Há exatos 25 anos, o Atlético-MG escrevia uma das páginas mais emocionantes de sua história. Com raça e amor à camisa alvinegra, o Galo faturou a primeira edição da Copa Conmebol ao deixar para trás adversários dificílimos e passar pelo tradicional Olímpia-PAR na final. Confira conosco, na VAVEL Brasil, um pouco da trajetória atleticana, que colocou o primeiro troféu continental em sua extensa galeria.

Como foi criada a Copa Conmebol?

A Copa Conmebol foi criada pela Confederação Sul-Americana de Futebol, com a tentativa de ser um torneio inspirado na Copa da UEFA. Ou seja, um campeonato paralelo à Copa Libertadores da América, porém, com outros clubes bem colocados em campeonatos nacionais, exceto aqueles que foram campeões.

A forma de disputa era simples: mata-mata disputado em quatro fases. Quem eliminasse um a um seus adversários, ganhava o troféu de campeão da Copa Conmebol. Como prêmio, disputaria a Copa Ouro contra os campeões da Libertadores, Supercopa e Copa Master em 1993 - torneios criados pela Confederação Sul-Americana.

Atlético-MG disputa torneio Sul-Americano após 11 anos

A Copa Conmebol era a chance de várias equipes disputarem um torneio de importância continental, mesmo sem ter conquistado títulos nacionais ou disputado a Copa Libertadores da América em 1992.0

Em 1991, o Atlético foi terceiro colocado no Brasileirão e classificou-se para a Conmebol 1992 (Foto: Reprodução)

O Atlético se credenciou à disputa da Conmebol após ser terceiro colocado no Campeonato Brasileiro de 1991. Porém, a confiança do torcedor atleticano não aparentava ser tão grande, já que no Brasileirão de 1992, o Galo chegou a lutar contra o rebaixamento e sequer disputou a classificação para a próxima fase. Na Copa do Brasil de 92, o alvinegro parou nas oitavas de final para o Criciúma.

Para disputar a Copa Conmebol, Atlético promove mudanças

Após fracassar no primeiro semestre de 1992, a direção atleticana, comandada por Afonso Paulino, promoveu algumas mudanças no elenco alvinegro. Embora tenha mantido boa parte do grupo, outros jogadores deixaram o clube, como os atacantes Edu Lima, Edivaldo e Edmar, e o volante Zé Carlos. O Galo ainda trouxe jogadores menos conhecidos, como o meia Negrini, o atacante Vônei, e outros jogadores de clubes pequenos. Os cofres atleticanos estavam quase zerados.

Logo no começo da Copa Conmebol, a perda mais sentida ocorreu no banco de reservas. Vantuir Galdino, técnico responsável pela ascensão do Atlético na primeira fase do Brasileirão, deixou o clube após proposta do futebol árabe. Nome de consenso na diretoria atleticana, Procópio Cardozo foi convidado e aceitou o chamado.

Galo tem dificuldades, mas fatura título da Copa Conmebol

Logo de cara, o Atlético teve o Fluminense pela frente. Jogando em Juiz de Fora, em um domingo à tarde, o Galo perdeu por 2 a 1. Sérgio Araújo marcou o único gol alvinegro, que teve que decidir a classificação no Mineirão, precisando da vitória.

Jogando em casa, o Galo foi arrasador e goleou o tricolor carioca por 5 a 1. Moacir e Ailton, cada um com dois, além de Vônei, anotaram os gols alvinegros. O time mineiro seguiu na Conmebol encarando o Júnior de Barranquilla-COL. Contra os colombianos, o Atlético chegou a estar vencendo por 2 a 1, com dois gols de Ailton, mas não resistiu e cedeu o empate na primeira partida realizada na Colômbia. O Galo teve chance de resolver em casa.

Jogando no Mineirão, o Atlético não tomou conhecimento do Júnior-COL e venceu por 3 a 0. Ailton deixou sua marca novamente. Sérgio Araújo e Alfinete completaram o placar. O Galo, então, teve pela frente o El Nacional-EQU. Novamente começando a fase eliminatória fora de casa, os mineiros visitaram a capital equatoriana, Quito, para encarar o El Nacional. O time da casa aproveitou a altitude e o mando de campo para fazer o dever de casa bem feito. Anotou 1 a 0 no Atlético e seguiu para Belo Horizonte com a vantagem do empate.

No Mineirão, precisando vencer por dois gols de diferença, o Atlético entrou com tudo e não deu chances ao El Nacional. No primeiro tempo, Ailton abriu o placar. Na etapa final, o zagueiro Quiñonez marcou contra e deu a classificação para a decisão da Copa Conmebol ao Galo.

Atlético chega à final da Conmebol contra o Olímpia do Paraguai

O Atlético tinha cumprido uma parte bem complicada da Conmebol, porém, a decisão viria a ser ainda mais difícil. O adversário foi o Olímpia-PAR, vice-campeão da Libertadores de 1991, e que tinha jogadores qualificados, dentre eles, o goleiro argentino Goycochea.

Na primeira partida da decisão, o Atlético entrou sabendo das dificuldades e, principalmente, do adversário que teria pelo caminho. O Galo foi valente, soube marcar e atacar com qualidade e venceu por 2 a 0: dois gols do meia Negrini, um em cada tempo. O resultado poderia ser perigoso para uns, mas se tornaria suficiente para a partida de volta, em Assunção.

No jogo de volta, o adversário do Galo não era somente dentro de campo. Fora das quatro linhas, os torcedores paraguaios não aliviaram e pressionaram os atleticanos, com palavras hostis, até ataques pessoais, com direito a foguetes e pedradas. O que facilitou a pressão anfitriã foi o fato de a partida de volta, que estava marcada para o Estádio Defensores Del Chaco, passar para o acanhado Manuel Ferreira.

No dia 23 de setembro de 1992, o Atlético manteve a calma, não se deixou abater pela pressão, segurou a torcida adversária e o Olímpia dentro de campo. O empate sem gols já era uma realidade quando Caballero recebeu um lançamento, e, sem qualquer ângulo para arremate, encobriu João Leite e fez o único gol paraguaio. Não dava mais tempo, o árbitro uruguaio Ernesto Filippi apitou o fim do jogo, e o Galo se sagrou campeão da Copa Conmebol.