Rui Vitória avisara que, em vésperas de clássico, o foco das águias mantinha-se o Paços de Ferreira. No jogo, o timoneiro encarnado passou das palavras aos atos quando lança Pizzi (em risco de exclusão) de início.

A verdade é que a influência do transmontano no jogo da equipa é brutal e isso mesmo fez-se sentir no campo durante os primeiros 45 minutos. A equipa do Paços de Ferreira apresentou-se sem novidade num 11 que tinha em Whelthon a principal (e única) referência ofensiva. O bloco baixo do Paços condicionava muito a ação dos avançados Jonas e Mitroglou mas permitia que, antes dos últimos 30 metros, os médios do Benfica conseguissem pensar o jogo da equipa.

A história da primeira parte teve muito esse denominador: pressão asfixiante do Benfica perante um Paços de Ferreira a defender bem mas demasiado atrás (não raras vezes viam-se os médios Vasco Rocha e Filipe Melo a posicionarem-se junto dos centrais em situações de jogo exterior encarnado). Ofensivamente, o Paços não existiu. Welthon foi sempre um jogador muito sozinho a quem pediam o impossível: transformasse bolas despejadas na sua zona em luta contra toda a defesa do Benfica em golos.

Apesar de muita bola dos encarnados, não é de admirar que, contra o posicionamento dos homens de Vasco Seabra, a melhor oportunidade tenha sido um remate de fora da área. Aos 25 minutos Eliseu disparou uma bomba que tinha selo de golo mas que bateu no poste de Defendi.

Ao intervalo o resultado de 0-0 premiava o bom posicionamento defensivo dos castores mas sentia-se que, perante mais 45 minutos de pressão do Benfica, o Paços acabaria por ceder.

A segunda parte mostrou um Paços com uma face diferente

Nos primeiros minutos, Diego Medeiros (que não se vira na primeira parte) apareceu por duas ocasiões a semear o pânico na defesa encarnada. Ainda assim, o verdadeiro crescimento dos pacenses materializou-se, sim, aos 63 minutos: grande pontapé de Welthon na marcação de um livre direto que Ederson desvia para a trave.

O Benfica continuava com mais bola e mais domínio territorial mas até aos últimos 10 minutos Rui Vitória não arriscou (trocou os extremos Zivkovic e Salvio por Rafa e Cervi que não conseguiram fazer a diferença). Aos 80 minutos, o Benfica pôs a carne toda no assador e juntou Jiménez a Jonas e Mitroglou.

Esta foi a fase mais crítica para o Paços de Ferreira que, claramente, começou a acusar o desgaste de uma grande partida (Welthon saiu do jogo com cãimbras). Ainda assim, o único lance em que o Benfica criou verdadeiramente perigo foi no último momento do jogo. Livre lateral da direita que Pizzi bate e Mitroglou, à boca da baliza, não consegue fazer golo.

Contas feitas, o Benfica cede dois pontos importantíssimos no campeonato e pode receber o FC Porto no topo da Liga na próxima jornada.