Figurinha carimbada em Mundiais de Clubes, o amador Auckland City chega a sua oitava participação tentando repetir 2014, quando foi o terceiro colocado, derrotando o Cruz Azul (MEX) nos pênaltis na disputa pelo posto. Para isto, o técnico espanhol Ramon Tribulietx leva para o Japão 12 atletas que conseguiram o importante resultado no Marrocos há dois anos.

Falando no elenco, o representante da Oceania, campeão em participações em Mundiais, apresenta um vasto grupo de atletas experientes. Sete estão acima dos 30 anos, incluindo Ivan Vicelich, de 40, que está desde 2010 no clube (depois de ter tido uma passagem anterior em 2008). O neozelandês de origens croatas, aliás, é auxiliar-técnico da equipe e só foi convocado devido a lesão de Yousif Al-Khalisy. Ele somente entrará em campo em caso de necessidade.

O problema mais sentido, porém, é de um jovem atleta. Com uma lesão no joelho, Te Atawhai Hudson-Wihongi, de 21 anos, não foi convocado. Foi um duro golpe para Tribulietx semanas antes de embarcar para o Japão, tendo em vista que ele depositava muita confiança no jogador. Hudson-Wihongi e o também meia Clayton Lewis são os únicos atletas do elenco que disputará o Mundial que estiveram na última convocação de Anthony Hudson para a seleção neozelandesa.

Antes do debute, os azuis-marinhos realizaram dois amistosos em Hong Kong, acumulando uma vitória por 4 a 1 sobre o Hong Kong Rangers, sexto colocado do campeonato nacional local, e um empate em 1 a 1 com o SC Sagamihara, equipe da terceira divisão japonesa.

Vaga

O sexto título consecutivo do Auckland City na OFC Champions League, o oitavo da história, veio de forma invicta. Em cinco jogos foram cinco vitórias, 16 gols marcados e somente quatro sofridos.

Os azuis-marinhos iniciaram a competição na fase de grupos, tendo pela frente o Amicale (Vanuatu), Solomon Warriors (Ilhas Salomão) e o Lae City Dwellers (Papua Nova Guiné). Apesar de somar três vitórias nos três jogos, o time da Nova Zelândia apresentou algumas dificuldades e conquistou os triunfos sempre abrindo o placar a partir do 2º tempo.

Na estreia diante do Solomon Warriors, o 4 a 0 começou a ser construído com um gol aos 9 do segundo tempo e, depois, com três gols nos últimos 20 minutos de jogo. Contra o Lae City Dwellers, o marcador foi aberto aos 20 da etapa final. Os papuásios empataram aos 41 e os neozelandeses só conseguiram a vitória aos 44. Já contra o Amicale, saiu atrás aos 24 da primeira etapa, empatou somente aos 26 do segundo tempo e virou aos 45. Aos 51, fechou em 3 a 1 com o português João Moreira, que foi o grande artilheiro da competição com cinco gols.

Na semifinal veio a vitória mais tranquila. Jogando em casa diante do Tefana (Polinésia Francesa), saiu na frente aos 7 minutos com Lea’alafa. Cedeu o empate três minutos depois, mas antes do intervalo abriu 4 a 1 com outro tento de Lea’alafa e dois de Clayton Lewis. Mesmo com um gol sofrido na etapa final, o Auckland avançou à decisão com um 4 a 2.

Na decisão, reedição da final passada contra o compatriota Wellington. Novamente deu Auckland. Diferente de 2014/2015, quando precisou da disputa por pênaltis para vencer, a equipe comandada por Ramon Tribulietx venceu por 3 a 0, novamente com Lea’alafa decidindo e marcando dois gols - Lewis fez o outro tento - confirmando o sexto título consecutivo.

O craque

Micah Lea’alafa é um personagem a parte nesta história do Auckland City. Além do clube neozelandês, o atacante de 25 anos divide atenções com a seleção de futsal de Ilhas Salomão. É isso mesmo que você leu. Ele já defendeu o país em duas edições de Copas do Mundo, incluindo a última na Colômbia, o que fez com que desfalcasse os neozelandeses por mais de um mês. Se não bastasse isso, ele também é cantor gospel.

Dentro de campo, Lea’alafa teve papel importante na conquista da OFC Champions League. Os quatro gols que marcou foram todos na semi e na final. Tal importância lhe rendeu a bola de ouro do torneio. Atua pelo lado do campo e é peça de confiança do treinador.

Fique de olho - Clayton Lewis

Com apenas 19 anos, Clayton Lewis é considerado uma das joias do futebol neozelandês. Precoce, o meia-atacante é titular absoluto do Auckland e vem sendo chamado constantemente para a seleção nacional. O meia canhoto também tem experiência com as seleções de base neozelandesas, inclusive sendo titular da equipe na boa campanha no Mundial Sub-20 de 2015, realizado na própria Nova Zelândia, quando só caiu para Portugal nas oitavas-de-final em um apertado 2 a 1. O jovem canhoto atua como winger pela direita, mas também pode fazer um papel mais centralizado dentro da equipe de Ramon Tribulietx.

Técnico - Ramon Tribulietx

Desde 2010 no clube, o espanhol Ramon Tribulietx já tem nome gravado na história do Auckland City. Com ele vieram as seis conquistas consecutivas da OFC Champions League, além de dois títulos do Campeonato Neozelandês.

Nascido em Barcelona, Tribulietx apresenta um modelo de jogo diferente do que é visto no time de maior força da cidade natal. O espanhol aposta principalmente na força de sua defesa e tem nos compatriotas grandes peças no setor. O goleiro Zubikarai, de 32 anos, é titular absoluto na meta, enquanto Ángel Berlanga, de 29, é peça firme no miolo de zaga e capitão da equipe. Até agora no Campeonato Neozelandês, onde é terceiro colocado, sofreu somente dois gols.

Recentemente, Tribulietx, que se divide entre o trabalho na Oceania e a família em Barcelona, foi cogitado a treinar a seleção da Nova Zelândia, mas a confederação local entendeu que não era a hora para que assumisse a equipe local. Sorte do Auckland, que o terá no banco em mais um mundial.