Conforme as rodadas da temporada 2013/2014 da Eredivisie iam passando, o Vitesse se mostrava, jogo após jogo, a grande sensação da competição nacional. Seu primeiro turno foi formidável. Derrotou adversários de peso, como Twente, Ajax (dentro da Amsterdam ArenA) e PSV Eindhoven - sendo esta vitória dentro do Philips Stadion e massacrante: 6 a 2 para cima dos Boerens.

Seus momentos de glória foram justamente entre as rodadas 13 e 17, bem no final do primeiro turno, quando terminou na liderança da competição. Foi o "campeão" da primeira metade da Eredivisie 2013/2014, se podemos chamar assim. Com o brasileiro Lucas Piazón inspirado, marcando diversos gols e distribuindo várias assistências, o objetivo da equipe - que no início era conquistar uma vaga direta na Europa League - foi ficando para trás, e o sonho de um possível título inédito começou a brotar na mente dos torcedores do time de Arnhem.

Mas o primeiro turno chegou ao fim. Os jogadores e a comissão técnica saíram para uma "pré-temporada" fora do gélido território holandês e foram para o Oriente Médio, mais precisamente se instalar no quente Emirados Árabes Unidos, para jogar uma série de amistosos, com o intuito de se "aquecer" para o segundo turno e se voltar com força para a briga pelo título.

O recomeço no campeonato nacional não foi como havia sido planejado no período fora de Arnhem. Voltou vencendo o Zwolle, por 2 a 1, fora de casa. Um resultado comum para quem queria lutar pelo título. Porém, depois deste jogo, o inferno começou.

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Foram mais cinco partidas, com três empates e duas derrotas. O Vitesse empatou com NEC Nijmegen, Feyenoord e ADO Den Haag, e perdeu para o AZ Alkmaar e Twente - este sendo concorrente direto pela briga do título. Ou era? Com os seguidos tropeços, o Ajax, comandado pelo inteligente tricampeão holandês Frank de Boer, se aproveitou das falhas do adversário e conseguiu abrir uma boa vantagem numérica para o time de Peter Bosz. O sonho do inédito prato de prata começou a ir para o ralo, mas ainda tinha uma vaga na Champions League para sonhar.

O Vitesse colocou a vaga na liga milionária como meta para sua temporada. Entendeu que era o que estava ao seu alcance - já que o Ajax dificilmente iria tropeçar tantas vezes seguidas - e passou a lutar pelo vice. Novamente focado, vieram três vitórias seguidas: contra Waalwijk, Roda e NAC Breda - os três, hoje, estão na parte baixa da tabela, junto com o NEC. Eram vitórias ilusórias para o torcedor aurinegro, vitórias obrigatórias que foram comemoradas como se o time tivesse se classificado para o mata-mata da UCL. Querendo ou não, o time tem elenco para concorrer na parte de cima da tabela, ainda mais com os empréstimos oriundos do Chelsea - o que reforça ainda mais a obrigação de ter vencido estes jogos.

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Após conquistar nove pontos nestas três partidas - e não convencer em nenhuma delas, o time de Bosz voltou para a dura realidade, a realidade totalmente oposta do primeiro turno: o caminho dos tropeços. Mais cinco jogos, só que agora dois empates (Heerenveen e Ajax - compreensíveis) e três derrotas (PSV Eindhoven, Groningen e Cambuur Leeuwarden - estes dois últimos absurdos).  Eram os jogos que definiriam qual seria o rumo do Vitesse na Eredivisie, e que acabaram definindo, só que da pior forma. Após a derrota para o Cambuur, neste sábado (11/4), a segunda meta, que era uma vaga na Champions League, fracassou. O Vitesse, com a derrota, não tem mais chances matemáticas de se classificar para a competição europeia. Isso porque, lá no início, no brilhante primeiro turno, o foco era vencer o campeonato, o foco era o título inédito da Eredivisie.

Muitos fatores podem ser atribuídos à este declínio impressionante do Vitesse. A falta de foco da equipe; a falta de experiência do elenco - que é muito jovem e não conseguiu lidar com a pressão de se manter no topo; os vários tropeços em casa - de seis jogos realizados no GelreDome, o Vitesse perdeu 14 pontos de 18 possíveis; e este, o principal: os reforços que vieram emprestados do Chelsea pararam de corresponder. Lembra de Lucas Piazón, citado lá no começo do texto como grande nome do Vitesse da temporada? Pois é. Foram 11 gols no primeiro turno e nenhum - zero gols - no segundo.

Perdeu espaço, hoje é banco e é uma das opções menos utilizadas por Peter Bosz entre os onze iniciais. Patrick van Aanholt, outro do Chelsea, não mostra mais a segurança do passado e pouco produziu, mas, por incrível que pareça, ainda foi melhor que Piazón - conseguiu marcar um gol no primeiro jogo do returno, aquele, contra o Zwolle, vencido fora de casa. Foi o gol da vitória da partida e o único grande feito de van Aanholt na segunda parte da temporada. E olha que nem atacante ele é.

A situação em Arnhem, que já estava ruim, conseguiu ficar ainda pior. Neste sábado (4) a Eredivisie chegou ao seu fim, e o pior (porém previsto) realmente aconteceu: o Vitesse, além de ter perdido o título e a vaga na Champions League, também perdeu uma vaga direta para a Europa League - foi superado, já no apagar das luzes, pelo PSV Eindhoven, aquele PSV que eles haviam goleado por 6 a 2 no primeiro turno da competição.

Nos playoffs, os aurinegros enfrentarão o Groningen, de Richairo Zivkovic, jovem promessa que reforçará o Ajax na próxima temporada. Ainda resta uma última chance de salvar a temporada. Será que a grande decepção da temporada decepcionará novamente?

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Sobre o autor
Bruno Secco
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