Se um Clássico disputado entre FC Porto e Benfica gera sempre um enorme interesse, mais este desafio entre os dois rivais não constituía excepção pois colocava em confronto o vice-líder perante o líder isolado da classificação num despique que seria encarado de formas diferentes pelos dois contendores mas com semelhantes obrigações para ambos – se o dragão se encontrava proibido de perder sob pena de ver criado um fosso muito complicado de transpor, a águia tinha também ciente que permitir a aproximação pontual dos seus rivais seria também conceder um bónus de força extra na disputa pelo título nacional.

A jogar como visitado, o FC Porto detinha ainda o desafio de evitar sofrer dissabores defensivos quando vinha sendo essa uma das maiores pechas de algumas das suas exibições; mesmo em desafios nos quais venceu, e mesmo nos quais não encaixou qualquer tento, o dragão permitiu sempre a praticamente todos os seus opositores que dispusessem de ocasiões por vezes até privilegiadas para concretizar. Tendo em conta o controlo conseguido durante toda a primeira metade, esse desafio foi ultrapassado com total sucesso, pois não permitiu sequer que o Benfica tenha rematado à baliza durante 45 minutos.

O FC Porto realizava uma exibição considerada excelente inclusivamente dentro de um panorama internacional e o claro objectivo de vencer o encontro parecia fazer prevalecer o dragão que depois de ter criado perigo em vários lances de bola parada no primeiro tempo nos quais os centrais Felipe e Iván Marcano complicaram ainda mais a marcação defensiva benfiquista seria premiado por todo esse esforço logo no reinício.

Espectro das derrotas nos dois anteriores Clássicos (contra o Sporting) não deixou o dragão que não «matou» o jogo

O pormenor que valeria o desequilíbrio no resultado teria lugar mais precisamente ao minuto 50, momento em que Jesús Corona, a novidade no onze portista (excelente alteração promovida por Nuno Espírito Santo em relação aos anteriores desafios), enganou a defesa visitante com um excelente passe em desmarcação.

Ao invés de terminar o passe em profundidade pelo meio, como julgavam Lisandro Lopez e Victor Lindelof, o velocista mexicano optou por um passe para o espaço direcionado para o lado esquerdo onde em progressão o atacante Diogo Jota rematou ao primeiro poste, para o ângulo morto do guardião Ederson, assim abrindo a contagem para um dragão que havia perdido os dois anteriores confrontos directos entre os três grandes, ambos perante o Sporting.

Também com esse espectro a pairar nos ares do Dragão, a vantagem era apenas mínima para um FC Porto que já esta época não havia sido capaz de se manter na frente – assim desperdiçou dois importantes na recepção ao Kobenhavn na Champions, também no Dragão- e depois de ter concedido a posse de bola na 1ª parte e ter revelado uma total incapacidade para alterar esse figurino até ao golo sofrido, o Benfica chamou a si o mérito de nunca ter dado o jogo por entregue, tendo aguardado pelo melhor momento para desferir um golpe a valer o golo do empate e que chegou já sobre o apito final.

Dois minutos após o minuto 90: com uma ‘chancela’ especial dos suplentes lançados por Rui Vitória e Nuno Espírito Santo no decorrer do encontro para o tento que salvou o tricampeão nacional da derrota e essencialmente muito demérito do portista Hector Herrera, que havia entrado apenas cinco minutos antes, em dois momentos diferenciados.

Foi Lisandro, que saiu do banco nos minutos iniciais, o elemento decisivo

O primeiro deles ao conceder um canto na tentativa de pontapear a bola contra um rival. O canto resultaria na colocação da bola em André Horta, que havia rendido o desinspirado Franco Cervi, que na preparação do cruzamento aproveitou a demorada saída de Herrera, que surgiu a pressionar mas ‘à queima’.

De cabeça levantada e retirando o mexicano da jogada com uma finta de corpo, Horta então centrou com conta, peso e medida para a superior impulsão de Lisandro Lopez (que havia entrado ainda na parte inicial da partida, rendendo o lesionado Luisão), central que uma vez mais granjeou a sua fama de goleador e garantiu a igualdade final.

A cabeçada de Lisandro que embateu no relvado e entrou junto ao poste direito da baliza defendida por Iker Casillas não só manteve intacta a distância de cinco pontos entre os dois rivais como ainda permitiu que outro rival que na época passada Pinto da Costa considerou a ter em conta e que se mantinha agora na expectativa, o Sporting, alcançasse essa mesma distância, o que equivale a dizer que igualou a pontuação (e a pontuação) dos azuis e brancos na Liga.

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