Relação entre mulheres e esporte: o papel delas nas arquibancadas e nas cabines de imprensa
(Arte: Hugo Alves/VAVEL Brasil)

Hoje o meu texto vai ser diferente. Não vai ser sobre uma coletiva, uma venda de ingressos ou como foi tal partida. Hoje o meu foco é a mulher, aquela que frequenta os estádios ou os ginásios, seja na arquibancada ou na cabine de imprensa.

Foi com muita luta que a mulher conseguiu ter direito a voto, a trabalhar e a estudar. Nos dias atuais, as mulheres continuam lutando para que seus direitos sejam respeitados e, principalmente, que sejam iguais para todos. Nas redações isso não foi diferente.

No início do Jornalismo, a mulher era voltada especificamente para editorias consideradas femininas, como casa, moda e crianças. A editoria de esporte no Brasil era predominantemente masculina até 1962, quando Germana Garilli, se tornou a primeira mulher a exercer o papel de jornalista esportiva.

De lá para cá foram muitas jornalistas interessadas em esportes  surgindo, como Anna Zimmerman, Glenda Kozlowski, Fernanda Gentil e muito mais. Mas, junto a elas, veio o preconceito. Até hoje, infelizmente, é possível ouvir que o lugar da mulher é em casa e não fazendo matérias sobre esporte.

No Jornalismo Esportivo, principalmente no meio do futebol, é preciso dia após dia que a mulher prove que entende do assunto que está falando. E nas arquibancadas também é assim. “Você gosta mesmo? Então me fala aí a escalação do time da série D no ano de 1900 e lá vai bolinha”, essa frase já foi escutada por mulheres diversas vezes.

(Arte: Hugo Alves / VAVEL.com)

É possível observar que houve um aumento no número de mulheres presentes no estádio. Entretanto, ainda não estamos livres de muitos comentários preconceituosos. Em janeiro deste ano, as mulheres foram liberadas, na Arábia Saudita, a frequentarem os estádios. Antes, as torcedoras eram presas por frequentarem jogos. No Brasil, não somos presas por frequentar, mas somos “obrigadas” a ouvir muitos comentários pejorativos. O que, muitas vezes, nos prende em casa.

Frequento estádios, principalmente o Maracanã, desde os meus 12 anos de idade. Quando pequena não reparava nos olhares e comentários ao redor. Mas, hoje, dez anos depois, isso é algo que me incomoda. Frases como “vai pra estádio pra arrumar namorado”, “nem sabe a escalação do time”, “só vai para tirar foto” , “então me explica aí o que é impedimento” são constantemente ouvidas por nós. Nos gramados, as jornalistas escutam todos os tipos de comentários maldosos. Nós, mulheres que gostamos de esporte e/ou jornalistas, escutamos xingamentos apenas por um simples fato: ser mulher.

Como mulher, jornalista e frequentadora de estádios e ginásios, tenho um recado para você que ainda não começou, está começando ou já está há anos: sejamos fortes. E unidas! Todos os dias uma mulher precisa provar que gosta e entende de esporte. Se for preciso, provaremos dia após dia a nossa capacidade. Vai ter mulher sim! Vai ter muita mulher no jornalismo e no esporte! E é como diz o ditado brasileiro: “os incomodados que se mudem”.

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