“Ganhar na primeira época é um sonho”, assim declarava Gareth Bale em Lisboa, logo depois de vencer a sua primeira Liga dos Campeões. Hoje, já com duas Champions no currículo, certamente o extremo sonharia juntar-lhe também um título europeu e também no seu ano de estreia num certame internacional ao nível de selecções. Poderia Bale repetir a façanha de vencer uma grande competição contando com a inexperiência como adversária? Sim, embora a poderosa Bélgica procurasse provar a Bale e ao seu País de Gales que não.

Desde o início que os belgas procuraram dar mostras da sua superioridade e de que para além de serem os próximos adversários de Portugal seriam também merecedores do maior respeito de Cristiano Ronaldo e seus pares. E conseguiu-o, à lei da bomba quando aos 12 minutos o centrocampista Radja Nainggolan arrancou um fortíssimo remate que apenas terminou no fundo das redes galesas após ter sido solicitado pelo capitão Eden Hazard.

Fragilidade da defesa belga desequilibrou o desafio por completo

Vantagem justíssima para a Bélgica, que à atenção de Portugal, que não contará com a pressão e capacidade de corte de William Carvalho, dominava com facilidade no seu meio-campo ofensivo nos primeiros vinte minutos… até que aos 29 o País de Gales respondeu com o golo da igualdade obtido na marcação de um canto cobrado por Aaron Ramsey para o interior da área onde o capitão Ashley Williams tirou proveito da descoordenação entre Jason Denayer e Jordan Lukaku que o deixaram ‘perfeitamente’ isolado para cabecear com força e precisão para o 1-1.

A igualdade ajustava-se pela reacção que os galeses operaram nos últimos 25 minutos do primeiro tempo, deixando a nu as debilidades da defesa belga, ideais para Portugal e os seus atacantes capazes de punir cada espaço dado com golos e quem sabe de belo efeito como Nani e a superstar Ronaldo.

Tal como o fez Ramsey, que voltou a arrancar a assistência, e novamente a partir da direita, aos 54 minutos para que no interior da área perante Denayer e Thomas Meunier, Hal Robson-Kanu tenha arrancado um movimento clássico de ponta-de-lança, recebendo o esférico, ganhando posição numa finta de corpo e a atirar com potência fora do alcance do desamparado Thibaut Courtois para operar a reviravolta perante um conjunto belga com um meio-campo e ataque de fazer ‘água na boca’ mas uma defesa muito distante da qualidade exigível nesta fase do torneio.

Castigos a Davies e ao valioso Ramsey deverão enfraquecer o País de Gales ante Portugal

Aos 85’, a estocada final, com o 3-1 através de uma jogada bem ao estilo britânico: cruzamento de Chris Gunther pela - novamente! - ala direita para o cabeceamento do suplente utilizado Sam Vokes, bem colocado e a fugir ao alcance de Courtois. Passada esta disputa, será então o País de Gales a defrontar Portugal já na próxima 4ª feira em Lyon numa meia-final que se espera de máximo nível futebolístico e grau de competitividade… se bem que com os galeses privados de Ramsey (o melhor jogador em campo ante a Bélgica) e o também titularíssimo Ben Davies, ambos castigados.

Em vésperas confronto, pode bem dizer-se que Gales será um oponente digno de fazer parte do espectáculo e colocar-se como derradeiro obstáculo entre a Selecção Nacional e a final do Euro. Que estejam atentos os centrais portugueses, Pepe, José Fonte ou, quem sabe, Ricardo Carvalho que do alto do seu papel de porta-voz de experiência e anos a fio de provas como a Liga dos Campeões ainda poderá ter uma palavra a dizer nas contas da titularidade, aos atacantes galeses. No entanto, fica a ideia de que estrelas como Hazard, Lukaku ou De Bruyne seriam mais temíveis ainda…

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