Roger Federer não era visto dentro de um court desde Wimbledon, no passado mês de Julho. Teve seis meses fora do circuito, a recuperar da lesão contraída nesse mesmo torneio. Nada de operação, apenas repouso. O campeoníssimo suíço chegava, assim, ao Australian Open numa posição do ranking pouco habitual para ele e para os fãs: o vencedor de 17 torneios do Grand Slam chegou ao Australian Open 2017 no lugar nº17 do ranking ATP.

O percurso de Federer na Austrália começou com o confronto frente ao austríaco Jürgen Melzer. O experiente canhoto representou um bom teste à forma do suíço, que, mesmo ganhando, não mostrou grande disponibilidade física, nem grande brilhantismo, o que não era um bom prenúncio para o restante torneio.

Na segunda ronda, o adversário foi o jovem talentoso americano Noah Rubin, que não representou grande ameaça ao suíço, tendo este ganho em três sets, mas continuando sem convencer e sem mostrar o seu melhor ténis, aquele ténis que temos visto ao longo dos últimos anos.

Na terceira ronda sim, viu-se um Roger Federer revigorado e capaz de chegar longe neste torneio. O suíço vulgarizou por completo Berdych. Um encontro em que o suíço dominou por completo todos os aspetos do jogo. Notou-se uma grande subida na percentagem de primeiros serviços, que é muito importante para a confiança de Federer, e essa confiança levou o suíço a subir à rede perto de 80 vezes e, deste modo, ‘despachar’ o checo em três sets.

O encontro dos oitavos de final, impôs o suíço frente a Kei Nishikori. Pela primeira vez neste torneio viu-se um Roger Federer algo ansioso, e isso fez com que o nipónico conseguisse começar a partida com um parcial de 4-0 a seu favor. Federer conseguiu recuperar e levar o set para o tie-break. Acabou por perder o set, mas essa recuperação deu-lhe muita confiança para o resto do encontro. O suíço ganhou os dois sets seguintes e no quarto set o nipónico conseguiu evitar a derrota e levar o encontro para a partida decisiva, no qual Federer voou no court e acabou por vencer em 5 sets e qualificar-se para os quartos de final.

Nos quartos de final, o suíço encontrou pela frente a grande surpresa deste torneio, Mischa Zverev, alemão que eliminou nos oitavos de final o nº1 do mundo - Andy Murray. Contra Federer, o alemão não teve qualquer hipótese, tendo sido ‘corrido’ em três sets, em apenas 1 hora e 32 minutos. Foi bom para descansar de uma batalha de 5 sets contra Nishikori. A partir daqui, Federer era visto como o maior candidato a ganhar o torneio, devido à forma como jogava e a facilidade como se movia no court.

Nas meias finais, uma luta entre dois grandes amigos. Roger Federer contra Stan Wawrinka. Ainda dizem que os suíços são previsíveis! Mas que grande encontro! Federer domina por completo os dois primeiros sets, com ténis ao mais alto nível, onde aproveitou todo e qualquer erro do seu compatriota. Entre o segundo e o terceiro set, Wawrinka utilizou o seu ‘medical time-out’ e voltou ao court com o joelho direito ligado e completamente revigorado.

No terceiro set viu-se o verdadeiro ‘Stan the Man’ e isso pareceu ter afetado Federer que baixou imenso o seu rendimento, começando a cometer muitos erros diretos, e isso levou a que perdesse o 3º e 4º sets. Entre o quarto e o quinto sets foi a vez de Federer utilizar o seu ‘medical time-out’ e, tal como a Wawrinka, parece que lhe deu uma nova vida, tendo ganho o quinto e decisivo sem espinhas e a praticar um excelente ténis. Estava assim numa final de Grand Slam dois anos depois.

Avizinhava-se uma final que ficaria para a história do desporto mundial e que acabou por mostrar que valia a pena assistir desde o primeiro segundo.