Findo o período de preparação, o Benfica está agora a poucos dias do primeiro grande desafio da nova temporada. Perante o SC Braga, o tricampeão testará, a doer, as mudanças efectivadas na equipa e poderá não só avaliar os reforços como também medir a intensidade das ausências de Gaitán e Renato Sanches. Rui Vitória, que, ao contrário da época transacta, completou uma pré-temporada tranquila, tem já definida a estrutura titular da equipa e o onze inicial que subirá ao relvado na Supertaça dirá muito daquilo que será o Benfica nos próximos meses.

A progressão técnico-táctica é uma constante e, com o decorrer dos jogos, as opções do treinador irão sofrer metamorfoses, mas o onze inicial que defrontará o SC Braga determinará, para o arranque da temporada, quem são os intérpretes com que Rui Vitória se sente mais confiante a ir a jogo - e quem são, então, os jogadores que ganharam a confiança do técnico durante a pré-temporada? André Horta salta à vista. O jogador mostrou dinâmica ofensiva, pulmão e visão de jogo, trunfos que o diferenciam dos restantes médios (arrisco a dizer, até, de Danilo Barbosa).

Mas o jovem centrocampista não é o único a ter feito as delícias do treinador. O lateral esquerdo Grimaldo também mostrou capacidade para agarrar o lugar, não só pela regularidade apresentada mas também pela apetência ofensiva, potenciada pelas correrias vertiginosas pelo flanco, pelos cruzamentos teleguiados e até mesmo pela esmerada técnica na hora de executar livres directos. Estas serão, à partida, as duas novidades no onze titular encarnado - às quais se poderá juntar a inclusão do argentino Franco Cervi na faixa esqueda do ataque, dado que está longe de ser garantido.

O extremo argentino mostrou dotes tecnicistas e faro pela assistência, mas é ainda incerto que Rui Vitória confie plenamente na sua compreensão táctica, ainda para mais num jogo onde o adversário explorará as alas e obrigará a uma redobrada atenção defensiva e a uma consequente exímia ocupação dos espaços. Ainda mais duvidosa parece ser a titularidade do reforço André Carrillo: o peruano está ainda longe da melhor forma e, para o distanciar ainda mais do onze, o sistema táctico (4-4-2) deverá obrigar à inclusão de Pizzi na faixa direita, de modo a equilibrar o miolo.

Forte parece ser a possibilidade de Gonçalo Guedes voltar a figurar no onze inicial do Benfica, depois de um arranque 2015/2016 positivo, no qual foi peça importante (até mesmo em jogos de alto calibre na Champions League) mas ao qual se seguiria um ocaso prolongado que perduraria até final da temporada. O jovem extremo realizou uma pré-época produtiva e estará nas cogitações de Vitória para a faixa esquerda do ataque (apesar de se ter mostrado eloquente na frente de ataque em grande parte da pré-temporada). Previsível deverá ser a dupla de ataque: Jonas fará parelha com Mitroglou.

No que toca à defesa, salvo a entrada do espanhol ex-Barcelona para a equipa titular (a tardia chegada de Eliseu ao plantel ajudou à afirmação de Grimaldo), as escolhas de Rui Vitória não fugirão à lógica que imperou no melhor Benfica do ano passado: Lindelof e Jardel no eixo (caso o brasileiro recupere) e Nélson Semedo no lado direito, escolha mais que certa, dada a lesão facial de André Almeida (atirou o versátil jogador para a mesa de operações). Além de qualquer dúvida está a aposta total no talento de Ljubomir Fejsa para trancar o meio-campo: o melhor activo da pré-temporada tem lugar garantido no onze e a sua ausência apenas poderá ser explicada caso um contratempo físico obrigue ao lançamento, ou de Samaris ou de Celis.