Eram jogados 25 minutos do segundo tempo no estádio Camp Nou, o Barcelona vencia o Mallorca 5 a 0 pela 30ª rodada do campeonato espanhol. Tito Vilanova já havia definido sua substituição quando ao sair da bola pela linha lateral o estádio foi tomado por aplausos. Substituição no Barcelona. Gerard Piqué deixava o campo para o retorno de Eric Abidal aos gramados, o francês que não atuava desde 26 de fevereiro de 2012 por conta de um túmor no fígado era ovacionado por milhares de pessoas dentro e fora do estádio. Era o retorno de um grande. Entretanto, o post de hoje não é dedicado a contar a história de superação de Abidal, e sim, a sua importância tática que foi posta a prova desde sua ausência. 

"Abidal era e sempre foi o ponto de equilíbrio da defesa catalã."

Eric Sylvian Abidal, 33 anos, bicampeão europeu e mundial com o Barcelona sempre foi o exemplo de jogador que cumpria o seu papel. Com características defensivas mais presentes que as ofensivas, Abidal era e sempre foi o ponto de equilíbrio da defesa catalã. Era o responsável por controlar as subidas de Daniel Alves - seu companheiro de lateral - ao ataque e organizar a formação defensiva.  

Com a sua retirada dos gramados, a lateral esquerda caiu sob responsabilidade de Jordi Alba, o lateral espanhol com características muito mais ofensivas que as de Abidal. Muito se pergunta se a ausência de Abidal e a entrada de Alba teria colaborado para que a defesa do Barcelona se modificasse de tal forma que a antes elogiada competência defesiva da equipe, hoje, tenha se tornado um problema. Sim, colaborou. Mas não por culpa de Jordi Alba, e sim, de todo um esquema montado muito antes do mesmo chegar.
 
Em uma defesa formada por Daniel Alves, Piqué, Puyol e Abidal, as subidas do lateral brasileiro eram frequentes pois em caso de perda de bola, Abidal voltava para cumprir o terceiro zagueiro e organizar a defesa para o contra ataque. Com Alba, as coisas são diferentes. Pego como exemplo o segundo jogo da Copa do Rei de 2012 onde o Real Madrid venceu o Barcelona dentro do Camp Nou pelo placar de 3 a 1. Dois dos três gols madrilenhos saíram em contra-ataques formados após perdas de bola que encontraram uma defesa desorganizada e frágil. Puyol e Piqué não foram páreo para os contra ataques puxados por Dí María e Cristiano Ronaldo que selaram a eliminação catalã. 
 
Não crucifico Jordi Alba, pelo contrário, acredito que o garoto tenha muito potencial. Pela seleção espanhola as suas subidas ao ataque são destaque, na final da Eurocopa 2012 contra a Itália o seu gol foi marcado em consequência disso. Tanto Alba quanto Daniel Alves têm deficiências na marcação que obriga por muitas vezes Sergio Busquets a fazer o terceiro zagueiro. Entretanto, Xavi e Iniesta são obrigados a recuar para buscar jogo, dificultando o toque de bola. O Barcelona sentiu isso em 2012.
 
Finalizando, a volta de Eric Abidal aos campos é um motivo de orgulho para todos os desportistas. Em boa forma, Abidal é um pilar fundamental na equipe do Barcelona que tanto é elogiada e pode facilmente cogitar o retorno à condição de titular. Caso contrário, se a idade chegar e as condições físicas não permitirem a boa fluência de seu futebol, cabe a Jordi Alba a responsabilidade de adaptar-se ofensiva e defensivamente a esse esquema, evoluindo como lateral e contribuindo ao Barcelona da melhor maneira possível.