Os últimos anos de insucesso no que ao futebol sénior diz respeito - desde 2013, quando venceram a Supertaça Cândido de Oliveira, que os «dragões» não levantam um troféu oficial - ditaram uma mudança de política por parte da direção portista, criando condições para que a formação do Olival pudesse brilhar na equipa principal.

De facto, apesar de se tratar de um processo naturalmente moroso, as portas abriram-se e os portistas parecem começar agora a colher os frutos dessa aposta nos miúdos azuis e brancos, precisamente numa altura em que se fala em renovação do plantel de Peseiro. Exemplo disso são, sobretudo, três elementos que já aparentam figurar na mente de técnico como opções válidas para qualquer partida: Sérgio Oliveira, Rúben Neves e André Silva.

Sérgio Oliveira: regressar do Paços e esperar a sua vez

O primeiro jogador dos referidos, como, de resto, já tínhamos abordado aqui, em Vavel Portugal, está em clara afirmação e tem sido uma mais-valia nas recentes partidas do FC Porto.

Esquecido por Lopetegui, o médio a quem todos reconhecem uma enorme dedicação ao clube (o ex-técnico Henrique Calisto já referiu publicamente que Sérgio nunca se escondeu a vontade de representar os «dragões» como um sonho) foi aposta de Peseiro na sequência da derrota em Braga, brilhou em casa frente ao União da Madeira - considerado o melhor em campo pelos adeptos - e, desde então, caíu em graça nos corações dos adeptos azuis e brancos.

Em Setúbal, foi o maior responsável pela conquista dos três pontos, marcando o tento da vitória sobre os sadinos e voltou a merecer o destaque da imprensa, numa novela que se tem vindo a repetir, apesar do momento da equipa nem sempre ser digno de igual registo.

Com uma cláusula de 30 milhões de euros, já leva 14 jogos (6 na Liga) e 2 golos (um deles na Taça de Portugal).

Rúben Neves, "o novo Xabi Alonso"

É assim que o Daily Mail apelida o menino dos recordes. O mais jovem marcador na Liga, o mais jovem português na Liga dos Campeões e o mais jovem de sempre a carregar consigo a braçadeira de capitão na prova milionária dispensa grandes argumentos para justificar a sua inclusão neste trio de promessas.

Com apenas 19 anos e já internacional A por duas vezes, Rúben já foi considerado pelo jornal britânico como uma das 10 maiores promessas europeias, tem vindo a conquistar o seu espaço no miolo do onze portista e, quando assim é, resta apenas esperar que o tempo continue a confirmar a sua qualidade.

Esta época, o médio blindado com um cláusula de 40 milhões de euros já realizou 34 jogos pelo FC Porto (16 na Liga NOS 2015/16), tendo marcado apenas um golo, na Taça de Portugal.

André Silva, um ponta-de-lança em extinção

É outra das figuras do momento, na equipa de José Peseiro e pode ser o avançado que Portugal tanto procura. Com créditos dados na equipa B dos «dragões», Lopetegui achou por bem chamá-lo à equipa principal em Janeiro e, após quatro partidas em que alinhou como suplente utilizado na Liga (em Alvalade, na receção ao Rio Ave, em Guimarães e em Paços de Ferreira), o avançado conquistou, este domingo, a sua primeira titularidade pelo FC Porto.

Entre os quatro melhores marcadores da segunda liga, com 14 golos em 29 jogos, Silva ainda não fez o gosto ao pé pela primeira equipa (em grande parte devido à exibição monumental de Rui Silva, guarda-redes do Nacional, este domingo), mas tem sido apadrinhado pela massa associativa e recebeu uma ovação quando foi substituído: um claro sinal da confiança que os portistas depositam na sua inegável qualidade.

De resto, quem o confirma é João Pinho (guarda-redes do Oliveirense e uma das vítimas do matador formado no centro de treinos do Olival, ao serviço da equipa B), em declarações à Bola Branca:

«É um excelente jogador, muito possante. Não dá um lance como perdido e acredita sempre que pode fazer golo de qualquer lado. Contra a Oliveirense não actuou na posição dele, jogou descaído sobre uma das alas e fez sobressair muito o forte remate de pé direito e capacidade física. O seu porte vai seguramente trazer-lhe muitas valias. Com esta idade e com a excelente posição que já conquistou no FC Porto, tem um grande futuro», afirmou, confiante de que a sua imposição em definitivo no clube é uma questão de tempo.

«Notou-se bem a sua qualidade e o esforço que faz pela equipa. Na próxima época, em que vão todos fazer a pré-época juntos, será mais fácil para ele. Tenho a certeza que vai trabalhar para conquistar um lugar, até porque é essa a política do FC Porto», concluiu.

André Silva tem uma cláusula de rescisão fixada em 25 milhões de euros.

O tempo confirmará a aposta

A qualidade dos três elementos é indiscutível, a aposta de Pinto da Costa na formação foi clara e começa a surtir efeitos e a merecer o destaque da imprensa nacional.

Agora, resta esperar que o tempo jogue a favor dos jovens jogadores e da seleção nacional portuguesa e confirme, sem margem para dúvidas, a sua importância e afirmação no panorama nacional.

Como diz a expressão latina, Alea jacta est (os dados estão lançados).