A manhã de sexta-feira (09) foi diferente no Brasil. Atípico, porque do outro lado do mundo, em Melbourne, na Austrália, a Seleção Brasileira encarava seu arquirrival naquilo que é o maior clássico do futebol mundial. Era manhã de Brasil e Argentina, mas pouca gente sabia.

Aqueles que acompanharam, viram duas seleções bem postadas, um jogo parelho, igual, disputado do começo ao fim, mas com os hermanos competentes quando tiveram a chance. Mercado, no final do primeiro tempo, marcou o único gol da partida, carimbando a estreia de Jorge Sampaoli e acabando com a série de invencibilidade de Tite no comando do Brasil.

Agora a Seleção se prepara para a segunda partida da série de amistosos na Oceania. Na próxima segunda-feira (12), os comandados de Tite encaram os donos da casa, a Austrália, fechando a Data-Fifa desse fim de temporada europeia.

Clássico nervoso e igual

Foram apenas alguns dias de trabalho de Jorge Sampaoli na frente da Argentina, o suficiente para deixar a seleção hermana com uma postura de jogo bem diferente daquela vista com o antecessor Edgardo Bauza. Bem postado taticamente, o time vizinho fechava os espaços na saída brasileira e era intenso no meio-campo.

Tite e seus comandados não deixavam por menos. Da mesma maneira que o rival, adiantava a marcação, aproximava com tabelas e triangulações curtas e essas trocas de passes quebravam as linhas de marcações argentinas. Coutinho e William davam ótimas opções à Gabriel Jesus e os espaços surgiam, mas por duas vezes, o Brasil deixou de abrir o placar.

Primeiro em escapada de William pela esquerda. O ponta avançou na diagonal, rolou pra Coutinho na direita, mas o camisa 11 preferiu fintar o goleiro Romero e deu tempo da zaga adversária travar e afastar o perigo. Pouco depois, lance bem parecido, mas agora foi o próprio William quem tentou fintar para o pé direito, novamente travado pela zaga.

Tão técnica e bem postada quanto o Brasil, a seleção argentina buscava muito o lado esquerdo, onde Di Maria encontrava Fagner sem apoio na marcação. No mano-a-mano, o jogador do PSG encontrava facilidades e mandou uma bola na trave, após passe de Messi em profundidade e chute quase sem ângulo. Messi era bem marcado, mas quando começou a surgir no jogo, mudou o cenário.

Mais próximo do meio do ataque, com Dybala apoiando, o melhor jogador do mundo chamou a criação argentina e distribuía as jogadas. Sempre pela esquerda, sempre com Di Maria, mas agora com Weverton fazendo boa defesa.

Preocupado com a marcação, Fagner pouco apoiava. Quando encontrou espaço e o Brasil trocou passes, o lateral foi boa válvula de escape, encontrando Renato Augusto, mas o meia bateu de primeira por cima do gol, sem perigo.

A igualdade no placar e no campo parecia mantida no intervalo, mas num escanteio curto pela esquerda, Biglia cruzou, a zaga deu bobeira, Otamendi testou no meio da área, a bola pegou na trave e Mercado pegou a sobra, em posição legal, pra balançar a rede. Festa dos poucos argentinos presentes no estádio. O lance deu ponto final na primeira etapa.

Gols perdidos e primeira derrota

Buscando um ataque mais veloz, Sampaoli mudou a Argentina logo no intervalo. No entanto, quem se ajustou foi o Brasil, que dominou a partida, voltou a encontrar espaços, mas novamente pecava na finalização.

Coutinho e William surgiam mais na criação brasileira. Mesmo com forte marcação, Gabriel Jesus se mexia e era opção aos passes. Além disso, dava possibilidades para entrada dos meias. Foi assim que Coutinho entrou pela esquerda, trouxe na diagonal, bateu firme, mas Paulinho deu uma de zagueiro e salvou o gol para Argentina.

A produção ofensiva brasileira era muito maior. Jogava bem, era intenso, vertical, mas com uma ponta de azar. Melhor para a Argentina, que viu a trave salvar o gol brasileiro por duas vezes no mesmo lance. Fernandinho meteu na medida pra Gabriel Jesus. O camisa 9 recebeu de frente, encarou Romero, driblou o goleiro, ficou de cara livre, bateu e carimbou a trave esquerda. Na volta, William sentou o pé e carimbou o poste direito

Melhor em campo, a Seleção dominou as ações, obrigando Sampaoli a mexer na equipe. Fazendo sua estreia e num misto de testar um time ideal e garantir o bom resultado, trocava peças, mas seguia pressionado pelo rival. Em ataque pela direita, William cruzou forte e Paulinho foi travado na pequena área. Na volta, Douglas Costa bateu e Romero pegou firme.

Tranquilo e usando o amistoso para testar e girar o elenco, Tite trocou peças e isso fez a Seleção perder um pouco do forte ritmo que imprimia. A Argentina cadenciava bem o duelo, travava bem no meio-campo e pouco incomodava a zaga brasileira. A seleção canarinha ainda tentou o tradicional abafa nos minutos finais, mas era dia do estreante Sampaoli, quebrando a invencibilidade de Tite à frente do Brasil.