O estádio mais icônico do mundo será palco da final do torneio de futebol masculino das Olimpíadas. Neste sábado (20), o Brasil disputa a medalha de ouro da modalidade contra a Alemanha. Tanto o local, quanto o adversário estão gravados na história da nossa Seleção, consequentemente, do nosso povo e país.

A Seleção Olímpica Brasileira conquistou a vaga na final vencendo Honduras por 6 a 0 no Maracanã. A última vez que a Seleção venceu um adversário marcando 6 gols no Templo do Futebol antes de decidir um título no mesmo local, acabou perdendo para o Uruguai.

Em 1950, o Brasil goleou a Espanha por 6 a 1 no Maraca. Na decisão do quadrangular, perdemos para o Uruguai por 2 a 1 de virada. Como sabemos, nós brasileiros somos supersticiosos, acreditamos em números, eventos, coincidências, e nos apegamos a tudo para manter um pensamento positivo ou negativo.

Superstição é a crença baseada na ideia de que determinadas atitudes, números ou palavras trazem azar ou sorte. Pode ser pessoal, religiosa ou cultural.

Neste sábado estaremos diante de personagens marcantes de duas derrotas históricas. O local será o mesmo do fatídico último jogo do quadrangular da Copa de 1950. O adversário é o carrasco de 2014, o mesmo país que nos venceu por 7 a 1. A vitória alemã foi tamanha, que resolvemos dar paz aos que estiveram contra o Uruguai, tornando a semifinal da Copa de 2014 a maior derrota do Brasil.

Nós vivemos o futebol, respiramos esse esporte. O humor do sujeito no dia seguinte é definido pela vitória do seu time. A coincidência se repete para a final olímpica, vencemos Honduras pelo mesmo placar que vencemos a Espanha em 1950, no mesmo lugar. As coincidências levam a um novo episódio. Provavelmente não teremos um silêncio ensurdecedor, pois agora é comum ouvir vaias ao final de uma derrota. Mas a vitória pode significar um novo começo à Seleção Brasileira. É a vitória que não veio em 1950 e em 2014, já que não tivemos a oportunidade de jogar no Templo do Futebol na última Copa.

A esperança de ganhar o ouro olímpico foi alimentada no último ciclo. Perdemos para o México em Londres e o desejo só aumentou com a realização dos Jogos no Rio de Janeiro. Montamos uma estrutura especial para jogadores Sub-23, negociamos a vinda de jogadores junto a seus clubes, levamos a preparação a serio e chegamos como favoritos. Crescemos dentro da competição, a torcida voltou a olhar com mais amor.

Foto: Getty Images

Perder dentro do palco da Copa de 1950 e para o adversário da Copa de 2014 se tornará algo gigante na história do futebol brasileiro. Algo para ser lembrado pela eternidade. A junção de duas derrotas em uma maior, adiando mais uma vez um título inédito e marcando uma geração por essa derrota.

Mas não devemos nos apegar apenas a episódios ruins. Ganhamos as duas últimas finais que disputamos no Maracanã. O Brasil foi campeão da Copa América de 1989 vencendo o próprio Uruguai por 1 a 0, gol de Romário. Há pouco tempo, em 2013, conquistamos a Copa das Confederações em cima da Espanha com um sonoro 3 a 0.

A superstição futebolística é cultural. Assistir ao jogo do seu clube com a mesma camisa de sempre é normal. Sentar no mesmo lugar da arquibancada também. E se isso não for feito, o incomodo dura os 90 minutos e a culpa pela derrota cai toda em cima de você mesmo, que não fez aquilo que sempre faz. Chegou a hora de superar os fantasmas. A derrota para a Alemanha será o Maracanazzo dos novos tempos ou a vitória diante deles implicará no fim desse termo?