Especial VAVEL: Torcidas LGBT sofrem com falta de espaço nas arquibancadas
(Foto: Editoria de arte/VAVEL.com)

Este é o quinto de sete especiais da VAVEL Brasil, com produção de Amanda Bogo, Gabriel Menezes, Marcello Neves, Mariana Sá e Mateus Schuler. Você já viu o texto sobre a "Relação e Inserção dos LGBTs no Esporte", "Ações de clubes contra a LGBTfobia", "Como os torcedores encaram o preconceito que ainda cerca o futebol?" e "Atletas que encararam o preconceito e se assumiram LGBTs".  Ao longo da semana, você poderá acompanhar outros textos relacionados ao assunto LGBTs no esporte.

Todo ano, agências de pesquisa fazem médias de torcedores de cada um dos grandes clubes brasileiros na Parada Gay em todos os estados. O índice, que não deveria gerar reações extremas, se torna motivo de brincadeira como se estar no topo fosse vergonhoso. Porque, mesmo com anos passando e tabus sendo quebrados, a luta contra a estereotipação LGBT ainda é tão difícil? A resposta disso está evidente nas arquibancadas.

Com a diminuição gradativa da tolerância à qualquer tipo de preconceito no futebol, o público LGBT vai perdendo, pouco a pouco, o medo de frequentar os estádios. Porém, mesmo com tantas torcidas organizadas presentes nas arquibancadas, o espaço ainda não é tão democrático quanto deveria.

Ao longo dos anos, foram feitas diversas tentativas de incluir ao cenário futebolístico brasileiro as torcidas gays. Pioneira no assunto, a Coligay viveu de 1977 a 1983, um breve espaço de tempo que marcou a história. Maior caso de sucesso, o grupo do Grêmio ganhou pouco a pouco seu espaço, mesmo em uma época de conservadorismo. Orientação sexual não ditava regras, já que todos eram bem-vindos à organizada mais animada dos jogos gremistas. Apesar da curta trajetória, até pelo preconceito de outras pessoas, a Coligay marcou uma série de esforços para conquistar o espaço dos homossexuais.

Outra tentativa marcante foi a Flagay, hostilizada desde sua criação. Com incentivo do presidente da época, Márcio Braga, e de outros torcedores, os rubro-negros não conseguiram resistir por muito tempo nas arquibancadas, apesar de nunca terem sofrido agressões dentro do estádio. Famoso caso também é o do Corinthians, que com a Gaivotas da Fiel tentou, sem sucesso, seu lugar após uma imagem de Emerson Sheik beijando um amigo em 2013, caso que gerou revolta em muitos corintianos.

Nos últimos anos, diversos movimentos criados nas mídias sociais surgiram na tentativa de acabar com esse estigma das torcidas LGBT presentes nos estádios. Grupos de Palmeiras, Atlético-MG, São Paulo e Botafogo ainda buscaram apoio, porém, apesar do alto número de apoiadores na internet, o medo pela violência e comentários agressivos acabaram finalizando qualquer expectativa de, um dia, entrar no estádio com a merecida liberdade.

Até aqui, foram cinco dias de reportagens tratando do delicado assunto. Segundo os últimos dados divulgados, um LGBT é assassinado a cada 28 horas, o que significa que, apenas no período de produção deste material, pelo menos quatro foram mortos. Quantos mais vamos perder para a violência e o preconceito, dentro e fora dos estádios?

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