se mostrar, Liedson foi lançado por Fernando Santos no jogo seguinte diante do Nacional. Curiosamente a camisola do avançado trazia o "s" ao contrário e, como o jogo lhe correu de feição, Liedson viu nesse episódio um amuleto; a partir daí o seu nome apareceria sempre daquela maneira nas suas camisolas.

No que a golos diz respeito, os números falam por si: 183 golos marcados, 11 dos quais contra o rival Benfica, e dois títulos de melhor marcador do campeonato. A nível externo, o «Levezinho» é ainda hoje o melhor marcador do Sporting em provas internacionais (26). Contudo, e apesar dos vários golos, Liedson nunca conseguiu sagrar-se campeão nacional de leão ao peito, tendo conquistado duas Taças de Portugal e duas Supertaças. Quanto à Europa, Liedson esteve na equipa que, em 2004/2005, perdeu a final da Taça UEFA, em Alvalade, diante do CSKA de Moscovo.

Traição e selecção

A meio da época 2009/2010 Liedson regressou ao Brasil para voltar ao Corinthians, isto sem antes se despedir de dos adeptos do Sporting, depois do último jogo de leão ao peito. Pelo microfone, e para que todos ouvissem, o baiano deixou uma mensagem de agradecimento carregada de emoção, emoção esta que alastrou para as bancadas.

Contudo, não demoraria até que Liedson regresasse a Portugal; contudo, o avançado brasileiro voltou, mas para vestir as cores do FC Porto, ajudando à conquista do título nacional para os dragões em 2012/2013. Após mais de oito anos de leão ao peito, alguns adeptos sportinguistas não perdoam esta atitude daquele que viam como um ídolo em Alvalade.

Foto: ASF
Foto: ASF

Para além disso, e após mais de seis anos em Portugal, o «Levezinho» adquiriu a dupla-nacionalidade, sendo assim elegível para a selecção portuguesa. Numa equipa carente de referências ofensivas, Liedson acabou por ser chamado para representar as cores lusas no Campeonato do Mundo de 2010 na África do Sul. Na prova, o avançado marcou um dos golos da goleada diante da Coreia do Norte, numa das suas 15 internacionalizações pela equipa das quinas.

Goste-se ou não de Liedson, é indubitável afirmar que o brasileiro foi uma das figuras do futebol português, dentro e fora de campo. Apesar de tudo isso, na memória de todos, sportinguistas principalmente, ficarão os golos de um grande jogador.

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