O investimento na base rendeu frutos ao San Lorenzo, e um dos principais jogadores da equipe na vitoriosa trajetória europeia é justamente um garoto criado na base de Almagro. Trazido da Europa para o objetivo da inédita Copa Libertadores da América, Pablo "Pitu" Barrientos não demorou a voltar a se sentir em casa com a camisa rubroanil.

O estilo de jogo que o consagrou no futebol argentino e europeu são característicos de um bom meia de armação, mas jogando sempre pelos flancos. Principal articulador do time, é um dos responsáveis por deixar os atacantes na cara do gol. A finalização também é aguçada, como visto no jogo contra o Auckland City, pelas semifinais do Mundial de Clubes da Fifa.

Mesmo longe de casa, no Marrocos, o meia já deu o recado aos adversários da grande final deste sábado. “O futebol é o único esporte onde o pobre pode ganhar do rico”, alfinetou, sem medo do pesado investimento de Madrid.

Barrientos passou sete de seus onze anos de carreira profissional na Europa. Atuou por apenas dois clubes, ambos sem grande expressão nacional e continental. Intercalou as passagens no Velho Continente com voltas bem-sucedidas ao futebol da Argentina, seu país natal. Esta é sua terceira passagem pelo San Lorenzo. Em toda a sua história no time, tem apenas um título, justamente o mais importante da história do clube: o da Libertadores da América.

Início de destaque individual, mas ausência de títulos

Após dois anos nas categorias de base do Hurracán, Barrientos se transferiu para o time júnior do San Lorenzo. O estilo de jogo cerebral e ofensivo do meia caiu como uma luva para o Ciclón, e no mesmo ano, o jovem fez sua estreia oficial pelo clube adulto, no Apertura daquele ano. No time profissional, a ascenção também foi rápida.

Um ano depois, o atleta recebeu seu primeiro convite para compôr a Seleção Sub-20 da Argentina. Naquele ano foram 15 jogos com a malha da Seleção, e um total de seis gols. Entretanto, o desempenho não se repetiu pela equipe principal, e diante da forte concorrência do setor ofensivo do país, Barrientos foi chamado apenas uma vez, em 2008.

Em 2006, atingiu o máximo de protagonismo individual no San Lorenzo, apesar de não ter conquistado nenhum título. Aos 21 anos, foram mais de 70 jogos pelo Campeonato Argentino, e 7 gols. As atuações renderam o interesse de equipes da Europa, e quem levou o jovem foi o FC Moscou.

Barrientos alterna momentos de protagonismo com o banco de reservas

El Pitú foi um dos inúmeros jogadores sul-americanos que não vingaram na Europa. As lesões, que seriam sempre presentes na carreira do atleta, impediram seu crescimento no clube russo. Em duas temporadas, o argentino disputou apenas 33 partidas na Premier League Russa, e marcou seis gols.

O fraco desempenho lhe rendeu um empréstimo ao futebol argentino. De volta ao San Lorenzo, no meio da temporada 08/09, Barrientos reencontrou seu talento e marcou 9 gols em 21 partidas. Mais uma vez, um clube europeu decidiu investir no talento do atleta. Desta vez, foi uma das grandes ligas europeias: o retorno ao futebol argentino rendeu uma transferência ao Catania.

A primeira vista, a volta para o futebol europeu foi um novo fracasso. Barrientos foi contratado em 2009, mas se lesionou e estreou apenas no ano seguinte. Com dificuldades para recuperar a boaforma da temporada anterior, foi pouco aproveitado. No ano seguinte, foi novamente emprestado para seu país natal. Desta vez, o clube que o acolheu foi o Estudiantes. Pela equipe de La Plata, mais uma temporada com excelente aproveitamento: em nove jogos, marcou seis gols, e voltou com moral renovada para a Itália.

Em seu retorno, Barrientos se tornou peça-chave da equipe. Sob o comando de Vicenzo Montella, formou quarteto ofensivo com seus compatriotas Gonzalo Bergessio, Alejandro Gomez e Lucas Castro. O time siciliano conseguiu reverter os prognósticos de rebaixamento e, em sua primeira temporada, Barrientos anotou 4 gols em 27 partidas como titular.

Na temporada 2012/2013, o Catania foi sensação na Itália. O time bateu seu próprio recorde histórico, anotando 56 pontos em 38 partidas da Serie A, garatindo também a permanência na elite. Entretanto, a temporada seguinte seria negra: o elenco foi desmanchado, e Barrientos continuou na barca siciliana que acabou afundando para a Série B.

Em sua terceira passagem pelo Gasometro, Barrientos conquista a América

Pitu jogou seis meses na segundona, e foi procurado pela diretoria do San Lorenzo, que o enxergava como um jogador decisivo para as fases finais da Copa Libertadores da América.

O meia manifestou o desejo de voltar ao velho clube, concretizando um novo retorno. Os números são modestos na Libertadores: apenas uma assistência durante todo o torneio. Ainda assim, a confiança de todo o elenco cresceu, e os jogadores estão motivados para o jogo mais difícil de suas vidas.

No Mundial de Clubes, já tem um gol marcado e desempenha papel importante no esquema tático. Se sobressaiu sobretudo no complicado jogo contra o Auckland City, e aos 45 minutos do primeiro tempo, marcou o gol da equipe argentina.

Ficha do jogador

Nome: Pablo Cesar Barrientos

Data de nascimento: 17 de janeiro de 1985 (29 anos)

Altura e peso: 1,76m e 69kg

Gols pelo San Lorenzo: 18 gols em 107 jogos

Clubes:

San Lorenzo (ARG): 2003-2006

FC Moscou (RUS): 2006-2009

San Lorenzo (ARG): 2008-2009 (empréstimo)

Catania (ITA): 2009-2014

Estudiantes (ARG): 2011 (empréstimo)

San Lorenzo (ARG): 2014

Títulos pelo San Lorenzo:

Copa Libertadores da América: 2014