Seguindo a tradição dos outros tetracampeões, o quarto título germânico veio 24 anos depois do tri. Neste domingo (13), o Maracanã lotado foi palco da vitória da Alemanha por 1 a 0 sobre a Argentina, dando aos alemães a quarta Copa do Mundo de sua história. O gol, anotado por Mario Götze já na prorrogação, marca o sucesso de uma geração que passou por fracassos e se reinventou em busca da máxima glória.

A vitória só veio no segundo tempo da prorrogação, após uma truncada e dramática partida. O jogo, mais pegado no meio-campo, foi bem equilibrado entre as duas equipes, e o empate persistiu até os minutos finais. Com o triunfo, os alemães repetem as conquistas de 1954, 1974 e 1990. O título premia o sucesso da equipe de Joachim Löw, que se destacou pela extrema técnica e o forte conjunto: o gol, aos 113 minutos de jogo, veio dos pés de Götze, que entrou no segundo tempo da partida.

A partida teve um primeiro tempo bem aberto, com boas chances dos dois lados. Pela Argentina, as principais jogadas eram com Messi, que ganhava todas de Hummels e Höwedes pelo lado esquerdo. Mas foi Higuaín que teve as melhores chances contra Neuer: uma bola em que ele, totalmente livre, chutou para fora, e um gol marcado, mas bem anulado pela arbitragem.

A Alemanha, que começou com mais posse de bola mas não conseguia concluir a gol, melhorou muito a partir da entrada de Schürrle no lugar do lesionado Kramer (que já havia entrado em campo de surpresa, quando Khedira sentiu uma lesão no aquecimento). O camisa nove, ao lado de Thomas Müller, foram os principais jogadores germânicos, e viram o zagueiro Höwedes cabecer uma bola na trave já no fim da primeira etapa.

Na volta do intervalo, o jogo seguiu truncado, mas teve menos chances. Mais cansada, a Alemanha assistiu a Argentina correr mais e rondar sua área, mas tentou tirar o zero do placar em finalizações de Kroos e Götze, sem sucesso. No tempo normal, as defesas prevaleceram.

Cansados, os dois times fizeram um jogo mais pegado no meio-campo durante a prorrogação. Ainda assim, boas oportunidades apareceram para os dois lados, com Schürrle e Palacio. O árbitro italiano Nicola Rizzolli até perdeu um pouco do controle da partida no fim, mas, em geral, teve boa atuação. O gol do título foi marcado pelo camisa 19 nos últimos minutos da partida, em um belo lance: após cruzamento de Schürrle, dominou no peito para bater de primeira e vencer Romero.

Tudo isso para que o capitão Philipp Lahm erguesse a taça. Pela quarta vez na história, o mundo é alemão: e com muita justiça.

Em partida equilibrada, Argentina tem as melhores chances e Alemanha acerta a trave no fim

Pouco antes do início da partida, uma baixa importante para a Alemanha: Khedira sentiu uma lesão no aquecimento, sendo substituido por Kramer. Em campo, a primeira boa chance foi argentina, logo aos três minutos. A bola sobrou para Higuaín do lado direito da área: sem ângulo, o atacante bateu cruzado, para fora.

O jogo seguiu sem tantas chances de gol, até a melhor delas sair, de novo, do pé do centroavante argentino: falha incrível de Toni Kroos, que foi recuar a bola e não percebeu que Higuaín estava atrás da defesa germânica. O atacante, no entanto, não aproveitou a chance. Ao sair cara a cara com Neuer, bateu torto, perdendo uma grande chance.

A Alemanha, com mais posse de bola, não conseguia criar chances. Conseguindo dominar o meio-campo, a Nationalef pecava no último toque, e só assustou quando Schweinsteiger cruzou para a área, e Romero teve que espalmar. A jogada, no entanto, já estava parada após impedimento de Müller.

Aos 29, os hermanos até abriram o placar, mas o gol foi anulado. Messi deu ótimo passe para Lavezzi, sozinho na ponta esquerda, cruzar para Higuaín: o camisa nove hermano dessa vez balançou a rede, mas estava muito impedido.

Messi ganhou todas as jogadas de Höwedes na primeira etapa (Foto: Martin Rose/Getty Images)

Depois de muito rondar a área argentina, finalmente a Alemanha deu seu primeiro chute a gol. Müller escapou pela esquerda em contra-ataque e fez bom passe para Schurrle, que havia entrado no lugar de Kramer (o jogador sofreu uma pancada na cabeça), na entrada da área. O camisa nove bateu forte, obrigando Romero a fazer boa defesa. O árbitro italiano, porém, assinalou impedimento de Özil, que estava na frente do arqueiro argentino e dificultou a defesa.

Menos de cinco minutos depois, outra boa jogada argentina. Messi, mais uma vez, ganhou de Hummels pela esquerda e, pressionado por Neuer, deu um leve toque na lateral do goleiro. A bola porém ficou mais fácil para a defesa alemã, que afastou o perigo.

Aos 42, Mascherano errou a saída de bola. Em jogada veloz pela direita, Müller recebeu na entrada da área, tirou do zagueiro e rolou para Kroos, que bateu para Romero encaixar e salvar a Argentina.

Antes do fim do primeiro tempo, a melhor chance da partida: escanteio batido por Toni Kroos e Höwedes subiu firme, fazendo a bola explodir na trave esquerda de Romero. Na sobra, a bola ainda bateu em Müller, que estava impedido. A primeira etapa terminou logo após o susto argentino.

Romero salta para ficar com a bola (Foto: Mike Hewitt / Fifa)

Segundo tempo tem menos chances e empate persiste

A primeira substituição da Argentina foi feita no intervalo: Agüero entrou no lugar de Lavezzi. E os hermanos voltarma com tudo na primeira etapa: em dois minutos, três jogadas perigosas contra o gol de Neuer. A principal delas com Messi, que recebeu lindo passe de Pérez, e bateu de esquerda, cruzado, mas não acertou o alvo.

O jogo, truncado, tinha poucas chances efetivas de gol. Um lance polêmico aconteceu aos 11, quando Neuer saiu do gol para socar a bola para longe, e acabou acertando o joelho em Higuain. Os dois caíram, e o juiz italiano marcou falta a favor dos alemães. Aos 14, Lahm cruzou da direita e Klose cabeceou fraco para o chão, resultando em segura defesa de Romero.

Jogo foi truncado, como na dividida entre Neuer e Higuain (Foto: Shaun Botterill / Fifa)

A Argentina atacava pelas pontas e, aos 29 minutos, teve a jogada característica de Messi: pela esquerda, foi cortando para o meio até achar espaço para bater. No entanto, a defesa alemã não facilitou na marcação, e o camisa 10 argentino não teve ângulo para acertar o gol.

Já perto do final da partida, a Alemanha se lançou ao ataque, e mas, como no primeiro tempo, tinha dificuldade em finalizar. O time chegou a pedir pênalti de Mascherano em Müller, mas uma boa chance foi aos 36: Lahm tocou para Kroos sozinho, na entrada da área. O camisa 18 teve calma para pensar e preparar o chute, mas finalizou para fora, a esquerda de Romero.

O time sul-americano, com mais gás, dominou os últimos minutos da segunda etapa. Mesmo tendo jogado 120 minutos na semifinal e um dia depois da Alemanha, que jogou apenas 90, os argentinos esbanjavam fôlego, contra uma Alemanha visivelmente cansada. Mesmo assim, Götze teve chance aos 46, em contra-ataque, mas finalizou fraco, nas mãos de Romero. Assim, o tempo normal acabou em 0 a 0.

O camisa 10 argentino até tentou, mas as defesas se sobressairam no segundo tempo (Foto: Matthias Hangst/Getty Images)

Jogo truncado é decidido com gol de Götze

Logo no início da prorrogação, uma jogada incrível da Alemanha. Bola na esquerda, que sobrou para Schürrle bater forte, mas em cima de Romero. No contra-ataque, jogada em velocidade argentina e Boateng, destaque dos europeus, foi cirúrgico para afastar o perigo. Na sequência, Agüero teve chance de finalizar, mas bateu muito mal, com a bola indo para a linha lateral.

A melhor chance foi aos seis minutos: Palacio recebeu ótimo lançamento, mas a bola escapou no domínio e ele foi obrigado a tentar encobrir Neuer. A bola passou pelo goleiro alemão, mas passou a direita do gol. Os alemães ainda pediram um cartão vermelho para Mascherano, que já tinha amarelo, após dura falta em Schweinsteiger.

Agüero, que também já tinha amarelo, fez falta também no camisa 7 alemão, acertando a mão no rosto do meio-campista em uma dividida. Mais uma vez, nada de punição do árbitro. O jogo, que parecia caminhar para os pênaltis, teve sua definição aos oito minutos da segunda etapa. Boa jogada de Schürrle pela direita, e cruzamento para a área. A bola encontrou o peito de Mario Götze, que dominou perfeitamente e, caindo, bateu para tirar de Romero e abrir o placar.

Messi até tentou empatar o duelo em uma cobrança de falta no último minuto, mas não foi suficiente. A bola foi para fora, para confirmar o quarto título da Nationalef.

Götze bate para marcar o gol do título (Foto: Jamie McDonald/Getty Images)