«Esta final significa muito para nós, para a cidade, para o país, para o evento e para os fãs. Tenho a certeza que vai ser a final mais vista de sempre, pois não sabemos se vai voltar a acontecer.» – Craig Tiley, diretor do Australian Open.

É verdade, todos nós já pensávamos que nunca mais iríamos assistir a uma final de um Major entre Federer e Nadal, mas a verdade é que aconteceu, e que tensão estava à volta deste encontro. Um misto de ansiedade e felicidade. Um misto de nervosismo e paixão. Havia muita coisa por trás desta final, desde logo o recorde de títulos do Grand Slam ganhos, se Federer ganhasse ficava com 18 e abria um espaço maior para Nadal que, se por sua vez, vencesse passaria a ter 15 e a ficar a apenas dois do recorde do seu adversário e amigo.

Depois de analisar o caminho para a final destes dois monstros do desporto, chegou o grande dia: 29 de Janeiro de 2017. Rod Laver Arena cheia para ver a final mais aguardada dos últimos anos. O encontro de uma era. O encontro de estilos que deliciou os fãs desde a primeira vez que se defrontaram há 13 anos.

O público estava ao rubro, estava tudo pronto.

«Silence please. Nadal to serve».

De início notou-se um pouco de ansiedade e nervosismo de parte a parte, notava-se que tinham o braço «pesado» e estavam ambos a tentar soltá-lo, o que levou a alguns erros diretos de ambos. O encontro estava equilibrado até ao 3-3, quando Nadal baixou o seu nível de serviço e Federer aproveitou de imediato, quebrando o serviço ao espanhol e confirmando o break logo de seguida. Na altura para fechar o set o suíço não tremeu e fechou o 6-4 com um ás. A grande diferença do primeiro set estava nos winners, com Federer a estar muito mais agressivo, e isso também se viu nas subidas à rede.

O segundo set começou com uma toada completamente diferente. Nadal mais agressivo e o suíço mais contraído, muito por culpa do espanhol. Um jogador joga aquilo que o outro deixa, e era isso que se estava a ver com um Nadal superagressivo a encostar Federer às cordas. Esse domínio traduziu-se numa vantagem de 4-0 para o espanhol. Não era a primeira vez que o nº17 mundial enfrentava um parcial contra de dois breaks, tendo na altura, contra Nishikori, conseguido levar a discussão para o tie-break. Nesta ocasião também teve uma boa reação, recuperando um break e estando muito perto de recuperar o segundo, não conseguiu e Nadal consumou a vitória no segundo set por 6-3.

O jogo de serviço inaugural do 3º set não foi fácil para o suíço, tendo enfrentado 3 break points, mas conseguiu anular todos e vencer todos e vencer este jogo, que serviu de arranque para um set sem história. O mais velho dos dois, conseguiu desde logo quebrar o serviço ao espanhol e assumir o controlo da terceira partida, que acabou por vencer por um expressivo 6-1.

Nadal estava numa posição delicada, ou ganhava este set ou perdia o encontro, esta pressão fez com que o espanhol libertasse o braço e, assim, consegui assumir o controlo do set, quebrando o serviço do suíço ainda cedo na partida. A partir daí foi controlar, e controlou bem, tendo estado perto de fazer um segundo break, tal não aconteceu e o espanhol conseguiu empatar o encontro a 2 sets, vencendo o 4º set por 6-4.

Íamos assim para um 5º set, aquilo que todos os fãs de ténis mais desejavam. O momentum estava do lado do espanhol que se conseguiu adiantar na partida logo no primeiro jogo, quebrando o serviço a Federer logo de início, o que levou as mãos à cabeça aos fãs de Federer e os braços bem ao alto aos fãs de Nadal. O espanhol chegou à vantagem de 3-1, e foi aí que tudo mudou. Roger ganhou o seu jogo de serviço e logo a seguir quebrou o espanhol, empatando por completo a final – 3-3 no 5º set. Momento crucial! O momentum parecia estar a mudar de lado e isso confirmou-se quando Roger Federer, com 4-3 a seu favor, conseguiu quebrar de novo o serviço de Nadal, fazendo o 5-3 e colocando-o numa excelente posição para voltar a ganhar um Grand Slam. Foi sentar-se, descansar e, irremediavelmente, pensar! Pensar o quão perto estava de, novamente, fazer história, e isso era a pior coisa que ele podia fazer nesse momento, mas era impossível. Isso pareceu afetá-lo e quando deu por si estava com 15-40 contra. Ás! 30-40! Winner de direita, 40-40! Serviço ganhante, vantagem Federer! Oportunidade perdida, novo fôlego para Nadal! Ás! Championship Point! Serve, resposta curta, direita de Federer … foi dentro ou fora? Que drama! O Hawk Eye vai definir a final. É DENTRO! Roger Federer é o vencedor do Australian Open 2017! Mas que grande final!

 Para concluir, não vou esconder a minha preferência por Roger Feder, mas este é o que é e está neste nível muito devido a Nadal, e o contrário também é verdade. O ténis é um desporto de classe e estes dois senhores são o expoente máximo disso. Dar os parabéns a Nadal, que mostrou que ainda tem muito para dar, principalmente na sua ‘terra prometida’, a terra batida de Roland Garros. Faço minhas as palavras de Federer no seu discurso: «Keep playing Rafa, tennis needs you!».

O suíço voltou a mostrar aquilo que é, um campeão. Depois da lesão, tudo aquilo que diziam dele, que ele estava acabado e que nunca mais ia chegar ao topo ainda lhe deu mais força. Contrariou tudo isso com o seu estilo de jogo intemporal que consegue fazer frente e muitas vezes superiorizar-se ao estilo de jogo dos dias de hoje, baseado na velocidade e na potência. Acabo dizendo: «Perfeição não se escreve sem RF!»

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