No fecho da jornada 30 do campeonato português, Benfica e Vitória de Setúbal encontram-se no Estádio da Luz num encontro de importância vital para ambas as equipas. Do lado dos encarnados, Rui Vitória poderá contar novamente com as suas principais armas ofensivas, Jonas, Nico Gaitán e Kostas Mitroglou, depois de estes terem estado ausentes das suas escolhas no jogo a meio da semana frente ao Bayern de Munique a contar para a Liga dos Campeões Europeus. Por sua vez, a turma sadina, comandada por Quim Machado, irá tentar garantir uma vitória que por fim garanta, embora que virtualmente, a tão desejada permanência no principal escalão do futebol nacional.

Vitória de Setúbal 2-4 Benfica – Benfica em crescendo cumpriu no Bonfim

Jogava-se a 13ª jornada do campeonato quando Vitória de Setúbal e Benfica se encontraram no Bonfim. Do lado dos encarnados, o Benfica começava por fim a dar sinais de uma maior competitividade, alicerçado pelas alterações tácticas levadas a cabo por Rui Vitória na equipa, com as inclusões de Pizzi e Renato Sanches na equipa titular. Alterações estas que garantiram à equipa uma maior coesão táctica, e principalmente um maior controlo de jogo a meio-campo.

Em Setúbal o Benfica acabou por levar de vencida o Vitória, numa partida onde imperou a lei do mais forte. Pese a boa réplica dos comandados de Quim Machado, que deram sempre mostras da sua qualidade ofensiva, principalmente através das incursões de Suk e André Claro pelas faixas, mas o Benfica acabou por impor a sua qualidade, num jogo onde Jonas e Mitroglou mostraram o porquê de serem das duplas mais eficazes por essa Europa fora, tendo apontado três dos quatro golos encarnados, isto após Pizzi ter inaugurado o marcador. Pelos sadinos marcaram Vasco Costa e Suk, terminando o jogo com a vitória do Benfica por esclarecedores 4-2.

Benfica: Vencer para recuperar a liderança

Cinco dias após ter dito adeus à Liga dos Campeões, após o empate 2-2 na Luz frente ao Bayern, o Benfica centra agora todas as suas atenções no principal objectivo da temporada: a revalidação do título de campeão nacional. Quando, em Dezembro passado, os encarnados foram ao Bonfim vencer o Vitória por 4-2, eram ainda uma equipa em crescendo de forma, e num processo de consolidação de uma nova identidade futebolística. Para se ter uma percepção da evolução encarnada no campeonato, basta verificar que à entrada para o jogo no Bonfim o Benfica distava sete pontos do primeiro lugar, ocupado na altura pelo Sporting de Jorge Jesus, estando ainda a cinco pontos do segundo classificado Futebol Clube do Porto.

Porém, paulatinamente os encarnados foram encontrando o seu rumo, e os bons resultados e exibições começaram a surgir. Mérito a Rui Vitória que soube ser paciente, e conseguiu introduzir na equipa o seu cunho pessoal, dando por fim aos encarnados uma ideia de jogo mais consolidada, assente num maior controlo das operações, num futebol de maior posse em detrimento da verticalidade que caracterizou o futebol ofensivo dos encarnados nas últimas temporadas.

O Benfica é o melhor ataque do campeonato, com 78 golos marcados // Foto: Facebook do SL Benfica
O Benfica é o melhor ataque do campeonato, com 78 golos marcados // Foto: Facebook do SL Benfica

O Benfica é hoje uma equipa adulta, que sabe encarar todos os momentos de jogo. Se do ponto de vista ofensivo a equipa continua a demonstrar todo o seu potencial, como o comprova o estatuto de melhor ataque do campeonato com 78 golos marcados em 29 jogos no campeonato, é defensivamente que a equipa mais tem evoluído. Defensivamente os encarnados são hoje uma equipa bem mais segura, não permitindo grandes veleidades aos seus adversários. Isto sucede porque Rui Vitória conseguiu unir mais a equipa, e deste modo os espaços entre linhas deixaram de surgir com tanta facilidade. A mudança de paradigma táctico da equipa encarnada acabou por se traduzir num crescendo de forma que levou os encarnados ao topo do campeonato, levando os seus adeptos a acreditar cada vez mais no tri-campeonato.

Assim, mais logo do lado dos encarnados, Rui Vitória poderá contar novamente com Gaitán, Jonas e Mitroglou, depois de estes terem estado ausentes no jogo a meio da semana frente ao Bayern. Será assim um Benfica na máxima força, aquele que defrontará o Setúbal no relvado da Luz, sendo certo que apenas a conquista dos três pontos permitirá aos encarnados retomar a liderança do campeonato nacional. Assim, o Benfica deverá alinhar com aquele que tem sido o seu onze base nas últimas partidas, com Ederson na baliza, tendo à sua frente um quarteto defensivo formado por André Almeida, Lindelof, Jardel e Eliseu. A meio-campo é certa a presença de Renato Sanches, faltando apenas saber quem ocupará o lugar de trinco na equipa, se Fejsa ou Samaris. Face ao desgaste do jogo de quarta-feira contra o Bayern será mais provável que seja Samaris o eleito, poupando Rui Vitória o sérvio para a recta final do campeonato. Nas faixas, Pizzi e Gaitán terão a missão de desequilibrar a defensiva sadina, ficando o ataque a cargo dos homem golo Jonas e Mitroglou, pese o bom momento vivido por Jiménez.

Samaris deverá ser opção de Rui Vitória, em detrimento de Fejsa // Foto: Facebook do SL Benfica
Samaris deverá ser opção de Rui Vitória, em detrimento de Fejsa // Foto: Facebook do SL Benfica

Vitória de Setúbal: A queda a pique do Setúbal

Depois de uma primeira volta de grande nível, o Setúbal tem vindo a cair a pique na tabela classificativa. Neste ponto basta verificar que entre o jogo da primeira volta e o encontro desta segunda-feira com o Benfica, os sadinos somaram apenas mais onze pontos no campeonato e caíram do 7º para o 13º lugar, estando apenas cinco pontos acima da linha de água. Para esta nova realidade muito contribuíram as saídas de Rúben Semedo e Suk no mercado de Inverno, jogadores que se revelaram figuras chave no bom desempenho da equipa na primeira volta do campeonato. Todavia, a queda de forma abrupta do Setúbal não se explica unicamente pela perda de duas das suas principais figuras. Se, durante a primeira volta, a equipa setubalense demonstrava uma boa dinâmica ofensiva, com uma interessante verticalidade de processos, assente nas incursões dos seus alas no ataque, actualmente o Vitória é uma equipa muito mais previsível, onde o seu futebol já não denota nem a mobilidade nem a velocidade em transições que detinha num passado recente. Para este ponto muito contribuiu também a baixa de forma de jogadores como André Claro, ou André Horta, que não têm dado à equipa o contributo esperado.

Apesar do momento menos bom da equipa, o Vitória de Setúbal sabe que uma vitória garantirá muito provavelmente a manutenção na primeira liga portuguesa. Razão mais que suficiente para encarar com outro espírito a recta final do campeonato. Deste modo, Quim Machado deverá fazer alinhar mais logo um onze próximo daquele que tem sido a sua equipa tipo nas últimas partidas do campeonato, com Ricardo na baliza, um quarteto defensivo formado por William Alves, Frederico Venâncio, Miguel Lourenço e Nuno Pinto. A meio-campo, e face ao maior poderio do Benfica, não é descabida a inclusão de Paulo Tavares na equipa, de forma a dar ao conjunto sadino uma maior capacidade de pressão sobre o portador da bola. Assim, o meio-campo deverá ser preenchido por Paulo Tavares, Arnold e Fábio Pachedo, figurando nas alas os já habituais André Claro e André Horta. Lá na frente, Salim Cissé deverá ser o eleito para comandar o ataque vitoriano na busca de golos que garantam aos setubalenses um bom resultado no Estádio da Luz.

O Setúbal entrará em campo para lutar pelos 3 pontos // Foto: Facebook do SL Benfica
O Setúbal entrará em campo para lutar pelos 3 pontos // Foto: Facebook do SL Benfica

No fecho da jornada 30, o Vitória procurará garantir um bom resultado pese o maior favoritismo encarnado. Do lado do Benfica, apenas a vitória interessa, de forma a retomar a liderança isolada do campeonato nacional. Isto numa altura em que o campeonato entrou decisivamente na sua recta final, e onde o Sporting assumiu no Sábado a liderança à condição, após ter vencido em Moreira de Cónegos o Moreirense por uma bola a zero. Cabe agora aos jogadores encarnados demonstrar em campo toda a sua superioridade competitiva, e alimentar ainda mais a onda encarnada que tem acompanhado a equipa nos últimos jogos, e que deverá estar representada na Luz num jogo que conta já com mais 55 mil bilhetes vendidos.