Do final da época passada, logo depois da conquista do bicampeonato por parte do Benfica, até ao início da presente, bastou ser dada a conhecer a confirmação da saída de Lima para ‘soarem os alarmes’ na Luz pelo receio em relação à possibilidade do principal goleador da temporada encarnada, Jonas, vir a perder eficácia e baixar o rendimento referente ao número de golos precisamente por perder o companheiro de ataque com o qual manteve uma relação tão profícua.

Já no decorrer de Agosto, chegou Kostas Mitroglou. Muitas dúvidas pairavam sobre o sucesso desta dupla pois muitos apontavam que o internacional grego em nada se assemelhava a Lima e, pelo contrário, obrigaria Jonas a um trabalho superior e a um maior distanciamento da baliza pelo que por conseguinte seria provável um decréscimo visível no rendimento goleador do brasileiro. No fim de contas… nem por sombras!

Tendo em comparação as duas temporadas de Jonas - sendo que esta segunda ainda decorre - parece difícil perceber qual a melhor parceria até porque ao ter como ponto de análise o número de golos marcados esta época até está a ser mais produtiva para o 17 encarnado. Com um ‘bónus’ especial - na época transacta, Jonas não teve a oportunidade de sequer disputar a Liga dos Campeões; este ano chegou inclusivamente aos quartos-de-final.

Com Mitroglou ao seu lado, o craque brasileiro conseguiu até demonstrar ser capaz de fazer ‘trabalho de sapa’, tendo mesmo ajudado a contribuir para uma primeira mão frente ao todo-poderoso Bayern de Munique na qual o gigante bávaro sentiu problemas para marcar e foi possível manter em disputa a eliminatória para a segunda mão, realizada no Estádio da Luz.

Números atingidos por ambos não enganam - dupla entre Jonas e Mitroglou é letal

Não foi o Bayern que esteve normal ou aquém, foi o Benfica que demonstrou qualidade. Muito graças ao entendimento entre Jonas e Mitroglou, que tiveram o mérito de ajudar a criar a ideia de que o apuramento era mesmo possível de atingir e ao mesmo tempo a infelicidade de não poder fazer parte da decisiva segunda mão. Ainda hoje, nunca se saberá qual poderia ser o desfecho da eliminatória caso a dupla encarnada tivesse alinhado.

Mais importante do que tudo o resto, o facto de Jonas ser o artilheiro-mor deste Benfica não retirou espaço ao internacional pela Grécia que não se encontra minimamente na 'sombra' do seu companheiro. Ambos trabalham em simultâneo para si próprios sem esquecerem a noção de equipa trabalhando para a mesma sem o mínimo de hesitação:

O excelente trabalho de pressão elaborado por ambos os atacantes fez com que um gigante alemão como o Bayern tenha necessitado de empregar-se a fundo para afastar os encarnados da prova milionária de uma forma que, diga-se, nunca foi conseguido por Jonas emparelhado com Lima pelo facto de Jonas não ter sido inscrito nas provas europeias. Perdeu-se assim a principal possibilidade de comparação directa entre as duas duplas e apenas um facto pode ser tido como indesmentível: os números do grego impressionam ainda mais.

A explicação é simples e tem que ver com o facto de Lima já conhecer e ser detentor do seu espaço no momento em que chegou Jonas; ou seja, foi Jonas quem teve de adaptar-se a quem já estava, Lima, que com várias temporadas consecutivas na Luz era o detentor legítimo do seu lugar. No caso de Mitroglou, a química não foi imediata no sentido em que o grego não conquistou de imediato a titularidade, mas de qualquer forma arrancou para os actuais números numa época de estreia com a camisola encarnada, tendo atingido os números de um Lima adaptado na temporada que deveria servir de adaptação.


Ora, em menos de um ano a adaptação de 'Mitrogolo' está mais do que conseguida e o maior elogio e constatação de que Jonas e Mitroglou formam uma dupla absolutamente letal estará nas constantes declarações de Pep Guardiola antes e após os dois desafios entre o Bayern e as águias. Para que esta parelha tenha sido possível há que dar o maior mérito a Rui Vitória que na sua primeira temporada ao serviço das águias fez por merecer o respeito de todos e não teve pejo em lançar uma dupla tão boa ou até melhor que a da época que o antecedeu.

Dificuldades ultrapassadas jornada após jornada na Liga NOS sublinham a aposta de Rui Vitória

Uma das grandes vitórias… de Vitória foi precisamente essa: conseguir fazer melhor do que Jorge Jesus na consciencialização de que a Champions possui incomparáveis diferenças em relação à Liga NOS e que para um sucesso generalizado era preciso formar uma dupla ainda mais homogénea do que a anterior Jonas/Lima, uma dupla ciente de que as acesas marcações tanto se podem encontrar com o Bayern como frente à Académica - e isso foi mesmo conseguido.

Seja perante os milhões da Champions, seja perante as impiedosas marcações da Liga portuguesa, Jonas e Mitroglou trabalham em simultâneo, sem hierarquias, tal como um ano antes sucedia entre o mesmo Jonas e Lima e dessa forma o Benfica vem ultrapassando os desafios difíceis colocados pelas muralhas defensivas semanalmente colocadas perante o seu ataque no nosso Campeonato.

Desta forma, a águia vem sublinhando com sucessivas vitórias a liderança da prova numa disputa feita lado a lado com o Sporting e grande parte dessa satisfação terá que ver com a ligação entre brasileiro e grego, dois dos melhores marcadores desta edição da Liga sem que com isso Jonas, ou Mitroglou, tenham deixado de marcar golos.

Pelo contrário: neste momento Jonas lidera a classificação para a Bota de Ouro, a par de Cristiano Ronaldo. ’Coisa pouca’, que prova que ao lado de Mitroglou o internacional brasileiro se encontra confortável como nunca esteve, assim como o helénico é o jogador que mais golos marcou na 2ª parte da temporada em Portugal e tal como o seu companheiro se assume como um dos goleadores da temporada europeia…