A semana pré-clássico havia sido muito boa para o Boca Juniors com a vitória sobre o Corinthians na Libertadores e a retomada da confiança que havia ficado esquecida, graças às atuações insuficientes no Torneo Final e na segunda fase da Copa. O River Plate vivia a expectativa de seguir firme na corrida pela liderança, no encalço de Lanús e Newell’s Old Boys. Porém os times acabaram decepcionando, ficaram no 1 a 1 e se complicaram no 2º turno do Campeonato Argentino. Foi o 108º empate no maior clássico do futebol argentino, em 343 jogos.

River Plate começa o jogo em vantagem – mais que um gol relâmpago

Sem Riquelme e Clemente Rodríguez, Carlos Bianchi mandou a campo um time misto, utilizando muitos garotos da base. No entanto, mesmo com estes em campo, eles nada poderiam fazer, pois com menos de 1 minuto de jogo, Sánchez escapou pela direita e cruzou na cabeça de Manuel Lanzini, que desviou sem chances para Orión. 46 segundos de bola rolando e River Plate na frente, com o gol mais rápido nos mais de 100 anos de história do Superclásico.  A estratégia de Ramón Díaz mudava de propositiva para especulativa, apostando todas as fichas nos contra-ataques puxados sempre com muita velocidade por Lanzini e Iturbe.

O Boca Juniors deixou muitos espaços, se jogou à frente buscando o gol de empate, uma vez que sua situação no Torneo Final se complicava muito com a derrota. Sem contar que o time ainda não havia vencido em casa no campeonato, e precisava muito mudar esta situação. O River Plate poderia ter se aproveitado e dilatado o placar ainda nos 45 minutos iniciais. Não o fez. Iturbe incendiava o jogo, infernizando a defesa xeneize, e criava oportunidades que não eram aproveitadas. Faltava qualidade no penúltimo passe, o time insistia em não caprichar um pouquinho mais, parecendo levemente ansioso em matar o jogo de uma vez.

O Boca busca o empate – “quem não faz, leva”

Funes Mori testou Orión de longe, Iturbe foi travado na “hora H”. Mas a chance mais incrível perdida pelo River Plate foi pelos pés do uruguaio Carlos Sánchez, que recebeu na frente de Orión e tentou um tapinha por cima do goleiro. Mandou por cima da goleira. Aqui no Brasil há um técnico que diz que “a bola pune”, e a bola puniu o Millonario. 4 minutos após o gol perdido por Sánchez, o Boca Juniors conseguiu um raro espaço no ataque e a bola sobrou para Santiago Silva, que chutou de primeira, no canto direito de Barovero. Tínhamos 39 minutos jogados na etapa inicial e um injusto empate no placar.

A etapa complementar prometia fortes emoções, mas ficou só na promessa. O Boca Juniors buscou o ataque nos minutos iniciais, mas claramente faltava qualidade para furar a bem postada defesa do River Plate. O jogo vinha morno, aí a torcida do Boca resolveu dar as caras. La 12 começou a fazer um espetáculo pirotécnico tão bonito quanto assustador, e forçou Diego Ceballos (que substituiu Delfino, que saiu lesionado) a parar o cotejo por 10 minutos, sobretudo porque a torcida xeneize estendeu esta faixa, que ultrapassava o tamanho limite para faixas em estádios argentinos.

A bola voltou a rolar e praticamente não tivemos mais momentos dignos de nota. O jogo foi paralisado novamente após um rojão ser estourado próximo a Barovero. Fora isto, muita luta, correria e bolas alçadas às duas áreas, mas nada de chances claras de gol. Ainda houve tempo para a expulsão de Burdisso, no penúltimo lance do jogo. E assim terminou o primeiro Superclásico em La Bombonera depois da volta do River Plate à elite do futebol argentino, com um empate em 1 a 1 que poderia ter sido mais, muito mais, mas que ficou de bom tamanho para ambos os times.

Na sequência da competição, pela 13ª rodada, o River Plate, que segue na 3ª colocação (22 pontos, 4 atrás do líder Lanús), receberá o All Boys, às 20h30 do próximo domingo (12). Hoje o Millonario estaria classificado para a Copa Sul-Americana, no 2º semestre. Já o Boca Juniors vai ao Nuevo Gasómetro no sábado (11) enfrentar o San Lorenzo, às 16h15, em mais um confronto entre grandes do futebol da Argentina. Os xeneizes ocupam a 18ª colocação no Torneo Final, com 10 pontos, mas a prioridade em La Boca é, claramente, a Copa Libertadores da América.

Outros resultados da 12ª rodada

Godoy Cruz 3-0 Colón, gols de Óbolo (35’ 1T), Castellani (42’ 1T) e Sánchez (36’ 2T)
Quilmes 1-2 San Lorenzo, gols de Elizari (16’ 1T) para o Quilmes, Buffarini (3’ 2T) e Gonzalo Verón (16’ 2T) para o San Lorenzo
Unión/SJ 1-1 Belgrano, gols de Cavallaro (19’ 1T) para o Unión e Aveldaño (17’ 2T) para o Belgrano
Argentinos Juniors 1-2 Lanús, gols de Matías Martínez (36’ 2T) para o Argentinos e Silvio Romero (7’ 1T e 28’ 2T)
Racing Club 0-0 Vélez Sarsfield
Tigre 0-2 Independiente, gols de Adrián Fernández (8’ e 39’ 1T)

Ainda neste domingo (5) jogam Atletico Rafaela e San Martín/SJ, e na segunda-feira (6) teremos o All Boys contra o Estudiantes e o Arsenal recebendo o Newell’s Old Boys.