Fim de dezembro de 2016. Após várias negativas de treinadores, o Corinthians confirma Fábio Carille como seu novo técnico para 2017. O medo e o receio era enorme e muitos tratavam o novo comandante como tampão, durando até apenas o fim do Paulistão.

O que poucos esperavam era a sinergia entre técnico e elenco. O resultado mais próximo disso era a conquista irrepreensível do Paulistão, sem perder clássicos e massacrando a Ponte Preta na final. Após o fim do estadual, a dúvida agora é no Brasileiro, dizendo que o torneio traria uma dificuldade antes não vista e que o Paulista iludiria a Fiel.

Novamente, contra todos o prognósticos, Carille e seus comandados surpreenderam e fizeram um primeiro turno de Brasileirão beirando a perfeição. Seguindo com sua força tática, um padrão defensivo monstruoso e letal no ataque, o Corinthians fechou as primeiras 19 rodadas sem perder e lidera a competição com oito pontos na frente do vice, Grêmio. Veja abaixo a sequência corinthiana nesse turno.

Tropeço e força fora de casa

O campeão do mais forte estadual do Brasil entrava no Brasileiro com a dúvida daquilo que poderia fazer num torneio mais equilibrado. A estreia do Corinthians foi contra a Chapecoense numa noite de sábado em Itaquera. Toda a simbologia daquele jogo logo foi esquecida assim que o apito iniciou o jogo.

E o Timão, que havia vencido a Universidad de Chile dias antes, entrara nessa estreia esgotado. Ainda assim, tentou imprimir uma pressão forte e abriu o placar na primeira etapa com Jô. No entanto, diminuiu o ritmo e viu Pablo se contundir. Wellington Paulista empatou e trouxe a velha desconfiança ao time de Carille.

Nas rodadas seguintes, dois candidatos ao rebaixamento fora de casa. Contra Atlético-GO e Vitória, o Timão sofreu, mas venceu, aquilo que mais sabe fazer: ser letal, forte na defesa e deixando a Fiel com sofrimento acima da média. Mas os primeiros triunfos vieram e colocaram a equipe alvinegra na liderança.

Quando todos questionavam a tabela corinthiana, um clássico paulista jogava por terra teorias infundadas. Diante do Santos, em Itaquera, um segundo tempo perfeito e massacre diante de mais de 30 mil pessoas. O Corinthians somava dez pontos em doze disputados. Começo animador, mas que ainda poderia ser ilusório.

Na quinta rodada, novo confronto pesado: em São Januário, o Corinthians foi preciso e abriu 2 a 0 ainda no primeiro tempo, mas com menos de dois minutos da segunda etapa, Luis Fabiano empatou e trouxe o caldeirão novamente. Mas o frio e calculista time de Carille novamente brilhou e tratou de meter 5 a 2 em plena capital carioca.

Sequência pesada e vitoriosa

A moral corinthiana era alta, mas ainda tinha rivais no calcanhar e a expectativa de Flamengo e Palmeiras logo chegarem. E foi contra um arquirrival que o Timão enfrentou a sexta rodada e novamente se impôs. Com quase 40 mil pessoas em sua arena, o alvinegro até sofreu contra o São Paulo, mas seguiu seu caminho de invencibilidade no topo da tabela.

Ainda em Itaquera, o Corinthians recebia outra potência. O Cruzeiro montou um bom elenco e, com Mano Menezes no banco, entrava como um dos favoritos. Mas o que se viu foi um primeiro tempo ofensivo do Corinthians e Balbuena marcando o gol da vitória. No entanto, o sofrido que a equipe alvinegra passou no tempo final, poucas vezes viveu em 2017 até agora.

A sensação de sonho vivido pelo Corinthians era enorme. Desde o dia 19 de março sem perder, a equipe paulista novamente teria um desafio pesado pela frente: o Coritiba, na capital paranaense. E para esse jogo, os comandados de Fábio Carille encaravam um problema diferente. Uma confusão antes da partida, nos arredores do Couto Pereira, atrasou a chegada da equipe e afetou a concentração, como o próprio técnico ressaltou após o duelo. Só que o placar final sem gols não revela o enorme erro da arbitragem, que não validou gol de Jô nos minutos finais da partida. Com o empate, a distância do Grêmio para o Timão caiu.

Na nova rodada, o Bahia soava como um rival com potencial para complicar. O Corinthians se desenhava uma equipe mais defensiva e que pouco procurava o ataque. E realmente o jogo entrou num momento complicado, quando Gabriel foi expulso, mas o Timão contou com a Fiel para meter 3 a 0 e ir para a "primeira final" na liderança".

Quase na metade do primeiro turno, líder e vice se enfrentavam. No Sul do país, com mais de 50 mil pessoas, o Grêmio tentou furar o desfalcado Corinthians e assumir a liderança do Brasileiro. Com uma ótima atuação de Cássio, que até defendeu pênalti de Luan, e Paulo Roberto surpreendo a todos no ataque, o Timão venceu o tricolor com gol de Jádson e abriu margem na frente do campeonato.

Vitórias para moral e tropeços

O duelo contra o Grêmio, na 10ª rodada, encheu o Timão para o jogo seguinte, contra o misto do Botafogo. Jair Ventura seguiu sua proposta de um time bem desenhado taticamente e o que se viu em Itaquera foi um jogo extremamente complicado ao Corinthians. Mas Pedrinho, trunfo e xodó da base, entrou, chapelou três em um toque e Jô marcou após milagres de Gatito Fernandes.

A 12ª rodada aguardava a Ponte Preta, novamente em Itaquera. E a reedição da final do Paulista foi mais complicada que o previsto, mas o Timão logo abriu margem na frente do marcador, e ainda viu Cássio defender mais um pênalti, seu segundo no torneio. O Corinthians seguia invicto e tinha seu maior rival pela frente: o Palmeiras.

Noite de quarta-feira. Allianz Parque lotado. O Palmeiras queria ganhar a confiança e retomar o caminho na busca do título nacional. Com força máxima e a torcida à mil, o Verdão se desenhava favorito. O Corinthians estava na dele e Carille não mudou uma linha daquilo que vem treinando. Resultado, Guilherme Arana brilhou, sofreu pênalti, marcou o segundo e calou o estádio rival. A emblemática e justa vitória lavou a alma corinthiana.

A vitória contra o Palmeiras trouxe junto uma profecia de Renato Gaúcho: após jogo do Grêmio, o treinador disse que o líder "despencaria" na tabela. E ele, de certo modo, teve razão. Na 14ª e 15ª rodada, o alvinegro engatou sua sequência maior sem vitórias: dois empates, contra Atlético-PR e Avaí. Inclusive foi contra o Leão de Florianópolis que o Timão viu Pablo e Jadson se machucarem. Dois titulares importantes de fora do resto da primeira parte do Brasileiro.

Recordes e mais recordes

O ponto de interrogação sobre o que faria esse Corinthians nessa reta final de primeiro turno tinha o Maracanã como palco. E assim como em 2015, quando visitou o estádio para vencer o Flamengo, o Timão encarou o Fluminense e venceu com gol único. O sofrimento trouxe tranquilidade no topo do torneio e confiança da Fiel.

E a penúltima rodada foi de mais um clássico. Com mosaico, muita festa e um erro clamoroso da arbitragem o Timão apenas empatou contra o Flamengo. No entanto, o empate entre Grêmio e Santos garantiu o título simbólico do primeiro turno ao alvinegro de Parque São Jorge. Tranquilidade, mas ainda sabendo que tinha muito pela frente.

E o pesado fim de turno ainda reservou o Atlético-MG num cheio Mineirão. Novamente letal, cirúrgico e sem temer a pressão, o Corinthians venceu por 2 a 0 e mostrou a eficiência da equipe. Já na rodada final da primeira metade, uma atuação irrepreensível, com direito a mais gols que faltas. 3 a 1 no Sport e apenas duas faltas cometidas. Feito impressionante.

Agora, o Timão terá a pressão de nunca ter perdido um campeonato após vencer o turno. Além disso, o futebol, a invencibilidade e a consistência da equipe traz confiança à todos corinthianos. E o primeiro duelo será em casa contra o Vitória, que briga na zona de rebaixamento.