Nesta altura provavelmente até o mais optimista dos adeptos do Arouca mentiria se garantisse muitas possibilidades de sucesso a este clube que vem sendo o mais recente caso de sucesso instantâneo no futebol português, passando no espaço de uma dezena de anos desde o futebol amador até junto à «maçaneta» da porta da internacional Liga Europa, encontrando no entanto pela frente um trinco bem reforçado e que muito possivelmente trancará para já a inédita entrada na competição como é o caso do campeão grego Olympiacos.

Poderá o playoff de acesso à Liga Europa comparar-se à… Taça CTT para o Arouca? Infelizmente para os arouquenses, pode, no sentido em que depois de terem em ocasiões anteriores disposto de oportunidades para se colocarem numa situação mais favorável e no final serem obrigados a apostar tudo numa verdadeira «final» perante um adversário visivelmente mais poderoso. No caso da portuguesa Taça da Liga, o Arouca chegou na época passada, em Janeiro, a dispor de uma possibilidade de chegar pela primeira vez na sua história a uma meia-final.

No entanto, após desperdiçar as ocasiões de vencer Paços de Ferreira em casa e o secundário Portimonense fora (não foi além de um empate e uma derrota por 4-1), acabou a depender de uma goleada sobre o Sporting que na verdade não chegou sequer a tentar apesar de os leões até se terem apresentado em Arouca com uma equipa secundária, ciente de que as suas possibilidades de apuramento não passavam de ínfimas.

Desvantagem da equipa portuguesa é facilmente justificável pelo potencial superior do seu rival

Neste caso, salvo as devidas - e são grandes - diferenças, o paralelismo que pode estender-se a esta eliminatória ante o Olympiacos encontra-se precisamente no facto de a grande oportunidade ter estado mais atrás, tal como na recepção ao Paços e a visita a Portimão pela Taça CTT, ambas certamente mais fáceis de vencer do que propriamente o Sporting.

Atendendo às dificuldades que seriam sempre muito elevadas, na teoria as maiores hipóteses arouquenses estariam no confronto relativo à primeira mão no qual as forças dos dois conjuntos poderiam ter sido mais igualadas, com o Arouca a poder utiizar o factor casa como ligeiro equalizador. Com uma ressalva: a valia futebolística do emblema da Grécia é incomparavelmente superior aos dois adversários acima mencionados… Mesmo como visitante e logicamente menos confortável, o campeão helénico acabou por superiorizar-se.

Mais do que vencer, o Olympiacos deixou no ar a ideia de uma superioridade que agora em Atenas a estatística e o poderio histórico parecem destinados a comprovar em campo, confirmando assim o natural apuramento da equipa favorita e mais poderosa sob todos os aspectos. No entanto, em futebol os favoritismos apenas se concretizam em campo e no outro lado o conjunto grego ainda terá também muito a provar aos seus adeptos; para começar, terá de mostrar que o apetite voraz quando joga como visitado nunca se perdeu.

Porém, Paulo Bento anda terá a pressão de corresponder à fasquia que Marco Silva colocou

Grande parte do mérito do histórico nacional conquistado meses antes do final da época se encontrou mesmo no poderio demonstrado pela «lenda» no seu reduto graças também ao imponente ambiente criado pelos adeptos que lhes são afectos e esteve aí boa parte da explicação para o sucesso de Marco Silva que apesar de ter optado por rescindir a ligação que mantinha com o clube grego certamente não terá dado por mal empregue o tempo e o trabalho realizados uma vez que deu uma projecção ainda maior á sua carreira.

Depois de ter deixado uma muito boa imagem do seu estilo e método de trabalho ao serviço do Sporting, onde um crasso erro de arbitragem o terá traído e negado uma presença nos oitavos-de-final na Liga dos Campeões logo na época de estreia, tanto em Alvalade como na própria prova milionária, Marco Silva atingiu o auge ao serviço do Olympiacos… embora tenha saído pela porta pequena (tal como no Sporting, de resto).

Quanto a Paulo Bento, logo verá o que o futuro lhe reserva, tendo certo que uma eliminação aos pés de um rival de potencial bastante inferior como o Arouca após uma vitória forasteira que garante ao gigante helénico um golo marcado fora como vantagem teria efeitos tão poderosos quanto os deuses do Olimpo - e possivelmente nem mesmo Zeus conseguiria manter por muito tempo o treinador português no cargo. Contas feitas, se o Arouca tem uma ‘montanha’ para escalar, o Olympiacos não estará imune à pressão de ser amplamente favorito.