Pela primeira vez desde 2010 a entrega dos prémios para melhor futebolista anual do planeta voltou à sua forma clássica, tornando-se novamente ambivalente com a cisão entre FIFA e France Football para o regresso dos dois galardões independentes entre si, escolhidos e entregues por duas vias de selecção completamente diferentes. Se por vezes na História as escolhas não mereceram unanimidade e os prémios foram vencidos por jogadores diferentes no mesmo ano, por outro lado existem atletas a saírem bastante beneficiados com o aumento das possibilidades de nomeação.

Um deles é claramente Antoine Griezmann que após uma sensacional temporada que apenas não foi de sonho devido a… Portugal (Cristiano Ronaldo e Pepe impediram-no de conquistar das duas principais competições europeias ao nível de selecções, a Liga dos Campeões pelo Real Marid e o Euro 2016 pela Selecção Nacional) se encontra nomeado para os dois prémios. Não estivessem ainda Cristiano Ronaldo e Lionel Messi ainda em actividade e na plenitude das suas capacidades e tivesse a «sua» França conseguido ditar o ritmo do jogo ante Portugal…

Que não restem dúvidas: se a entrega do Ballon D’Or, pela France Football, ou a The Best FIFA Football Award, que será inaugurado este ano, fosse atribuído a um futebolista «mortal» - o próprio Griezmann quantificou Ronaldo e Messi há uma semana como «dois extraterrestres indestronáveis» -, ambos os prémios seguiriam quase com toda a certeza para o atacante francês que realizou um ano de 2016 inesquecível em termos individuais… muito embora tenha realizado uma má prestação precisamente no desafio que o poderia ter lançado para a glória, caso da final do Euro 2016.

Griezmann não deverá conquistar qualquer galardão; a sua ‘Bola de Ouro’ está conquistada

No entanto, e felizmente para todos os portugueses, Antoine Griezmann foi incapaz de colocar à mercê as redes da Selecção Nacional e assim terá perdido a sua grande oportunidade de se posicionar ainda mais perto das duas maiores estrelas planetárias sendo que a esta data é Cristiano Ronaldo quem detém a vantagem para conquistar tanto o galardão atribuído pela France Football como o recém-criado prémio que será entregue pela FIFA. No entanto, mesmo que provavelmente nada conquiste, o gaulês terá ganho a sua «Bola de Ouro».

A valorização de Griezmann encontrar-se-á no seu percurso ascendente que fez com que tivesse crescido em importância num clube complicado e sem grande aproveitamento de jovens talentos como o Atlético de Madrid, que normalmente tira proveito de futebolistas já com algumas provas dadas em outros clubes ou Ligas antes de tomarem a sua posição na primeira equipa, o que normalmente penaliza os jovens oriundos da formação.

Atlético de Madrid é capaz de garantir milhões e competitividade ao desenvolvimento do craque gaulês

Foi esse o trabalho afincado do jovem atacante que antes do Vicente Calderón já brilhava no País Basco ao serviço do Real Sociedad e foi assim que conseguiu ganhar espaço num plantel no qual existiam outros jovens com potencial (atente-se o caso de Oliver Torres, que se encontra cedido ao FC Porto… para não mais voltar, visto ser do conhecimento público, embora sem garantia oficial, a cláusula de compra obrigatória por parte dos dragões).

Mais: num Atleti que descobre boa parte dos seus craques no futebol português (Nico Gaitán é apenas o caso mais recente de uma transferência de monta na qual o conjunto madrileno foi capaz de oferecer os mesmos milhões também garantidos por milionários clubes árabes) e surge sem sombra de dúvida como uma das melhores equipas do Mundo na actualidade, Antoine Griezmann é hoje figura de proa, algo que não deve ser tido como de somenos importância.

Olhando às características e capacidades do versátil avançado francês, é fácil perceber porquê: Griezmann possui as qualidades que também definem o próprio Atlético de Madrid, sendo neste momento milionário, é certo, mas sem nunca ter perdido a postura aguerrida e batalhadora que faz com que tanto jogador como clube sejam capazes de marcar a diferença.

Por conseguinte, embora parta atrás de Cristiano e Messi e não tenha sido capaz de fazer face à maior segurança e mais entrosados automatismos revelados pelos comandados de Fernando Santos na hora de erguer o troféu de campeão europeu, Griezmann está mesmo aí e preparado para suceder aos dois rivais desta última década na linha de sucessão imediata. O presente pode não ser ainda do francês, mas o futuro certamente deixará este jovem «bleu» extremamente sorridente…

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