Se tivesse que resumir estes meses de Março e Abril com nomes seriam estes que usaria: Greg Van Avermaet, Kwiatkowski, Philippe Gilbert e Alejandro Valverde. Estes nomes vão ser a base deste artigo. Porquê? Vejamos, estes quatro ciclistas ganharam 10 das 11 clássicas destes dois meses. Então como vai ser este texto? Vamos rever as vitórias de cada um e vão ver que estes quatro nomes se vão relacionar entre si.

1. Greg Van Avermaet

O belga da BMC ganhou quatro corridas e foi o mais ganhador deste período, tendo sido a conquista do Paris-Roubaix a sua vitória mais importante. Avermaet começou a ganhar logo na primeira, na Omloop Het Nieuwsblad. Numa corrida que se esperava uma luta entre o belga e Peter Sagan, foi exatamente isso que aconteceu. Depois de uma corrida muito atacado e onde o campeão do mundo foi obrigado a trabalhar muito foi Avermaet que levou a melhor, começando da melhor maneira o melhor período da sua carreira. Depois partiu para Itália e fez 2º na Strade Bianche, atrás de um polaco que vamos falar mais à frente.

As suas duas vitórias seguintes foram na Flandres, na E3 Harelbeke e na Gent-Welvegen, corridas de preparação para a Volta a Flandres. Duas vitórias convincentes do belga, o que o levava para a ‘prova mãe’ da Flandres como o principal favorito. Quem se começava a mostrar era um senhor Phillipe Gilbert, nada de mais, mais mostrava boas pernas, tendo feito 2º na E3 Harelbeke.

Chegou à Flandres em excelente forma, era o alvo a abater e isso notava-se no pelotão. Fez segundo, mas porque houve outro senhor que fez das corridas mais épicas que já se viu na história do ciclismo, mas isso fica mais para a frente.

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A sua vitória mais importante foi mesmo a última. Avermaet ganhou, de forma categórica o Paris-Roubaix, o seu primeiro monumento. Numa corrida muito bem controlada pelo belga e pela sua equipa, Avermaet só teve que dar a machadada final e, num grupo de 5, venceu ao sprint e levantou o Pedregulho mais famoso do ciclismo.

Sentiu-se tão motivado que decidiu experimentar as Ardenas, e não se saiu nada mal, fez 12º na Amstel e 11º na Liège. Foram os meses de sonho para Greg Van Avermaet.

2. Kwiatkowski

Finalmente tivemos de volta o Kwiatkowski da Etixx, aquele que foi campeão do mundo e ganhou a Amstel, pois o ano passado ninguém o viu. O polaco chegou a Itália e foi tudo dele! Na Strade Bianchi atacou a cerca de 10km do fim e ninguém o conseguiu acompanhar, tendo vencido a solo, relegando para segundo lugar o senhor referido acima.

De seguida seguiu-se o primeiro monumento do ano, o monumento dos sprinters – a Milan San Remo. O campeão do mundo decidiu atacar no Pogio e levou consigo apenas Alaphilippe e Kwiatkowski. Sagan era o favorito pois era o único verdadeiro sprinter do grupo, daí os seus colegas o tenham obrigado a trabalhar mais. Isso enfraqueceu o eslovaco e equilibrou o sprint, com os três corredores a ultrapassarem a meta praticamente todos ao mesmo tempo num dos sprints mais espetaculares dos últimos anos. O mais forte foi mesmo Kwiatkowski, vencendo o seu primeiro monumento da carreira.

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A forma do campeão do mundo de 2014 continuou e nas Ardenas mostrou estar ao mais alto nível, na Amstel, corrida que ganhou em 2015, foi 2º num sprint brutal que parecia ganho, mas que acabou por perder. Foi 7º na Flèche e 3º na Liège. Boa semana das Ardenas para o polaco, mesmo sem vitórias.

3. Philippe Gilbert

Quando se diz que Philippe Gilbert foi a surpresa deste período de clássicas percebe-se o nível de ciclismo altíssimo que tivemos. A verdade é que o belga desde a sua época de sonho em 2011 apagou e esteve fora dos holofotes por algum até este ano, apenas com exibições à «velho Gilbert» esporadicamente.

Com a mudança para a Quick-Step Floors, parece que voltou também o ‘bom velho’ Gilbert, e com isso vieram também as vitórias e as exibições às quais nos habituou. Gilbert vinha a mostrar-se bem nas primeiras clássicas, principalmente no pavé, algo que nunca foi a sua principal especialidade. A sua primeira vitória foi logo num monumento de pavé, na Volta a Flandres. E que vitória! Uma das vitórias mais espetaculares da história do ciclismo. Atacou juntamente com Tom Boonen a cerca de 98 km da meta e criou um grupo, deixando para trás os principais adversários. De lembrar que o líder da equipa era Tom Boonen, mas este não estava nos seus dias e ajudou Gilbert, trabalhando muito na frente da corrida. Quando faltavam 55km para o fim da corrida, no Oude Kwaremont, foi o momento de Gilbert. Atacou e mais ninguém lhe pôs a vista em cima até ao pódio. Que vitória, que demonstração de força. Relegou para segundo lugar, como referi acima, Greg Van Avermaet.

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Decidiu não participar no Paris-Roubaix, algo estranho para um vencedor da Flandres, mas preferiu preparar da melhor forma a Semana das Ardenas. E foi isso que aconteceu, chegou às Ardenas, na Amstel, cai, ataca de longe, forma um grupo, e na última subida decide desferir o seu último ataque levando consigo apenas Kwiatkowski. Levaram a discussão para o risco e quem levou a melhor foi o belga, vencendo a sua 4ª Amstel. Mas nem tudo foi bom nesta corrida, a sua queda a cerca de 130km do fim fez com Gilbert perfurasse um rim e isso impediu-o de correr as restantes Ardenas e mesmo o Giro. Foi uma pena porque o belga estava em grande forma e iria de certeza dar espetáculo.

4. Valverde

Que ano tem sido este para Alejandro Valverde. Também não seria normal acabar o período das clássicas sem falar dele, pois nos últimos anos o espanhol tem sido o Rei das Ardenas.

Na Flèche Wallonne, a sua corrida de eleição, no imponente Mur de Huy, Valverde mostrou estar um patamar acima de toda a gente e venceu pela 5ª vez na carreira e 4ª consecutiva esta clássica.

Na Liège conseguiu limpar a má exibição do ano passado, mostrando mais uma vez o porquê de ser um corredor tão especial e ganhou novamente La Doyenne, dedicando a vitória ao seu grande amigo Scarponi, que morreu tragicamente num acidente em treino.

Road Cycling UK

Valverde está agora cada vez mais próximo do recorde de vitórias nas Ardenas de Eddy Merckx. Só pronunciar este nome mete respeito e isso mostra o quão grande é Alejandro Valverde.

A desilusão foi Peter Sagan. Quer se queira quer não, o campeão do mundo tinha que ter feito mais que aquilo que fez. É verdade que foi atingido pelo azar na Flandres e em Roubaix, mas isso não é desculpa para as restantes. Sabemos que Sagan é um campeão e como ele diz: “As derrotas motivam-me mais do que as vitórias, porque com as vitórias acomodamo-nos e com as derrotas temos que voltar a ganhar para as limpar.” Por isso sabemos que Sagan este ano ainda nos vai dar muito espetáculo.

Agora é o tempo dos voltistas se mostrarem, a Volta a Itália 100 começa já no próximo dia 5.

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