O líder de desarmes da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, com 49 intervenções e roubadas de bola, é um meia-armador. Contrariando a lógica, Oscar é um dos principais nomes do esquema defensivo brasileiro. A consequência é o sacrifício de suas funções ofensivas. Entretanto, sem Neymar, a torcida espera que o armador assuma maior protagonismo na linha de frente. Parte da torcida já critica a escalação do meia do Chelsea (ING) entre os titulares e questiona suas atuações. Apesar disso, a preocupação não existe.

A obediência tática e a entrega na marcação lhe renderam a confiança da comissão técnica e titularidade garantida. Para as críticas, o meia tem a resposta na ponta da língua: “Ajudo os volantes para deixar o Neymar e o Fred mais livres”, disse, após a vitória contra a Colômbia, onde novamente destacou-se pela postura defensiva. Na ocasião, o meia atuou mais recuado do que de costume e ajudou a anular James Rodríguez. Durante a partida, foram 12 desarmes e um chute a gol.

O único gol anotado por Oscar aconteceu na estreia do Brasil na Copa do Mundo, no jogo contra a Croácia, onde também distribuiu uma assistência. No jogo contra Camarões, um novo passe a gol. Em todas as suas outras aparições, o maestro passou em branco, alternando boas atuações com partidas apagadas. Muito se deve ao seu posicionamento: com Felipão, Oscar joga aberto pelas pontas e divide as subidas ao ataque com o apoio aos laterais. No Chelsea, atua pela faixa central do gramado como meia-armador.

Rafael França, editor-chefe do Chelsea Brasil, explicou as diferenças de posicionamento entre o Oscar do Chelsea e o Oscar da Seleção Brasileira.

"No Chelsea, ele é o meia central do 4-2-3-1 de José Mourinho e o principal homem no combate ao adversário na linha ofensiva dos Blues. Mourinho gosta de meias que tenham participação defensiva, que roubam muitas bolas. Essa foi uma das razões para Oscar ter se tornado titular e Juan Mata ter ido embora do time, por exemplo. Com a lesão de Neymar, a tendência é que Oscar volte à faixa central do meio de campo, mesmo que Felipão opte pela entrada de mais um volante. E, por consequência, a produção ofensiva deve aumentar", conclui Rafael, que ainda lembra do desgaste físico como limitador do potencial de Oscar. São duas temporadas sem férias atuando pelo Chelsea, o que compromete a atuação do pupilo de José Mourinho na Seleção Brasileira.

Contra a Alemanha, seu posicionamento pode mudar e Oscar pode voltar à faixa central do gramado, onde se sobressai como armador de jogadas. Sem as jogadas individuais do grande craque da equipe, a responsabilidade em cima do trio de meias aumenta. Hulk aberto pela esquerda, Oscar pelo centro, e o substituto de Neymar na direita, alimentando o centroavante Fred. Para o Camisa 11, é a chance de mostrar que ainda pode resolver as partidas - com gols e assistências ao invés das roubadas de bola.

As novas alternativas ofensivas de Felipão

Apesar do status de insubstituível, Felipão possui algumas alternativas no banco de reservas para substituir Neymar. As opções mais óbvias são Bernard ou Willian formando a linha de três meias do 4-2-3-1. As alterações não mudam a forma de jogar, mas a qualidade técnica dos envolvidos é expressivamente menor. Diante deste cenário, Felipão tem a possibilidade de alterar o esquema tático e promover a entrada de jogadores como Hernanes ou Ramires.

Willian larga na frente na disputa pelo posto de Neymar entre os titulares. Se destacou atuando como ponta-direita pelo Chelsea e aproveitou bem as oportunidades que teve durante a Copa do Mundo, saindo do banco de reservas. Pode ainda dividir a função de armação de jogadas com Oscar, companheiro de clube e seleção, diminuindo a pressão em cima do Camisa 11 e dando uma nova perspectiva ao meio de campo brasileiro. Bernard aparece como a segunda opção e, na teoria, sua entrada é a que mais preserva o estilo de jogo já praticado. O meia do Shakhtar apresenta características de jogo mais próximas à Neymar, como os dribles e a velocidade pelos flancos, embora a qualidade técnica seja bem menor.

Outra opção é promover a entrada de mais um volante e jogar no 4-1-4-1. Luiz Gustavo e Fernandinho podem receber a companhia de Ramires, Paulinho ou Hernanes para marcar os versáteis meias alemães. A única diferença entre ambos é o poder de marcação e saída de bola. Enquanto a entrada de Ramires ou Paulinho torna o time um pouco mais lento, Hernanes proporciona mais qualidade na saída de bola. Neste esquema, Hulk e Oscar cobrem as pontas - da mesma forma que já vêm fazendo ao longo da Copa.

Um terceiro esquema tático é o 3-5-2, com a presença de Henrique. O zagueiro tem a confiança de Felipão, mas não da torcida. Sua entrada permite maior poder de contenção e o jogo com laterais ofensivos. Por outro lado, Oscar seria o único meia da equipe, responsável único pela armação das jogadas, contando apenas com o apoio dos volantes. Não é o melhor cenário para o atleta, que ainda não mostrou suas credenciais ofensivas na Copa do Mundo.