O treinador dos Milwaukee Bucks, Jason Kidd, como se sabe, era uma máquina de fazer triplos-duplos, contabilizando 107 ao longo de toda a sua carreira, e tem o desejo de ter ao seu dispor um jogador com essas características, que de certa forma, são idêntica às suas. Na temporada passada, aquando da lesão de Michael Carter-Williams e com os Playoffs fora da equação, Kidd deu o papel de base ao grego Giannis Antetokounmpo, 15ª escolha da equipa no Draft de 2013, e pode ter sido aí que descobriu o ouro. O antigo base revê-se no grego, excepto num aspeto, que pode elevar o grego para outro patamar: Jason Kidd era um base com 1,93m, e Giannis é um extremo com 2,11m.

Na temporada passada, nos primeiros 52 jogos, em que jogou a extremo (small-forward), tinha médias de 15,9 pontos, 7,1 ressaltos, 2,8 assistências, 1 roubo de bola e 1 bloco por jogo. Com a mudança para base, nos últimos 16 jogos melhorou e muito a sua produção, com médias de 19,4 pontos, 9,6 ressaltos, 7,3 (!) assistências, 1,7 roubos de bola e 1,9 blocos por jogo. A mudança de papel deu-lhe um papel mais importante no ataque e uma maior preponderância e atividade na defesa.

Porque é que Giannis Antetokounmpo pode revolucionar a liga?

Primeiro que tudo, começou a jogar basquetebol tarde na sua adolescência, e chegou à NBA com 18 anos, tendo agora 21 anos. Isto pode indicar que ainda possa ter 4 ou 5 anos de evolução em termos técnicos, mas principalmente em termos físicos.

Em jogo, não é normal haver um jogador que ganha o ressalto defensivo, lidera o contra-ataque e acaba com um eurostep e afundanço na cara dos defensores. Não é normal um jogador com uma envergadura de braços (wingspan) de 2,20m fazer um bloco ao poste adversário, liderar o contra-ataque e encontrar o atirador solto. Ter um jogador como o grego no ressalto defensivo dá a oportunidade aos atiradores de saírem no contra-ataque e posicionarem-se, porque este vai encontrá-los com o passe.

A jogar a base, o grego tem a capacidade de fazer uma jogada de Pick&Roll e, se não correr bem, ganhar a vantagem num post-up (de costas para o cesto) contra um defensor que normalmente é mais baixo. Quando a equipa consegue forçar as trocas de marcação, Giannis consegue ver por cima do defensor e fazer passes de lateral a lateral do campo e encontrar atiradores abertos. Consegue ver ângulos de espaçamentos como poucos. A maior parte das suas assistências são passes simples e não espetaculares, o passe certo na altura certa. Em relação ao lançamento, não é o seu forte, mas nota-se uma evolução neste aspeto do jogo. É praticamente impossível defender para jogadores com menos de 2 metros. 

Defensivamente é onde faz a maior diferença - é uma força defensiva brutal, e jogar na posição de base traz algumas vantagens à equipa neste aspeto. Normalmente é o base, o jogador mais pequeno da equipa, o primeiro jogador a chegar à defesa, e isso torna a tarefa dos atacantes muito mais complicada porque, se optarem pelo ataque ao cesto, terão um “poste” a proteger o mesmo, e se optarem por uma abertura arriscam-se a que o grego, com os seus braços enormes, intercete esse passe. Tem a capacidade de trocar de marcação e mesmo assim ser efetivo; consegue marcar todas as posições com o mesmo grau de eficiência.

Este ano o grego lidera as estatísticas da equipa em todas as categorias, o que por si só é impressionante! 22.8 pontos, 6,2 assistências, 8,5 ressaltos, 2,2 roubos de bola e 2,1 blocos por jogo. Com estes números é, claro, candidato aos prémios de Most Improved Player e Defensive Player of the Year.

Oscar Robertson, Magic Johnson, Michael Jordan, Kevin Durant, Lebron James … Jogadores All-Around como estes são raros, e Antetokounmpo ainda tem muitos anos pela frente na melhor liga de basquetebol do mundo para se conseguir colocar ao lado destes nomes na História da NBA!