Concentrado e focado no que garante ser o grande trabalho de sua carreira, Tite foi apresentado no fim da tarde desta segunda-feira (20) como novo técnico da Seleção Brasileira. O treinador gaúcho iniciou sua passagem pelo comando do Brasil com entrevista coletiva na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), ao lado dos auxiliares Cleber Xavier e Matheus Bacchi, seu filho, e do novo coordenador de seleções, Edu Gaspar, que também estavam com ele no Corinthians.

Falando ativamente sobre desenvolver o trabalho do futebol brasileiro e levar seus valores para o comando da Seleção, Tite afirmou que inicia seu trabalho já nesta terça-feira, quando viaja para os Estados Unidos para acompanhar a Colômbia, um de seus primeiros desafios à frente da nova equipe, contra o Chile, na quarta-feira, pela Copa América Centenário. "O foco é a classificação para o mundial. Nós não estamos na zona [de classificação], e é fato real que pode, sim [ficar fora da Copa do Mundo]. O trabalho todo vai ser desenvolvido nesse sentido. Se você não aceitar as possibilidades, vai estar fugindo da realidade", avaliou. As próximas partidas do Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo são no início de setembro: dia 2 contra o Equador, fora de casa, e dia 6 contra a Colômbia. Atualmente, a Seleção está na sexta colocação, fora da zona de classificação para o mundial da Rússia.

Tite falou sobre a forma de trabalho que pretende implantar na Seleção Brasileira, e deu exemplos de características que usou nos últimos anos no Corinthians: triangulações, troca de passes, infriltrações e transição. O treinador afirmou que vai pedir aos clubes para acompanhar de perto os treinamentos para avaliar os atletas. "Faço um pedido para que os clubes me proporcionem um dia de treinamento, com os técnicos. Para eu poder conhecer o dia-a-dia, ouvir dos técnicos aquilo que é característica de seus atletas, como posso intervir, onde os jogadores podem render", disse. O novo comandante também falou muito sobre estudo e que vai basear seu trabalho na análise de desempenho dos atletas, setor muito elogiado em sua passagem pelo alvinegro.

A apresentação foi comandada pelo presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, que entregou ao treinador uma camisa com o nome de sua mãe, dona Ivone. Questionado sobre trabalhar com o dirigente, a quem pediu a saída do cargo meses atrás, Tite afirmou que treinar a Seleção é sua maneira de contribuir para melhorias na CBF -- há seis mses, Tite assinou um documento lançado pela ONG Atletas do Brasil e pelo movimento Bom Senso FC, que pedia a saída de Del Nero da presidência da entidade e eleições livres para a Confederação.

"O convite que me foi feito foi para ser técnico da Seleção Brasileira de futebol. Entendo que essa atribuição é a melhor maniera que tenho para contribuir. A minha contribuição para o futebol são com as ideias que já coloquei: transparência e democratização continuam como princípios meus. Não compete a mim julgar áreas políticas ou sociais", afirmou. "Quando houve o convite para a conversa, pedi autonomia para direcionar a busca pela excelênica do futebol. Autonomia para desenvolver o futebol como queremos, separar administração e campo", concluiu o novo comandante.

Aos 55 anos, Adenor Leonardo Bacchi assume a Seleção Brasileira praticamente como uma unanimidade. O treinador revelou que, ao fim da Copa do Mundo de 2014, esperou um convite da CBF -- na ocasião, a entidade preferiu a volta de Dunga. Com a demissão do ex-técnico, eliminado da Copa América Centenário dias atrás, Tite foi a primeira tentativa da Confederação. Em três passagens pelo Corinthians, foram dois Campeonatos Brasileiros, uma Copa Libertadores, um Mundial de Clubes, uma Recopa Sul-Americana e um Campeonato Paulista. Tite foi anunciado como novo técnico da Seleção apenas na tarde desta segunda, após os acertos contratuais enfim assinados, para o início de um novo ciclo em sua carreira.

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Sobre o autor
Caíque Toledo
Jornalista metido a entendedor de futebol, tênis, Formula 1 e futebol americano.