Para além da componente competitiva que implica necessariamente vencer a mais modesta Letónia para manter firme a perseguição á líder do seu agrupamento, a Suíça (ou aguardar uma eventual, ainda que improvável, escorregadela dos helvéticos ante as Ilhas Faroé), Portugal terá no desafio deste Domingo uma oportunidade preciosa de fechar com propriedade um ano civil amplamente bem conseguido coroado com a conquista de um muito celebrado inédito título europeu.

A diferença entre as duas selecções é incontornável, especialmente tendo em conta que de há alguns anos a esta parte a Selecção Nacional e a própria FPF adoptaram uma postura que a levou ao ceptro europeu: deixou-se de desculpas, de protestos nos momentos de insucesso, e passou a concentrar-se no que é verdadeiramente importante e que passa estritamente por ganhar jogos.

Tempo bem distante de outros tempos em que se escutavam declarações como as do ex-seleccionador Carlos Queiroz que considera que “para o seleccionador o único dia positivo é o momento da assinatura do contrato, depois são 10 milhões contra nós". Com esta nova mentalidade bem presente, uma ligação de harmonia entre plantel, equipa técnica e todo o País, em especial aqueles que acompanham cada partida na bancada, as probabilidades em nada abonam a favor dos visitantes letões.

Adversário esforçado

Para aumentar a expectativa sobre as muito prováveis dificuldades da Letónia perante a nossa Selecção estará a evidente motivação da estrela maior lusa, Cristiano Ronaldo, que deixa antever que apresentará o seu rendimento habitual e uma prontidão que o levam a superiorizar-se perante as melhores selecções o que, como é sabido, não é o caso do esforçado adversário que Portugal terá pela frente.

Cristiano Ronaldo conta com 66 golos em 135 jogos pela selecção portuguesa | Foto: Facebook Oficial do Jogador
Cristiano Ronaldo conta com 66 golos em 135 jogos pela selecção portuguesa | Foto: Facebook Oficial do Jogador

Para além do favoritismo e Ronaldo num momento de forma favorável, a equipa nacional possui superioridade sob todos os aspectos, inclusivamente técnicos - incomparável a diferença ao nível da experiência internacional entre o seleccionador nacional, Fernando Santos, e Marian Pahars, o homónimo letão). Como tal, qualquer outro resultado que não venha a transmitir uma vitória lusa não deixaria de constituir uma surpresa tremenda.

Qualidade juvenil 

O actual estado de graça chega mesmo ao que parece ser a resolução de um problema que ameaçava arrastar-se pelo tempo e que há algum tempo vinha preocupando as hostes portuguesas - a ausência de um nome inquestionável sempre que a equipa se via na necessidade de jogar com uma referência ofensiva, o que obrigava à adaptação, à falta de outra opção, de Cristiano Ronaldo nesse papel. Com o surgimento de rompante por parte de André Silva, até mesmo essa situação parece hoje acautelada.

Com André Silva como foco, deve referir-se ainda a variedade de opções que no caso da equipa portuguesa chega mesmo às selecções jovens. Em caso de necessidade, a Selecção Nacional poderia reforçar-se nas suas equipas mais jovens como a poderosa equipa sub-21 sem desprimor de qualidade e perigo de ressentir-se ao nível dos resultados. Aliás, nesta convocatória elaborada por Fernando Santos são vários os sub-21 presentes e com ambições justificadas de figurar inclusivamente entre os titulares, casos de João Cancelo e Gelson Martins, atletas nascidos em 1995 tal como André Silva.

André Silva tem 4 golos em 4 jogos realizados pela selecção A | Foto: Facebook Oficial do jogador
André Silva tem 4 golos em 4 jogos realizados pela selecção A | Foto: Facebook Oficial do jogador

Até mesmo Bernardo Silva, nascido em 1994, um ano antes dos seus três outros companheiros, poderia, ou poderá, ainda no limite figurar nas escolhas de Rui Jorge para a selecção de Esperanças, o que sustenta a qualidade enorme de uma nova geração portuguesa que oferece ainda outros nomes de garantido valor como William Carvalho que se sagrou vice-campeão europeu sub-21 como parte de uma equipa que ainda não lançou todos os elementos que fizeram parte dessa campanha, e ainda campeão europeu ao nível sénior com apenas um ano de intervalo.

Outro dado estatístico relevante será a diferença de lugares entre as duas selecções no ranking organizado pela FIFA e que coloca Portugal na 8ª posição e a Letónia bem mais abaixo, no lugar 116, muito distante de outras selecções completamente ao alcance da equipa nacional como por exemplo a República da Irlanda (32ª), a Dinamarca (50ª) ou mesmo as lusófonas Guiné Bissau e Cabo Verde (69ª e 71ª, respectivamente). Até mesmo esta classificação parece indiciar o valor colectivo desta equipa báltica que Portugal terá necessariamente de bater.