Decepção. Assim foi o ano do Criciúma, que iniciou a Série A com potencial para ser o melhor catarinense no certame. Mesmo com um grande investimento para contratações, o time não correspondeu dentro de campo, e amargou a lanterna da competição. O Tigre encerrou a campanha com o pior ataque, e precisa trabalhar para reconquistar a confiança do torcedor em 2015.

Antenor Angeloni, presidente do clube, não economizou na hora de trazer reforços e trouxe nomes conhecidos pela torcida, como Paulo Baier, Lucca, e Zé Carlos, artilheiro consagrado no time. Apesar do bom rendimento de Lucca, os dois veteranos não corresponderam e afundaram junto com o time. Mais atletas de renome nacional apareceram no decorrer do ano, e também não renderam o esperado. Cleber Santana, Souza, e Bruno Cortês são exemplos de atletas de alto investimento que não usaram todo o seu potencial.

Estadual e Copa do Brasil: prenúncio do fracasso

No Campeonato Estadual, o Carvoeiro conseguiu avançar de fase, mas não empolgou. A campanha foi irregular, marcada por altos e baixos, incluindo vitórias importantes sobre Figueirense e Chapecoense, mas também uma derrota para o Metropolitano e empate diante do Juventus de Jaraguá. Ao final do primeiro turno, a campanha foi de 4 vitórias, 4 empates e 1 derrota. A primeira troca de técnicos do ano aconteceu neste período. Em fevereiro, Ricardo Drubscky deixou o time e deu lugar a Caio Júnior, que conseguiu levar o time adiante na competição regional.

No quadrangular final, a situação se complicou e o Tigre não prosseguiu. Foram 6 jogos, e apenas 2 vitórias. Os classificados para a próxima fase foram Criciúma, Joinville e Metropolitano. O Criciúma perdeu todas as partidas, exceto contra o time blumenauense. O desempenho não foi suficiente e a equipe terminou na 3º colocação da segunda fase.

Contra o Verdão do Vale, foram vitórias por 1 a 0 fora de casa, e 4 a 0 dentro do Heriberto Hülse. A rivalidade entre os dois clubes cresceu devido a um gol irregular anotado por Paulo Baier, que repercutiu nacionalmente devido ao erro grosseiro do bandeirinha.

Na Copa do Brasil, o desempenho foi ainda pior e colocou o treinador Caio Júnior na corda bamba. No dia 19 de março, o Criciuma estreou contra o Londrina, sensação do Campeonato Paranaense daquele ano. Fora de casa, derrota por 2 a 0. No dia 10 de abril, em um Heriberto Hülse lotado, vitória por 2 a 1. O saldo de gols deu a vaga na próxima fase para os visitantes.

Copa Sul-Americana: mais uma eliminação precoce

O Tigre fez sua estreia oficial na segunda fase do torneio intercontinental, disputando a Sul-Americana paralelamente ao Campeonato Brasileiro. Esbarrou logo de cara com o São Paulo, que viria a ser vice-campeão. Ao contrário da Copa do Brasil, a eliminação na Sul-Americana foi suada, e o Criciúma esteve a ponto de passar de fase. No primeiro jogo, disputado na cidade de Criciúma, vitória por 2 a 1, com gols de Silvinho e Lucca. Alexandre Pato descontou para os visitantes.

O jogo de volta, no Morumbi, teve placar favorável ao tricolor paulista. Edson Silva e Kaká concretizaram os tentos que garantiram o tricolor na próxima etapa do torneio. Com placar agregado de 3 a 2, o Criciúma passou a disputar apenas o Campeonato Brasileiro.

25 rodadas no Z-4 culminam em rebaixamento precoce no Brasileirão

Logo no início do campeonato, a falta de sequência começou o time. Após duas rodadas sem vencer, houve a primeira troca no comando. Caio Júnior deu lugar a Wagner Lopes, que segurou seu cargo por mais tempo dentre os cinco treinadores que passaram pela equipe ao longo do ano.

Com um novo treinador, a situação não se reverteu, e logo no início do campeonato, veio a pesada goleada por 6 a 0 sofrida diante do Botafogo. Nos oito jogos seguintes, vieram apenas duas vitórias por 1 a 0, contra Coritiba e Chapecoense, dentro de casa. A má fase continuou, e o Criciúma engrenou uma sequência de nove jogos sem vitória. Entretanto, nesta sequência, conseguiram empates importantes contra Cruzeiro e São Paulo, que deram mais esperanças ao torcedor.

Na 17ª rodada – em meio à sequência de empates e derrotas – Wagner Lopes se despediu, dando espaço a Gilmar Dal Pozzo, ex-treinador da Chapecoense. A nova substituição no comando não surtiu efeito, e o clube afundou ainda mais na classificação. A zona de rebaixamento se tornou ainda mais onipresente no cotidiano dos torcedores criciumenses.

A última aposta foi Toninho Cecílio, contratado já ao final do campeonato brasileiro, quando o clube precisava de duas vitórias para seguir vivo na briga por uma vaga na elite. Ele teve apenas quatro jogos para trabalhar. Foram dois empates e duas derrotas, que terminaram de enterrar o time de uma vez por todas. Foram fracassos diante do Grêmio e do Corinthians, e empates contra o Sport e Flamengo.

As lesões foram determinantes para o fracasso. Jogadores importantes perderam a reta final do campeonato devido a lesões. Luiz se machucou na 21ª rodada, Silvinho na 24ª, e Roger Gaúcho na 26ª rodada.

O rebaixamento foi confirmado há duas rodadas antes do fim do campeonato. Raimundo Queiroz, diretor de futebol eleito naquele período, anunciou a dispensa de 13 jogadores, já pensando na reformulação do ano seguinte. Nas duas últimas rodadas, o time entrou em campo com um elenco formado por atletas das categorias de base.

Durante todo o campeonato, as derrotas fora de casa pesaram no resultado final. O Criciúma foi o único clube do Brasil a não vencer nenhuma partida no Brasileirão fora de seus domínios. Foram 12 derrotas longe de Criciúma, e apenas cinco pontos conquistados, em cinco empates.

Melhor jogo: Criciúma 3 x 0 Santos, 28ª rodada

Em casa, o Criciúma resolveu no jogo aéreo. Souza, Joílson e Lucca foram os autores dos gols que deixaram o Tigre na 18ª da rodada e afastaram o Peixe do G-4. Lucca foi o autor de duas assistências, e se consagrou melhor do jogo. A vitória contra o Santos foi um fio de esperança ao torcedor, pouco depois de o Criciúma superar uma dura sequência sem vencer.

Pior jogo: Criciúma 6 x 0 Botafogo, 4ª rodada

Logo no início do ano, o primeiro baque. No Maracanã, o Tigre foi atropelado pelo Botafogo pelo placar de 6 a 0, o maior revés da história da equipe no Brasileirão. Daniel marcou três vezes, Emerson Sheik fez dois gols, e Wallyson completou o marcador.

Decepções repatriadas

Fica difícil eleger o culpado pelo fracasso do Criciúma em 2014, já que inúmeros fatores são responsáveis pelo baixo rendimento. Mas a maior decepção, sem dúvidas, foi o armador Paulo Baier. Primeira contratação anunciada para o ano, a esperança era de que o craque repatriado fosse guiar o time. Entretanto, já em idade avançada, pouco pode fazer. Em 22 jogos, foram apenas quatro gols e duas assistências no Brasileirão.

Outro jogador de renome repatriado pelo Criciúma foi o centroavante Zé Carlos. Ídolo da torcida, o atacante é um dos grandes artilheiros da história do clube. Em 2014, atuou em nove partidas. Com rendimento abaixo do esperado, seu contrato foi rescindido ao final do ano, por mútuo acordo.

Prata da base é protagonista da campanha

O terceiro jogador repatriado por Angeloni foi Lucca. O jovem atacante é a principal promessa recente da base carvoeira, e em 2013 foi negociado com o Cruzeiro. Voltou na temporada seguinte para ser o principal jogador do time. Em 25 jogos, cinco gols e cinco assistências. As boas atuações atraíram a atenção de outros clubes, e agora Joinville e Atlético-PR sondam o jogador.

Meta para 2015 é o acesso

O Criciúma será o único catarinense na Série B de 2015, e obviamente a missão é o acesso. Entretanto, ao contrário das últimas temporadas, o prognóstico não é positivo para o time da terra do carvão. Antenor Angeloni, presidente do clube e grande empresário de Santa Catarina, já anunciou que deixará o cargo a disposição e não irá investir mais dinheiro das empresas na equipe.

Com isso, o time pode esperar um corte de gastos, e a presença constante de jogadores da base no time principal. A folha salarial será reduzida em relação à 2014, a receita gerada pela Série B é menor, e de acordo com as palavras do próprio mandatário da equipe, sem os sócios o clube passará o ano com as finanças no vermelho.

Ainda assim, caso a torcida compre a briga pela vaga na Série A do próximo ano, o Criciúma tem potencial para tentar brigar por uma vaga pela elite do campeonato brasileiro. A força da torcida já foi demonstrada na participação anterior da elite, e o Heriberto Hülse pode novamente se tornar um caldeirão.

Análise final

A segunda temporada consecutiva do Criciúma na Série A não foi o esperado pelo torcedor. Trocas de técnico, péssimo desempenho fora de casa, ataque ineficiente, lesões e às vezes até mesmo a falta de sorte prejudicaram o time no ano. O descenso foi condizente com o desempenho apresentado dentro de campo. Agora, a missão da diretoria é fazer as pazes com o torcedor, e voltar ao caminho de vitórias que colocou o time em evidência nos últimos anos.

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