O Nice lidera a Ligue 1 após nove rodadas. A equipe sensação, onde joga o polêmico Mario Balotteli, vai desbancando o favorito Paris Sant-Germain que em temporadas anteriores liderou do inicio ao fim. Na equipe do sul da França há dois brasileiros: o zagueiro Dante e Dalbert Henrique, de Barra Mansa, no Rio de Janeiro.

Quem o assiste jogando no futebol europeu não imagina o que ele passou para chegar onde está. No futebol brasileiro, ele jogou na base do Flamengo e também no Fluminense. A passagem pelo Fla foi longa, participou de diversos competições pelo Rubro-Negro e não teve o contrato renovado após o termino do vínculo. No Flu as coisas não deram muito certo, portanto não ficou tanto tempo. Ele contou em entrevista exclusiva à VAVEL Brasil como encarou o 'não' de dois grandes clubes brasileiros.

"Não carrego mágoa alguma desses dois grandes clubes, referências no futebol brasileiro, mais a vida é assim. Entre altos e baixos temos que saber lidar com isso, fiquei muito feliz por ter essas oportunidades e isso me serviu como aprendizado para a vida. Minha cabeça está tranquila quanto a isso. Tento me apegar em minha esposa, minha família e principalmente em Deus", disse o ala esquerdo do OGC Nice.

Os meus primeiros passos no futebol foram exatamente em minha cidade, como todos os jovens hoje em dia que sonham em ser jogador de futebol. Comigo não foi diferente. Comecei nas escolinhas de futebol amador em Barra Mansa, quando fui levado para o Barra Mansa Futebol Clube. Disputei um campeonato carioca juvenil atuando pelo clube e assim fui me destacando. Subi para os juniores e tive meu primeiro contrato profissional no clube com 17 anos, dali tive passagem pelo Audax, estive no Fluminense, mas as coisas não deram muito certo então tive a oportunidade de atuar pelo Flamengo. Infelizmente ao fim do contrato o clube resolveu não renovar meu e entramos em acordo”, relatou o jogador de 23 anos.

Dalbert contou como foi feita a transição para a Europa: “Tive algumas propostas em Portugal, então acertei com os Acadêmicos de Viseu da segunda divisão de Portugal. No começo passei muitas dificuldades com adaptações com o frio, a distância da família e com as lesões musculares. Passei cinco meses na pior fase da minha carreira, no outro ano voltei bem para o Portugal. Consegui fazer uma excelente temporada e fui eleito o melhor lateral da Segunda Liga, alguns clubes grandes da Primeira Liga entraram na corrida para me contratarem. Assinei pelo Vitória Sport Clube (Vitória de Guimarães), fiz um bom campeonato e novamente alguns clubes de outros países da Europa tentaram me comprar. O Nice entrou em acordo com o clube e me compraram."

Titular absoluto do líder do Campeonato Francês, Dalbert citou as dificuldades vividas por um jogador longe de casa: “Na vida do futebol nada é fácil. Muitas vezes por conta da dificuldade dá aquela vontade de largar tudo e seguir outro rumo. Já tinha experiência em salários atrasados, passar frio e ainda ter as roupas de frio roubadas, ficar ilegal na Europa por conta de documentação. A distância da família é uma coisa que também é complicada, não é fácil lidar com isso.

Dalbert na vitória contra o Lorient por 2 a 1 (Foto: Alexandre Debbache/OGC Nice)

VAVEL BRASIL: Quem é sua referencia na posição? Um jogador que te inspire a jogar no passado e presente.

Dalbert: No passado foi o Roberto Carlos pela simplicidade de jogar. Hoje o Marcelo e o Alaba me inspiram pela ousadia dentro de campo.

VAVEL BRASIL: Nice é a grande surpresa da Ligue 1, um campeonato que ao longo dos anos teve a soberania do PSG. Qual o segredo da equipe que esta liderando a competição?

O segredo é acreditar no nosso trabalho e confiar em nossa capacidade. Podemos chegar longe e fazer história.

VAVEL BRASIL: No Nice joga um dos atacantes mais polemico do futebol atual, como é a convivência com o Balotelli?

O convívio é bem tranquilo, Mario Balotelli é uma boa pessoa e trata todos bem, ao contrario daquilo que a mídia faz dele. É um excelente jogador, de alto nível e acredito que ele possa dar a volta por cima em sua carreira.

VAVEL BRASIL: Qual o principal momento em sua carreira até aqui?

A estreia na Primeira Liga Portuguesa, em um clássico muito importante. Vitória Guimarães e Braga, ali foi o momento mais feliz da minha carreira.

VAVEL BRASIL: Qual a sua mensagem de incentivo para todos jovens que estão vivendo o sonho de se tornar um jogador profissional de futebol?

A mensagem que deixo para esses jovens é para nunca desistirem dos seus sonhos, mesmo com todas as dificuldades. Deus está vendo todos os esforços. Aproximem-se das suas famílias, apegue-se a quem o ama de verdade e coloque Deus na frente de todo o caminho. Confie no seu próprio potencial que os verdadeiros frutos futuramente aparecerão.

Dalbert é uma das armas do Nice pela esquerda (Foto: Alexandre Debbache/OGC Nice)