Viagem não muito longa, mas a ter sempre em linha de conta à… Linha do Estoril e aos sempre faustosos interesses e paisagens presentes na zona do Estoril e de Cascais para o Benfica que não poderia em momento algum perder o foco e distrair-se com as condições que essa região bem próxima de Lisboa podem oferecer. A exigência era máxima e uma eventual perda de pontos poderia resultar numa perda bem mais seria, a da liderança, ainda que á condição ate à próxima 4ª feira.  

Como é sabido, praticamente cada desafio desta Liga NOS é marcado pelas constantes queixas dos três grandes, não só Benfica como igualmente o FC Porto e o Sporting, relativamente à arbitragem sempre que os resultados não são os mais condizentes e depois de um dos grandes rivais na luta pelo título nacional, o Sporting, ter logrado vencer este Estoril.

A diferença ainda esteve no facto de esse encontro se ter desenrolado em Alvalade num encontro bem disputado que marcou também o regresso do árbitro João Capela a casa dos leões; agora no concelho de Cascais era a vez de o Benfica enfrentar o clube da Linha mas num António Coimbra da Mota composto por 7429 espectadores.

Agora numa versão alterada devido à ainda recente mudança de treinador, o Estoril despertava curiosidade assim como a performance do juiz escolhido para a partida, o setubalense Bruno Paixão.

Sem polémicas anteriores ligadas a Capela ou Paixão ou de outro tipo como o futebol português é pródigo em criar - recorde-se o início da temporada transacta e o caso polémico ligado a eventuais SMS enviadas pelo treinador do Sporting, Jorge Jesus, a alguns jogadores encarnados, o jogo fluiu normalmente até que aos 13 minutos chegou o primeiro lance ofensivo de realce para as águias.  

Domínio e falta de pontaria 

Após essas duas oportunidades separadas por poucos segundos e protagonizadas por Jiménez e Luisão, a primeira parte foi amplamente dominada pelo Benfica em termos espaciais mas sem grandes ocasiões de perigo, tendo criado apenas um trio de lances de maior ‘frisson’ perante um Estoril que na primeira ocasião em que se acercou da baliza encarnada… assustou Ederson num livre lateral cobrado pela direita e colocado ao segundo poste à passagem da meia hora para um remate de Bruno Gomes apenas travado pelo poste direito.

Na segunda metade, o Benfica arrancou disposto a chegar à vantagem tão cedo quanto possível, tendo subjugado a equipa da casa ao seu último reduto até que aos 61 Franco Cervi conseguiu com um movimento individual desconcentrar o seu marcador, Aílton, que efectuou um corte com o braço provocando uma grande penalidade que Raúl Jiménez converteria com facilidade.   

Jimenez foi o autor do único golo da partida
Jimenez foi o autor do único golo da partida

Desgaste e inteligência até ao fim 

Em desvantagem, o Estoril Praia procurava mudar a História - a última vitória sobre o Benfica data já de... 1950 (!) sendo que a última (e única) vitória caseira foi obtida em 1946, e com isso a equipa amarela procurou ripostar, mas desde logo pressionada na sua primeira zona de pressão, o que por vezes a impediu de sair com critério ainda que os da casa o tenham logrado fazê-lo sempre que lhes era possível como quando ao minuto 70 Ederson se viu obrigado a sair da sua baliza, demonstrando apurados reflexos perante Gustavo Tocatins.

Já os encarnados, para além do potencial que encontraram por parte do oponente, defrontavam também o desgaste inerente a várias semanas marcadas por muitos desafios para diferentes competições. Uma boa altura para trazer de novo à tona as considerações do técnico Rui Vitória na época transacta sobre a existência e as respectivas diferenças entre a fadiga central e a fadiga periférica…

Desconhecendo-se qual a fadiga que afectava as unidades benfiquistas, certo é que foram segurando a vantagem conquistada apesar de uma fase final de esforços estorilistas em busca do empate e ainda uma boa gestão dos instantes finais por parte das águias que também dispuseram de uma mão cheia de ocasiões para alcançar o golo da tranquilidade, valendo a atenção de Moreira, que defrontava o clube que o notabilizou, para que tal não tivesse sucedido. Resumidamente, o tricampeão nacional não esteve brilhante, mas valeu-se da segurança para vencer bem.