Há quem tenha dito que a carreira de Diego Hypólito na ginástica havia acabado depois da decepções em 2008 e 2012. A pressão pelo ouro na Olimpíada de Pequim - quando o ginasta era o favorito a medalha e acabou caindo ao realizar sua prova - somada com o fracasso de uma nova queda em Londres-2012, fez o atleta entrar em depressão e ver sua trajetória no esporte declinar.

Diego sobreviveu a demissão do clube onde treinava, a distância da família e as críticas pela derrota. Em mais uma história de superação envolvendo o esporte, o brasileiro mostrou ser um gigante vencendo a depressão para conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos Rio-2016.

Por muitos anos Diego Hypólito foi considerado o nome da ginástica masculina brasileira. Bicampeão mundial, o atleta chegou a sua primeira final olímpica nos Jogos de Pequim-2008, após se classificar como primeiro colocado nas eliminatórias na prova de solo. Favorito, o brasileiro buscava a primeira medalha da história do país em Olimpíadas na modalidade. Contudo, no último movimento de sua apresentação, Diego se desequilibrou e sofreu uma queda, ficando de fora do pódio na ocasião. 

Na Olimpíada de Londres-2012, quatro anos depois, uma nova queda. Dessa vez, Diego caiu ainda na fase classificatória e ficou de fora da final. Sofrendo uma enxurrada de críticas, sua carreira então desmoronou. Logo após a derrota, o ginasta foi demitido do Flamengo, onde treinou por 19 anos. A demissão do clube carioca foi um choque muito grande. Longe da família e dos amigos, o esportista entrou em estado de depressão. Chegando a ser internado, ingeria remédios apenas para dormir.

Foi então que dona Geni foi em direção a São Paulo para ficar ao lado do filho. Contando com a força da família, o ginasta superou a doença. Mas não foi  nada fácil. Antes referência no esporte, Diego teve que treinar "de favor" no Pinheiros - clube paulista que cedia o ginásio para o atleta se preparar - Contratado pelo ASA, de São Bernardo do Campo, Diego Hypólito renasceu.

Apesar da fase não ser boa, Diego teve o que precisava. Com o apoio de seu técnico Fernando Lopes e seus companheiros no novo clube, voltou para a seleção brasileira. Ainda preterido, se viu escalado como segundo reserva para o mundial da China, em 2013. Quis o destino que o ginasta competisse. Por causa de uma lesão lombar, Pétrix Barbosa foi cortado da competição. Treinando forte, Hypólito viajou com a delegação. Duas horas antes de começar o torneio, veio a notícia. Após uma lesão no pé, Caio Souza não poderia mais se apresentar. Era a chance da redenção.

Diego Hypólito ajudou a seleção a passar para a final por equipes e se classificou para a finalíssima do solo no torneio. O ginasta conquistou o bronze e ali viu sua carreira renascer. Era a sua primeira medalha depois de todas as dificuldades superadas. Porém, não era o suficiente, faltava a "cereja do bolo". Era a olímpíada. Classificado para os jogos, queria mostrar que o principal trauma estava superado. Neste domingo (14), Diego colocou seu nome na história da ginástica olímpica e escreveu mais um capítulo de superação no esporte. 

Mostrando que estava preparado, o experiente ginasta de 30 anos fez uma apresentação na final do solo sem erros, e conquistou a medalha de prata. Na Olimpíada sediada em seu país, oito anos depois da primeira queda, Diego Hypólito realizou o feito que almejou tanto obter. Superando todas as adversidades, o ginasta mostrou porque é um gigante. Desta vez "caiu" em pé, e direto para o pódio. Provando que sempre foi um campeão.

Mesmo com toda a superação, o ginasta não quer parar no Rio. Aspirando disputar mais uma Olimpíada, Diego diz ter fôlego para estar em Tóquio-2020. Após sua primeira medalha olímpica na Rio-2016, pode apostar que ele vai em busca do ouro daqui a quatro anos em terras orientais.