Sempre traiçoeiro enfrentar o desafio de responder a uma derrota pesada, como a sofrida a meio da semana em Dortmund, e ao triunfo do FC Porto na 6ª feira passada em Arouca, dois 4-0 que poderiam revelar-se traumáticos, com um duelo ante o vizinho Belenenses num derby lisboeta sempre pouco aconselhável, especialmente quando o momento é de alguma decepção e de ressaca por um afastamento europeu, seguido de perda momentânea de liderança. Todavia, era com esse calendário que os encarnados tinham de lidar.

Pela frente, uns azuis do Restelo que procuram reviver constantemente neste tipo de duelos os seus tempos áureos, já bem desgastados pelo tempo, como o último título nacional conquistado em 1946. Por pouco tempo a equipa visitante ambicionou reviver tempos de glória, pois aos 12 minutos já se encontrava em desvantagem, mercê de um erro de abordagem do criativo Miguel Rosa que, num momento de apoio defensivo à sua lateral esquerda, procurou atrasar o esférico com um amortecimento com o peito com destino ao seu guarda-redes, que se revelaria suicida.

Mitroglou deixou dois sinais promissores na 1ª parte para depois decidir na 2ª

A tentativa de atraso do 7 belenense revelou-se curta, tendo em conta a meritória aproximação de André Almeida que surgiu nas suas costas, pronto a atirar com facilidade para o 1-0, dando início a uma noite tranquila de recuperação de que o Benfica muito necessitava perante um rival que vinha atravessando um bom momento nas anteriores jornadas, vem realizando uma Liga estável e até poderia ter chegado mais longe na Taça CTT, fruto de várias arbitragens penalizadoras. Poderia revelar-se um perigo a ter em conta, mas não foi esse o caso.

Até ao intervalo, as águias poderiam ter aumentado a vantagem, em ambos os casos pelo seu principal artilheiro, Kostas Mitroglou, que por duas vezes quase ludribriou a defesa subida do Belenenses: primeiro aos 15, ao ainda atirar ao poste, e depois aos 40, quando descobriu mesmo o caminho para as redes. Porém, em ambos os casos encontrava-se em fora-de-jogo, e como tal a diferença mínima manteve-se até ao descanso.

Se os primeiros minutos pareciam indiciar uma reacção do clube da Cruz de Cristo, que aos 51 minutos teve mesmo um remate de meia distância de Miguel Rosa travado pelo poste, logo depois o Benfica se encarregava de dissipar dúvidas quanto ao vencedor do desafio, para satisfação dos seus adeptos e em especial do seu presidente, Luís Filipe Vieira, que ainda não há muitos dias voltou a manifestar um discurso à medida de outros de três de boa memória para o clube da Luz, já nos Paços do Concelho na Câmara Municipal de Lisboa com outros tantos títulos nacionais conquistados.

4-0 final definiu-se já sobre o último minuto do desafio

Os números de vitória natural do Benfica engrossaram logo após o susto, aos 52, com a autoria de Mitroglou - quem mais, novamente a figura de proa do tricampeão nacional - num colocado remate à entrada da área em zona frontal após assistência de Toto Salvio, sem hipótese de reacção para os do Restelo que ainda sofreriam mais dois golos: o 3-0 apontado pouco depois do tento de Mitroglou, desta feita por Salvio, com um remate rasteiro e colocado também à entrada da área após solicitação de Andrija Zivkovic pela meia esquerda e o 4-0 já sobre o minuto 90.

Antes disso, ainda se registaria o regresso de André Horta às opções do Benfica após longa ausência, com o jovem português ainda a participar no quarto e último golo da noite, apontado pelo isolado Jonas, dando seguimento a um passe rasteiro de Mitroglou que se encontrava à sua esquerda para o servir, dando por terminada uma pouco dificultada noite de resgate da liderança ’emprestada’ por apenas três dias ao FC Porto.