Maratona de jogos, muitos desfalques, um clube de investimento forte do outro lado, e o drama de fugir do rebaixamento sendo uma constante. O Ceará tinha inúmeros adversários e conseguiu superar quase todos. Na derrota por 1 a 0, diante do vice-líder e atual campeão brasileiro Palmeiras, a equipe do técnico Adilson Batista só não contava com a anulação de um gol legal e atuação inspiradíssima do goleiro Weverton. Com o revés, o time cearense segue com 33 pontos e a distância para o Fluminense, equipe 17ª colocada, cai para dois. Pode diminuir para apenas um ponto se o CSA vencer o Athletico-PR, na Arena da Baixada, em partida válida pelo complemento da 30ª rodada do Brasileirão. 

O Vovô vinha confiante após a vitória conquistada na última quarta-feira (30), na Arena Castelão, quando bateu o Fluminense por 2 a 0. Em que pese a força do Palmeiras em todos os sentidos, no primeiro turno, no Castelão, os cearenses foram responsáveis por encerrar uma longa invencibilidade do atual campeão brasileiro, quando triunfaram ante os paulistas pelo placar de 2 a 0, gols de Mateus Gonçalves e Leandro Carvalho

Desfalcado dos zagueiros Luiz Otávio e Tiago Alves, do lateral-esquerdo João Lucas, do volante William Oliveira, dos meia-atacantes Lima e Juninho Quixadá e do atacante Mateus Gonçalves, Adilson Batista foi obrigado a mexer na equipe e teve de recorrer a atletas pouco utilizados como Eduardo Brock, Auremir, Cristovam e Chico. 

Além disso, Ricardinho e Thiago Galhardo iniciaram no banco de reservas em função de desgaste físico pela sequência puxada de partidas. Desde a chegada de Adilson, no início de outubro, já foram oito jogos no espaço de 30 dias. 

Na saída do gramado, o lateral-direito Samuel Xavier, que parou no goleiro Weverton, reconheceu a grande partida do Ceará, elogiou o arqueiro palmeirense, que realizou inúmeras excelentes intervenções e ainda defendeu pênalti cobrado por Bergson, e manifestou sua opinião sobre o gol de Felipe Baxola anulado após revisão do VAR.

"A nossa equipe fez uma partida muito boa desde o primeiro tempo. O professor Adilson propôs um jogo de marcação forte e também tinha que jogar. Você vem no Allianz Parque e não pode ficar o tempo todo defendendo. A partida se definiu no grande goleiro que é o Weverton, de Seleção Brasileira, hoje fez grandes defesas, pegou uma bola minha que eu até pensei que tinha entrado. Infelizmente não conseguimos ao menos um ponto; acho que seria o resultado justo mas a gente volta para casa com a cabeça erguida e vamos fazer um grande jogo contra o Inter. Não sei se o Bergson estava tanto na linha assim para ele demorar nesse lance, achei que ele estava adiantado mesmo. Ele não explicou nada, mas achei que deveria ter sido um pouquinho mais rápido porque não acho que o lance era muito duvidoso", analisou. 

Após a derrota no Allianz Parque, o técnico Adilson Batista tratou de exaltar seus atletas e observou a organização de sua equipe mesmo com pouco tempo de trabalho desenvolvido e a maratona pesada de viagens e partidas.

"Evidente que saio chateado com o resultado, mas a gente sai com a cabeça erguida, consciente de que temos condições de alcançar o objetivo até em função dessa maratona, em 30 dias é o meu oitavo jogo e não dá tempo nem para treinar, então é recuperar fisicamente e trabalhar taticamente. Mas eu gostaria de agradecer, enaltecer o comportamento dos jogadores. Fomos valentes, corajosos, tivemos personalidade, foi um time organizado, que criou, se impôs quando tinha a bola e fico feliz com isso", comentou.

Acerca da estratégia traçada para enfrentar uma equipe do poderio como a do Palmeiras, recheada de boas alternativas, Adilson esmiuçou o planejamento e demonstrou satisfação com boa parte da execução.

"Cumprimos grande parte, o Palmeiras tem grandes jogadores, não queríamos que essa bola chegasse no Dudu, que essa bola entrasse por dentro no Zé Rafael, com Scarpa organizando. Eles tiveram duas ou três situações pelo lado do Mayke, mas jogamos com lateral-esquerdo improvisado, tem que agradecer ao Cristovam pela colaboração", disse.

Indagado acerca do gol de Felipe Baxola, anulado após as imagens serem checadas no VAR, Adilson Batista foi curto e grosso. "Eu vi o lance, mas não vou nem comentar", encerrou a questão. 

Sobrou para o "amigo internauta"

Antes de a bola rolar, via redes sociais, alguns torcedores criticaram de maneira efusiva a escalação inicial mandada a campo por Adilson Batista. Na coletiva, após a boa atuação mesmo saindo derrotado, o treinador não poupou os internautas e soltou o verbo.

"Não vou atrás de rede social; às vezes, não conhecem o jogador, não esperam para ver o sistema. O Chico eu vi jogar contra o Athletico-PR e jogou muito bem em Curitiba. Auremir eu conheço, já jogava lá no Paraná, cumpriu a função, se desgastou e saiu. Aos da rede social, aos entendidos, eu estou desde os 15 anos de idade no futebol, a gente sabe o porquê está fazendo as coisas. Tenho fisiologista que me passa as coisas, tenho preparador físico, a conversa com o atleta. Tivemos um desgaste muito grande no jogo contra o Fluminense. Nem tenho rede social, não escuto esse pessoal", disparou. 

O técnico paranaense prosseguiu e citou outros companheiros de profissão para sustentar seu "recado" aos internautas. 

"Tenho convicção naquilo que faço. Com 30 dias de trabalho, vejo um time organizado em campo. Jogamos bem contra o Grêmio, contra o Santos, jogamos hoje bem, contra o Vasco, vencemos o Bahia em Salvador. Não me iludo com internauta, os famosos entendidos, quem entende de futebol são os treinadores: Felipão; Mano Menezes; Vanderlei Luxemburgo; Jorge Jesus; Sampaoli; Roger Machado. Esses entendem de futebol", finalizou Batista. 

Agora, polêmicas deixadas de lado, o Vovô retorna para território cearense e se prepara para enfrentar o Internacional, na próxima quinta-feira (7), às 19h30, na Arena Castelão, em partida válida pela 31ª rodada. Depois, o Alvinegro de Porangabuçu terá como adversário nada mais nada menos que o seu maior rival e concorrente direto para fugir da degola, o Fortaleza, no domingo (10), às 19h, no Castelão, onde mais um Clássico-Rei abrilhantará o futebol brasileiro.