O ano de 2016 pode ser classificado como decepcionante para o Criciúma. Sem o histórico presidente Antenor Angeloni, que deixou o clube no término de 2015, o Tigre do Sul de Santa Catarina encontrou dificuldades na gestão de Jaime Dal Farra e passou mais uma temporada sem títulos e sem o acesso.

Em nível estadual, os carvoeiros tiveram bom primeiro turno no Campeonato Catarinense, mas desanimaram após as consecutivas derrotas para Figueirense e Guarani, sequer almejando o título. Já na Copa da Primeira Liga e na Copa do Brasil, eliminações precoces que mostraram o que viria pela frente na Série B.

Na segunda divisão, o Criciúma passou apenas quatro rodadas entre os times promovidos e ainda perdeu pontos tolos para os quatro rebaixados - somou apenas nove de 24 disputados. Tal irregularidade impediu que o Tigre sonhasse com o acesso e se contentasse com o 8º lugar.

A temporada de reconstrução, com nova presidência ainda ficou marcada pela venda de atletas importantes, como Róger Guedes, Ezequiel e Gustavo, que partiram para Palmeiras, Cruzeiro e Corinthians, respectivamente. Embora positivas para o caixa do clube, as negociações representaram perdas inestimáveis para o elenco, que não se remontou da maneira que poderia ser considerada ideal.

Fora de campo, a gestão Dal Farra deixou a desejar, com dispensas pouco explicadas e autonomia fora do comum para o técnico Roberto Cavalo. Além disso, a postura do presidente diante dos microfones deixava diversos torcedores desagradados, tendo em vista a constante mudança de discurso, ora pé no chão, ora otimista.

Somados a isso, os fracos resultados obtidos em 2016 deixam um enorme ponto de interrogação na cabeça do torcedor: afinal, qual será o futuro do Criciúma para 2017?

Melhor momento da temporada

Se houve algum momento durante a temporada em que o Tigre ao menos esteve entre os postulantes ao acesso foi entre a 25ª e a 30ª rodada. Neste período, o tricolor perdeu apenas para o Bahia e acumulou vitórias diante de Oeste, Brasil, Sampaio Corrêa, Tupi e Vila Nova. Aliás, frente paulistas, gaúchos e maranhenses, três vitórias consecutivas, feito inédito na temporada. Esta importante série fez com que deixasse a 12ª colocação e chegasse ao 7º posto, com 46 pontos, apenas dois atrás do Avaí, 4º colocado na época. Após este período, porém, os catarinenses emendaram cinco tropeços consecutivos e deram adeus a qualquer chance de promoção a elite.

Pior momento na temporada

O Criciúma foi derrotado pelo Avaí na Ressacada por 3 a 0 | Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS

A derrota por 3 a 0 diante do rival Avaí, na 24ª rodada, representou o período de maior turbulência do clube. Mais do que o tropeço em si, a atuação apática na Ressacada chamou a atenção. O técnico Roberto Cavalo passou a ser questionado com mais ênfase e teve permanência colocada em xeque. A torcida, impaciente, organizou protestos no jogo seguinte diante do Oeste, levando faixas contra os jogadores e a diretoria, e iniciou a partida em silêncio, esboçando algumas vaias. Mesmo se recuperando depois, a derrota em Florianópolis deixou feridas abertas no clube.

A grande mudança de 2016 para 2017

Mesmo com contrato vigente até o término de 2017, Roberto Cavalo optou por pedir demissão após alguns casos polêmicos extracampo. Quem chega para ocupar seu posto é outro ex-jogador, mas com menos rodagem na casamata: Deivid, ex-atacante consagrado de clubes como Santos, Corinthians e Cruzeiro, mas que como técnico trabalhou apenas na Raposa. Tendo boa parte do elenco permanecido e com uma diminuição no orçamento para o futebol, o treinador de 37 anos terá um árduo desafio pela frente.

Quem foi o destaque?

Dodi atuou na maioria das partidas durante o ano | Foto: Fernando Ribeiro/Criciúma E.C.

Em meio a negociações de jogadores destacados, um permaneceu e se sobressaiu aos demais: Douglas Moreira, o popular Dodi. O meio-campista de 20 anos foi tido por muitos como o jogador mais vital do Criciúma pela presença física na parte defensiva e no fôlego imposto no jogo de ataque. Dos 61 jogos no ano, participou de 53 e se notabilizou principalmente pelos desarmes. Segundo o Footstats, Dodi roubou 72 bolas durante a Série B, líder do Tigre no quesito. Da valiosa safra carvoeira, ele certamente é o próximo a entrar no radar de outros clubes.

Quem decepcionou?

Juninho fez apenas um gol e deu duas assistências na Série B | Foto: Fernando Ribeiro/Criciúma E.C.

Juninho chegou ao Criciúma na negociação que levou Róger Guedes ao Palmeiras. Em Santa Catarina, apareceu com status de destaque do Paulistão pelo Osasco Audax, como atleta cobiçado por equipes da Série A e que chegaria para ser titular. Porém, o que se viu no Sul foi pouco do que apresentou em São Paulo. Em 21 jogos, o meia de 21 anos foi titular em 15 e foi pouco aproveitado em outras partidas em que ficou no banco. No saldo geral, marcou apenas um gol e deu duas assistências. Muito pouco para quem foi considerado a principal contratação para a Série B.

Os treinadores

O Criciúma teve um ano atípico na questão envolvendo treinadores. O Tigre tem por tradição trocar de técnico com frequência, mas iniciou e terminou 2016 com o mesmo nome na casamata: Roberto Cavalo. Contratado no fim de 2015 para evitar o rebaixamento e conduzir o projeto do novo presidente Jaime Dal Farra, o campeão da Copa do Brasil como jogador em 1991 viveu intensos altos e baixos durante o ano. Conseguiu explorar ao máximo Gustavo, que estava escondido no clube, mas saiu em alta para o Corinthians, porém, não conseguiu fazer a equipe apresentar um futebol condizente com quem visava uma vaga na Série A. Os abusos em jogadas de bola parada e cruzamentos foram os principais pontos de críticas durante a temporada de 2016.

O que esperar para 2017?

Deivid chega para substituir Roberto Cavalo no Criciúma | Foto: Maurício Vieira/Light Press

O Criciúma tem pela frente um 2017 sombrio. Apesar de manter boa parte do elenco, a direção já comunicou que o orçamento para o departamento de futebol será reduzido na próxima temporada, o que se mostra um empecilho para o reforço no grupo. Além disso, no banco de reservas estará Deivid, técnico quase que de primeira viagem e que terá o desafio de reconduzir o Tigre para a primeira divisão. O novo treinador chegou falando que o clube não pode se conformar em passar tanto tempo na Série B, resta saber se as decisões tomadas pela direção fora de campo e pelo próprio Deivid dentro das quatro linhas serão condizentes com este discurso.