Apesar de ter sido uma das mais surpreendentes contratações do Sporting para a nova temporada, a aquisição de Elias pelos leões num regresso que poucos esperariam acabou por ser pouco mediatizada acima de tudo porque com alguma naturalidade o brasileiro se tornou uma alternativa a Adrien Silva, o capitão de equipa leonino que regressou do Euro 2016 no qual se sagrou campeão europeu, esteve com um pé fora de Alvalade para assinar com o campeão inglês Leicester City mas nem assim perdeu o seu estatuto de intocável.

Numa fase em que a permanência do capitão era ainda uma incógnita, o leão avançou para Elias muito embora Jorge Jesus tenha já em devido momento referido que a contratação do centrocampista junto do Corinthians seria realizada com ou sem Adrien no plantel. Como acabou, aliás, por acontecer. No entanto, as suas prestações ao serviço dos verde-e-brancos fazem pairar a dúvida sobre se terá sido a melhor escolha entre aquelas que chegaram a ser aventadas como também parte das possíveis escolhas no mercado.

Assinale-se pois as negociações que chegaram a existir com o campeão mundial Bastien Schweinsteiger - admitidas pelo próprio médio alemão - que apesar da sua veterania seria ainda uma contratação de realce e uma introdução bem mais natural no modelo de jogo sportinguista do que propriamente Elias, que tem mostrado algumas dificuldades para desempenhar o papel que é normalmente atribuído a Adrien. Mais devido às contingências tácticas e posicionais do que por uma questão de insuficiência qualitativa, diga-se.

Dificuldades do brasileiro no jogo em pressão

Os minutos finais da visita ao Real Madrid foram claros exemplos de que Elias não parece habilitado para a missão que Jorge Jesus de si espera, tendo entrado no Santiago Bernabéu para cumprir uma missão predominantemente defensiva e não cumprir os requisitos, tendo sido ‘engolido’ pela reacção dos campeões europeus de clubes que ainda tiveram força para dar a volta ao resultado que até aos minutos finais vinha sendo favorável aos leões. Nas oportunidades que se seguiram, essa menor aptidão para fechar e pressionar alto continuaram a ser notórias.

O 4X4X2 com duas unidades no centro do terreno, uma delas um 8 com obrigações de ‘todo-o-terreno’ não parece assentar nas características do internacional pelo Brasil, uma situação que tem vindo a tornar-se agravada quando se percebe que a juntar ao facto de pelas alas a condição defensiva não estar a ser a melhor - atentem-se, por exemplo, às últimas prestações de Ezequiel Schelotto, jogador que chegou livre durante a temporada passada ao clube leonino, na lateral direita -, torna a equipa cada vez mais desequilibrada nesse processo.

Elias conhece-se como um médio forte na transição, parecendo mais adequado para um 4x3x3

Ficou no último dia do mercado de transferências a ideia de que o encerramento do defeso terá sido a melhor notícia possível para o Sporting. Hoje, em finais de Outubro, talvez nem todos mantenham essa ideia em Alvalade, continuando à vista a falta de uma alternativa com as características de Adrien… na impossibilidade de Jorge Jesus abandonar a intransigência em alinhar sempre com duas unidades no ‘miolo’, uma ideia que nunca abandonou desde que no final da época 2014/2015 se comprometeu oficialmente com o clube, e alargá-lo a um trio.

Nem mesmo perante adversários de menor valia o treinador sportinguista testou um modelo de jogo alternativo que na teoria poderia assentar melhor a Elias, um futebolista com perfil de médio interior e mais habilitado para assumir tarefas de transição defensiva-ofensiva ao invés de ser o responsável por imprimir pressão como voltou a manifestar-se perante o Borussia Dortmund, adversário que obrigou a maiores preocupações defensivas e a um alerta constante.

Fica assim a ideia de que, a manter o esquema-base, o Sporting poderia ter explorado outros mercados para além do futebol sul-americano ao invés de uma contratação que ao invés apenas teve como vantagem a sua reconciliação com Bruno de Carvalho após declarações antigas e que mais do que entrar em algumas guerras extra futebol com os rivais (especialmente o Benfica), a SAD verde-e-branca poderia ter feito melhor o seu trabalho de casa, leia-se prospecção. A não ser que ou Elias realize um ‘curso intensivo’ na posição ou o modelo de jogo leonino mude de figurino…