As mudanças de treinador no campeonato português começaram a ser tão recorrentes que até ganharam um “nome científico”: chicotada psicológica. A verdade é que esta temporada tem sido atípica e já houve um total de dezassete (17!!!) mudanças de treinador. Apenas Benfica, Porto, Sporting, Vitória de Guimarães e Vitória de Setúbal mantém os seus treinadores desde o início da temporada.

Só este ano já assistimos quatro vezes a um fenómeno chamado de “dupla-chicotada”, ou seja, Arouca, Estoril, Nacional e Moreirense já trocaram de treinador duas vezes cada.

O objetivo destas mudanças, tal como em tudo, é melhorar. Melhorar o rendimento da equipa, as relações dentro da equipa, entre outros aspetos, daí se chamar “chicotada psicológica”. Como em tudo, umas vezes corre bem, outras vezes não corre tão bem como se esperava. Vamos falar da contratação de Jorge Simão por parte do Sporting de Braga, para ocupar o lugar deixado vago por José Peseiro e que levou Ricardo Soares a assumir o comando do Chaves.

José Peseiro sempre foi um treinador controverso, mas a verdade é que por onde passa deixa um rasto de bom futebol. Chegou do Porto para comandar os minhotos e desde logo se viu as suas ideias a dominarem o estilo de jogo bracarense, a dar grande protagonismo a Wilson Eduardo e a potenciar um jovem jogador da equipa B, Xeka. Como disse acima, Peseiro sempre foi um treinador controverso, e foi isso que pôs um fim à sua ligação com o Braga. Um desentendimento com António Salvador resultou na rescisão do treinador português.

Normalmente as equipas que sobem à primeira liga, costumam ter algumas dificuldades para se afirmarem, mas esse não foi o caso do Chaves. Uma equipa com um misto inteligente de jovens jogadores, como Battaglia, Rafa Lopes e Assis, e jogadores experientes, como Felipe, Nélson e Braga, teve um excelente início de época, muito bem liderados por Jorge Simão. Notava-se o trabalho do jovem treinador português nesta equipa que era muito forte em organização defensiva e venenosa no contra-ataque.

As circunstâncias deram uma oportunidade a Jorge Simão de dar o salto para o próximo patamar, e assim o fez, assinando contrato com o SC Braga. A verdade é que o resultado foi tudo menos o que se esperava: o bom futebol que os minhotos vinham a praticar perdeu-se e jogadores que até à altura eram imprescindíveis, foram colocados de parte. Simão levou Battaglia, Paulinho e Assis consigo para o Braga, e Vukcevic, Xeka e Mauro, que até então estavam a fazer uma excelente temporada, passaram para segundo plano. Esta mudança foi muito prejudicial ao Braga, que antes da mudança estava a lutar pelo terceiro lugar e agora vê essa posição a uma distância de 10 pontos. O que tirou o Braga desta luta foi o mês de Fevereiro, no qual não ganhou qualquer jogo.

No outro lado da barricada, quem assumiu o comando técnico do Chaves foi Ricardo Soares, e temeu-se o pior. Com o timoneiro da equipa a levar consigo três dos principais jogadores é normal isso acontecer. A verdade é que foi exatamente o contrário, Ricardo Soares agarrou nesta equipa e acrescentou à organização defensiva e aos contra-ataques venenosos a capacidade de ter a bola, e isso elevou o Chaves para outro nível, nível esse que fez com que o Chaves estivesse a um passo de chegar à final da Taça de Portugal (passo que não foi dado por Braga, ao falhar um penalti aos 91 minutos que dava a final aos flavienses).

Fonte: ZeroZero

De realçar que Ricardo Soares ganhou o prémio de Treinador Revelação do Ano na gala das Quinas de Ouro. Isso mostra bem o trabalho deste treinador.

Como podemos ver, as tais chicotadas psicológicas estão mesmo a virar moda, mas nem sempre correm como é esperado. Fiquem com a lista completa do corrupio de treinadores na liga portuguesa:

Braga: José Peseiro – Jorge Simão

Arouca: Lito Vidigal – Manuel Machado – Jorge Leitão

Rio Ave: Nuno Capucho – Luís Castro

Paços de Ferreira: Carlos Pinto – Vasco Seabra

Estoril: Fabiano Soares – Pedro Carmona – Pedro Emanuel

Belenenses: Júlio Velazquez – Quim Machado

Nacional: Manuel Machado – Jokanovic – João de Deus

Moreirense: Pepa – Augusto Inácio – Petit

Marítimo: Paulo César Gusmão – Daniel Ramos

Boavista: Erwin Sanchez – Miguel Leal

Tondela: Petit – Pepa

Chaves: Jorge Simão – Ricardo Soares

Feirense: José Mota – Nuno Manta