A Associação Portuguesa de Desportos sempre foi tida como uma das principais equipes do estado de São Paulo. Sofrendo atualmente na Série C do Brasileirão e atravessando uma grave crise político-financeira, as glórias passadas da equipe passam a ser sempre lembradas de maneira vagas por alguns fãs de futebol e jornalistas, contudo, dificilmente se aprofunda as tantas histórias da época de ouro do time e a obra “Os Dez Mais da Portuguesa, de Jorge Nicola, desponta justamente para, de maneira bastante competente, trazer alguns detalhes sobre o glorioso passado lusitano.

A coleção “Ídolos Imortais” (ótima coleção por sinal) da Maquinária Editora tem como objetivo central rememorar craques dos mais tradicionais clubes do Brasil, porém tal coleção cumpre um papel ainda mais amplo ao fornecer detalhes precisos não apenas do lado pessoal dos  jogadores, mas também contar com ótimas histórias sobre títulos e jogos importantes dos clubes participantes da série.

Voltando ao caso específico do livro a respeito da Lusa. Torcedor da equipe, o jornalista Jorge Nicola soube sintetizar a histórias dos principais ídolos de seu clube do coração e, ao trazê-las à tona, viajou de maneira bem bacana por cada uma das principais gerações vitoriosas da Portuguesa. Assim, a pouco explorada história do clube ganha contornos bem interessante, principalmente sob a óptica do contexto futebolístico vivido por cada um dos dez craques escolhidos como personagens centrais do livro.

Os primeiros capítulos dedicados a Pinga, Djalma Santos, Brandãozinho e Julinho Botelinho trazem um teor relativamente épico e o leitor tem a oportunidade de conhecer uma época em que a Lusa era temida mundialmente, fato este, muitas vezes, pouco difundido na historiografia futebolística brasileira. Dentre tantos fatos legais, o que mais chama atenção é o fato da venda de Julinho para a Fiorentina na década de 50 ter se tornado a maior transação do futebol mundial até então – vale destacar que o dinheiro era tanto que permitiu a construção do Canindé.

Nos capítulos finais, as histórias de Ivair, Enéas, Dener e Zé Roberto denotam um tempo em que a Portuguesa era um celeiro de craques, sendo que as jovens promessas sempre ditassem resultados expressivos tanto em campeonatos estaduais como em nacionais, fazendo com que os lusos sempre ocupassem uma posição de destaque entre os outros clubes tradicionais.

São 155 páginas de ótimas memórias. Tendo suas glórias pertencentes a uma época em que o futebol guardava um romantismo maior, a história da Portuguesa é bastante rica e quem está disposto a conhecê-la, com certeza, não se decepcionará. Por essas e outras, “Os Dez Mais da Portuguesa” é ótimo, claro, para os torcedores lusitanos, mas é dotado de uma qualidade ainda maior para quem pouco conhece sobre o clube do Canindé.

Felipe Ferreira tem 18 anos e guarda um carinho especial pela literatura esportiva desde quando ganhou o “Manual de Esportes do Cascão” na sua infância. Na “Biblioteca Vavel”, busca compartilhar a experiência de suas leituras com o leitor da Vavel.