Acima de tudo, o FC Porto foi a equipa que esperaria ser de forma a regressar aos triunfos; depois de em vários momentos na presente temporada ter falhado por culpas próprias, mormente por defeitos no processo de constrição, total ausência de criatividade e especialmente desacerto a finalizar, e ainda por deméritos que há muito atribui às arbitragens, o dragão rubricou uma exibição completa no sentido em que dominou com naturalidade e alcançou golos com uma cadência e regularidade que não deixam qualquer margem para dúvidas.

Não houve lugar a queixume e ao protesto de lances de eventual prejuízo como tem sucedido já desde a época transacta (alguns momentos de queixa com razões de existir, todavia), com especial enfoque nos desafios ante os rivais Benfica e Sporting num FC Porto que ainda assim foi obrigado a esperar pela meia hora para abrir a contagem através de um lance de assinatura espanhola em que na insistência o central Ivan Marcano cruza para um muito bem colocado Oliver Torres que sem oposição soltou as primeiras celebrações no Dragão.

Resolver de bola parada 

Tem sido alvo de comentários a eventual necessidade de acrescentar uma referência ofensiva a uma frente que no início da época perdeu Vincent Aboubakar, situação que em nada parece ter abalado o jovem goleador André Silva que 12 minutos após o 0-1 aproveitou para ampliar a vantagem ao surgir de forma precisa para a recarga a uma primeira defesa de Giorgi Makaridze, que não conseguiu travar o persistente dragão que voltaria a não dispor de qualquer grande penalidade - neste encontro nenhum dos seus apoiantes vislumbrou qualquer castigo máximo…

André Silva conta com 11 golos no Campeonato | Foto: MaisFutebol
André Silva conta com 11 golos no Campeonato | Foto: MaisFutebol

No entanto, seria mesmo de bola parada que o FC Porto chegaria ao 3-0, nomeadamente com um pontapé exemplarmente bem cobrado, com Hector Herrera a colocar para o aparecimento de Iván Marcano (o melhor em campo pela simplicidade de processos a defender e ainda ter conseguido um golo e uma assistência, notável tendo em conta que se tratar de um… defesa central) aos 62 minutos, assim resolvendo um encontro no qual os azuis-e-brancos não acusaram qualquer responsabilidade perante o enorme favoritismo que lhes era atribuído ainda antes do minuto inicial.

Meio-campo à altura das exigências 

Sabia o FC Porto que o importante neste jogo seria apenas vencer - não garantindo a liderança, tal permitiria pelo menos não a perder de vista e até recuperar dois pontos por esse objetivo; em sentido oposto, uma derrota ante o Moreirense poderia ter efeitos nefastos e até imprevisíveis no imediato para todos os sectores da equipa. No fim de contas, alcançou uma vitória tranquila como há muito não conseguia e poderá, quem sabe, ter canalizado as ausências que o limitavam em posições de criação num meio-campo finalmente de encontro com as exigências a que o clube obriga.

Esse, como é sabido, foi o grande óbice ao sucesso para Julen Lopetegui, que tentou sem sucesso adaptar Juan Quintero ao ritmo de jogo europeu (o colombiano encontra-se para já emprestado no seu país) e o homem que se seguiu, José Peseiro. Quem sabe Nuno Espírito Santo não terá encontrado a ’sua’ fórmula com a reabilitação dos mexicanos Herrera e Corona?